Temer declarou na última semana que gostaria de ter como legado do seu governo a odiosa violação da aposentadoria de milhões de trabalhadores com a Reforma da Previdência, e se mostrou disposto a discutir com o vencedor da batalha eleitoral de outubro para tentar retomá-la nos seus últimos dias de presidente golpista.

Logo após essas declarações, apesar de oficialmente Bolsonaro negar tais movimentações, a reportagem de Camarotti do G1 aponta conversas com interlocutores de sua campanha, em que declaram disposição para adiantar um dos principais ataques aos trabalhadores.

Neste domingo, o próprio vice de Bolsonaro, Mourão, confirmou a reunião entre Paulo Guedes e o secretário de assunto estratégico de Temer, Hussein Kalout.

"Votar a reforma da Previdência esse ano daria tranquilidade para os primeiros meses de governo", declarou um dos integrantes ao G1. Uma de Bolsonaro conversar via “letra miúda” de sua campanha com o mercado, às escondidas do eleitorado, prometendo que ajustaria o mais cedo possível.

Paulo Guedes, o mentor econômico de Bolsonaro, formado pelos ultraneoliberais de Chicago, é principal via desse diálogo vide o seu papel em formular o programa econômico de um eventual governo Bolsonaro, onde a proposta é escravizar a classe trabalhadora em toda a linha. Declarou na terça passada que deseja ajudar Temer a aprovar a reforma da Previdência, com medo do rechaço popular que existiria para seu governo enfrentar esse ataque.

Ávido a que os trabalhadores passem ainda mais tempo de suas vidas sendo explorados, Temer sinaliza para o próximo governo a possibilidade de dar continuidade a agenda golpista o quanto antes. Apesar disso, disse que teria resistência caso a vitória fosse de Ciro Gomes (PDT) ou Fernando Haddad (PT), que criticam a reforma de Temer, ao mesmo tempo em que incluem partes terríveis nas suas próprias propostas de ataque a esse direito dos trabalhadores.

Mesmo Haddad, dito o “mais radical” e heterodoxo economicamente, está fazendo todo tipo de sinalizações ao mercado que aprovaria tal reforma e que respeita a responsabilidade fiscal com o roubo da dívida pública. O ortodoxo Paulo Guedes, por outro lado, está disposto a fazer do governo Bolsonaro a cara repressiva da mesma agenda escravista do governo Temer, ser a continuidade dos ataques a classe trabalhadora que as opções "ideiais" do mercado, como Alckmin, cada vez menos parecem ter chances de vencerem.