Depois de dizer que até os policiais deveriam dar “sua cota de sacrifício”, imediatamente Bolsonaro entrou em contato com o relator da reforma da previdência na Câmara, o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), para pressioná-lo a retirar os policiais das novas regras de aposentadoria. As forças da repressão saíram vitoriosas depois de serem retiradas das novas regras previdenciárias, e ainda receberam a garantia política do próprio governo que o ministro Paulo Guedes ficará quietinho sobre as alterações previstas das normas para os policiais. Na noite dessa terça, a pressão de Bolsonaro deu resultados, com deputados começando a formular uma nova regra de aposentadoria para os agentes policiais.

Quando se trata da reivindicação dos fardados, tanto dos policiais quanto das Forças Armadas, Bolsonaro baixa o tom e age rapidamente para defendê-los. O mesmo aconteceu com a proposta das mudanças previdenciárias para os militares em março desse ano. Ao invés de atacar os benefícios dessa categoria, o governo maquiou e no lugar implementou um plano de melhoria de carreira, que foi chamado de Sistema de Proteção Social das Forças Armadas, mantendo a integralidade da aposentadoria e aumentando apenas em 3% o aumento da contribuição das alíquotas previdenciárias e em 5 anos o período de transição para se aposentar. O projeto ainda recebeu críticas dos militares e Bolsonaro recuou em diversos pontos.

Enquanto isso, na mesma terça-feira (3), quando os policiais eram agraciados por Bolsonaro, na nova versão do relatório do deputado Samuel Moreira, na Comissão Especial da Câmara, as regras do cálculo que reduzem o valor das aposentadorias dos trabalhadores foram mantidas. De acordo com esses cálculos, um trabalhador deve trabalhar por 40 anos numa atividade formal (com carteira assinada) para receber a aposentadoria integral. Hoje em dia, o tempo para se aposentar sem desconto é de 30 anos completos numa atividade profissional formal.

Ou seja, quem continua pagando a conta da crise são os trabalhadores, ficando de fora do “sacrifício” os militares, policiais, juízes e capitalistas. Atores sociais que sustentam o governo Bolsonaro e seus ataques aos direitos históricos da classe trabalhadora e da população mais pobre. O PT e o PCdoB, a dita “oposição”, vem sendo coniventes com a aprovação da reforma. Os governadores do PT já até ofereceram a Davi Alcolumbre, presidente do Senado, o apoio à reforma da previdência em troca de receberem dinheiro da privatização do pré-sal.

Isso escancara como essa chamada “oposição” (PT, PCdoB e o PSB) não têm o objetivo de defender o futuro dos trabalhadores e da juventude, tal como se mostrou na "greve geral" do dia 14 de junho, em que as centrais sindicais como CUT e CTB, que são dirigidas por esses partidos, não construíram a paralisação nacional do dia 14 de junho como parte de um plano de luta para a derrotar a Reforma, enquanto UGT e Força Sindical boicotaram a paralisação.

O que os trabalhadores e a juventude precisam é se enfrentar de fato com Toffoli, Maia, Alcolumbre e o governo com seu projeto neoliberal e essa reforma que nos fará trabalhar até morrer, tomando nas mãos os rumos da mobilização, impondo aos sindicatos e centrais sindicais verdadeiros planos de luta e a construção do dia 12/07 pela base das assembleias de cada local de trabalho e estudo, batalhando pelo não pagamento da dívida pública, principal justificativa para a reforma, as privatizações e a entrega das nossas riquezas para os grandes empresários e imperialistas do mercado financeiro internacional.