Ato no Rio Grande do Sul mostra total indignação pela morte de João Alberto no supermercado Carrefour.
sábado 21 de novembro de 2020 | Edição do dia
Imagem: Ezequiela Scapini
No dia 19 de Novembro de 2020, um dia antes da data da Consciência Negra, em mais um ato racista e discriminatório, presenciamos o assassinato de João Alberto Silveira Freitas (Conhecido na cidade como nego Beto) . João estava realizando compras com sua família no supermercado Carrefour, na Zona Norte da Cidade de Porto Alegre (RS). Após desentendimentos com a fiscal de Caixa, João foi arrastado para o estacionamento do supermercado e espancado até a morte por um segurança do estabelecimento e por um policial Militar que estava fora do seu horário de serviço.
Leia mais em: Homem negro é assassinado por segurança e PM racistas no Carrefour em Porto Alegre
Sem dúvida, esse fato, que não é isolado dos casos que já noticiamos no Esquerda Diário, a exemplo do menino Miguel que foi negligenciado pela patroa da mãe, da menina Ágatha Felix morta por um disparo da polícia numa comunidade do Rio de Janeiro; Pedro Henrique estrangulado até a morte em um supermercado do Rio de Janeiro e do João Pedro assassinado pela polícia de Witzel no Rio de Janeiro, para citarmos alguns casos, é a cruel representação do racismo estrutural em nosso país.
Essa estrutura não ocorre apenas no Brasil, pelo contrário, o caso de George Floyd enforcado até a morte nos Estados Unidos demonstra que é um quadro que atinge diversos países e que é um fato concreto ligado a própria estrutura capitalista.
O assassinado de João Alberto em Porto Alegre vem tendo repercussão nacional, com diversas manifestações em todo o país. No local onde houve o assassinato ocorreram manifestações nos quais era nítido o repúdio ao ato racista praticado. Aos gritos de “Carrefour assassino” e “eu quero o fim da polícia militar”, milhares de pessoas pretas e brancas se uniram no ato e ocuparam a Avenida Plínio Brasil Milano, local onde fica a unidade do Carrefour Passo D’areia.
Fonte das imagens: Esquerda Diário.
Nesse ato houve a participação de diversas entidades, das quais destacamos organizações de bairro, figuras do movimento negro, família e amigo do João Alberto e a banda da torcida Farrapos São José, time tradicional de Porto alegre ao qual João era torcedor. O grau de revolta contra o racismo estrutural no ato foi materializado quando os manifestantes quebraram as grades e picharam o mercado com frases: “Carrefour racista” e “Carrefour assassino”.
Fonte das imagens: Esquerda Diário.
Enquanto isso, o braço repressor do Estado burguês, a polícia militar, estava dentro do estabelecimento para proteger a propriedade privada burguesa, e no pátio do estacionamento do mercado atirando bombas de efeito moral, gás lacrimogênio e balas de borracha. Em mais uma prática de agir em defesa dos interesses da burguesia a polícia militar atirou em jovens negros, no qual muitos deles ficaram feridos, e um jovem quase ficou cego com um tiro que atingiu seu supercílio.
Essas manifestações, que passam a tomar o Brasil, são um quadro exato de que precisamos lutar contra o racismo estrutural e entender que sua correlação com o capitalismo faz parte de uma totalidade. Não é por acaso que a polícia militar defenda a propriedade privada burguesa e ataque manifestantes. É necessário que essas manifestações tomem o Brasil e questionem a própria estrutura racista que vivenciamos no país.
Imagens: Luiza Castro/ Sul21
Mais tarde os manifestantes atearam fogo na entrada da loja em rechaço à repressão da PM, que reprimiu o ato por mais de uma hora:
Fonte das imagens: Esquerda Diário.