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CORONAVIRUS | Ritmo de testes prometido em SP ainda levaria 12 anos para testar o mínimo de infectados previsto

terça-feira 31 de março de 2020 | Edição do dia

A crise do Coronavirus no Brasil continua afetando cada âmbito da vida dos brasileiros. Em São Paulo as medidas tomadas pelo governador João Dória são para além de insuficientes no combate ao coronavírus e mais parecem orientadas a conter o máximo possível a crise de desgaste político do seu mandato enquanto na quarentena se confinam juntamente infetados e não infetados numa irracionalidade que só é superada pela linha negacionista de Bolsonaro.

Dória promete agora aumentar o ritmo dos testes de 2 mil para 3 mil por dia no 31/3 e 8 mil por dia a partir de 10/4 no estado de São Paulo. Isso no marco que a demora para ter o resultado dos exames já passa dos 15 dias podendo chegar a 1 mês . Hoje mais de 12 mil testes aguardam analise

O descalabro fica ainda mais evidente quando consideramos que o cenário inicial mais “pessimista” do governo era de contaminação de 10% da população do estado, que foi posteriormente atualizado em coletiva de Dória, em que David Uip incluiu o cenário de infecção de 20% da população do estado de SP; ou seja, até 9 milhões de casos em São Paulo. Com o ritmo atual de 2 mil testes por dia, levaria 12 anos para testar somente as pessoas que o governo prevê que podem se contaminar. Ainda assim, mesmo considerando esse ritmo quatro vezes maior que o atual, levaria 3 anos para testar essas pessoas, em um momento em que cada semana, ou mesmo dia, é a diferença para muitas vidas.

O ritmo é preocupante se considerarmos que segundo declarações do Ministério da Saúde para cada caso positivo é preciso fazer de 500 a 1 mil dependendo da velocidade e estágio da pandemia em cada local
O descalabro fica ainda mais evidente quando consideramos que o cenário inicial mais “pessimista” do governo era de contaminação de 10% da população do estado, que foi posteriormente atualizado em coletiva de Dória, em que David Uip afirmou "Nós trabalhamos com diversos cenários. O cenário de infecção de 1%, 5%, 10% até 20% (da população do estado de SP)"; ou seja, até 9 milhões de casos em São Paulo. Frente a isso perde até o sentido calcular o tempo necessário para que a testagem no ritmo atual fosse eficiente, levaria milênios. E o Ministro da Saúde apresentou projeção muito pior, de que metade de toda a população do país será infectada pelo vírus. E o restante do país testa ainda menos do que SP.

Esse é o cenário que está desenhado pelos governos para “conter” a crise do Coronavírus. A situação toma esses contornos trágicos pois as medidas implementadas pelos governos não afetam os lucros dos capitalistas em nenhum nível e a compra de novos testes está sujeita às regras do mercado. A mistura das quarentenas irracionais sem conseguir efetivamente discriminar quem tem o vírus e quem não junto com a pressão do bolsonarismo de negar a pandemia e um utópico retorno à normalidade deixa o destino da vida dos trabalhadores e do povo pobre à sorte (ou ao azar)

As empresas que continuam funcionando, produzem na sua maioria mercadorias que são inúteis e irrelevantes no combate ao vírus ao tempo que expõem a vida dos trabalhadores só no intuito de garantir a continuidade da acumulação de capital desses empresários. Outra história seria se os trabalhadores passassem a controlar tanto os rumos da produção em cada fábrica e local de trabalho como também da economia de conjunto guiada hoje pelo caos capitalista e sua sede por lucro que mostra sua falência e decadência no fato de liberar R$1,2 trilhão para os bancos cifra infinitamente maior da que a destinada para os trabalhadores autônomos e desempregados.

É preciso que seja implementado um plano emergencial de testes massivos num patamar muito superior do que implementado hoje. Testes massivos no conjunto da população do país para assim poder elaborar um plano para enfrentar a crise do coronavírus, com uma quarentena racional, podendo tomar decisões muito mais acertadas tendo um cenário muito mais preciso da evolução da doença em território brasileiro. Junto com isto numa situação tão critica como essa é preciso que a produção seja organizada para o que precisar ser feito no combate ao coronavírus. Assim, por exemplo, o fizeram os trabalhadores da fábrica sob controle operário de Madygraf na Argentina onde seus trabalhadores decidiram reorganizar a fábrica para produzir álcool gel que está em falta muitas vezes produto da especulação capitalista que estoca esse produto para poder especular.




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