×

Vitória na luta de classes | Pressionado pela luta dos trabalhadores, governo federal retira Trensurb do plano de privatizações

O anúncio da retirada da Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S.A. (Trensurb) do Programa Nacional de Desestatização (PND) pelo Governo Federal após a paralisação de 8 de maio é uma mostra da força da classe trabalhadora quando entra em ação contra os ataques dos capitalistas e seus governos. Uma vitória que serve de exemplo para enfrentar o neoliberal arcabouço fiscal de Lula e Haddad, bem como na luta pela revogação de todas as reformas e privatizações herdadas de Temer e Bolsonaro.

quarta-feira 31 de maio de 2023 | Edição do dia

Após um dia de paralisação da categoria, alguns atos em curso e um processo que mobilizou boa parte dos mais de 1000 metroviários do Trensurb contra a privatização e também retiradas de direitos dos trabalhadores, o governo federal teve que recuar e retirou a empresa da lista de privatizações em curso.

O contexto em que isso ocorreu é o seguinte. O governo Lula-Alckmin e o Congresso se encontram em uma acelerada ofensiva contra os trabalhadores, com o arcabouço fiscal neoliberal de Lula e Haddad, a CPI do MST e ataques nos temas ambientais e dos povos indígenas. No início do ano, vimos o Metrô de Belo Horizonte tendo sua privatização autorizada pelo governo Lula-Alckmin. Nesse momento também se encontram os trabalhadores do metrô de Recife lutando contra o processo de privatização da estatal e seguem acontecendo privatizações na Petrobrás, como das unidades do norte do Espírito Santos e agora do Rio Grande do Norte.

Debate | O PSOL não vai romper com governo do arcabouço neoliberal e que “deixa passar a boiada” contra indígenas e o meio ambiente?

Uma situação que, de conjunto, mostra que sem a luta da categoria a Trensurb não teria saído do Programa Nacional de Desestatização (PND), medida anunciada no dia 23 por Rui Costa (PT), ministro da Casa Civil, após a greve que paralisou a região metropolitana de Porto Alegre no início do mês, quando os metroviários gaúchos se mobilizaram contra a retirada do adicional de risco de vida do setor da segurança, pela saída da empresa do PND e pela troca da direção bolsonarista da empresa.

Retirar a estatal da fila da privatização não estava nos planos do Governo, como também não estava a luta dos trabalhadores. Tanto é que o próprio Rui Costa já havia dito: “Vamos modelar portos, aeroportos, projetos para atrair investimentos. Os que estavam prontos, como o metrô de Belo Horizonte, nós concordamos que ocorresse. Os outros, nós vamos ajustar a modelagem. Se é privatização, se é concessão, se é PPP, nós vamos identificar para cada projeto”. A frase foi dita no contexto da privatização do metrô de BH, articulada por Bolsonaro e Zema, e se relaciona bem com o caso da Trensurb. Com o mesmo vocabulário neoliberal dos governos anteriores, o objetivo de Lula 3 é "atrair investimentos" passando por cima dos trabalhadores, na linha dos compromissos que travou com a burguesia do país, como se vê em uma série de outras medidas como o Arcabouço Fiscal, a manutenção da reforma trabalhista e da previdência, os ministros bolsonaristas e pró CPI do MST, o apoio ao bolsonarista Arthur Lira, os ataques ambientais e contra os indígenas, entre outros que nem a mais elaborada demagogia é capaz de esconder.

No dia 16 de junho ocorrerá a assembleia de acionistas, onde devem ser indicados os nomes de Vanessa Rocha (do MDB de Sebastião Melo) e Fernando Marroni (PT) para o Conselho de Administração e a diretoria executiva, respectivamente. Assim, a perspectiva é que caia a atual direção bolsonarista da empresa. Porém, uma gestão petista não é novidade para os trabalhadores da Trensurb, que já viveram na pele anos de gestões similarmente comprometidas com interesses patronais, expandindo a terceirização, perseguindo e assediando trabalhadores. Como mostraram essas gestões anteriores, onde foram verdadeiros patrões, a incorporação do PT na próxima gestão não significa que a situação dos trabalhadores irá melhorar já que o PT com sua conciliação busca manter intactos os interesses dos acionistas privados das empresas e dos capitalistas em geral, como é o caso da Petrobrás e outras.

A luta dos trabalhadores da Trensurb foi vitoriosa, mas a necessidade de ampliar a organização ainda se mantém. As demandas da categoria seguem vigentes porque, embora a privatização tenha sido derrotada, avança a terceirização na Trensurb, além da necessidade de mais contratações e outras demandas. Nacionalmente, ataques como o arcabouço fiscal também colocam a possível necessidade de mais ajustes e do retorno da ameaça de privatização. Portanto, é necessário que o sindicato da categoria fortaleça a organização de base, com os trabalhadores na linha de frente de cada uma dessas demandas.

A conquista vinda da greve mostra que o caminho para a revogação das privatizações, reformas e demais ataques é a força da mobilização dos trabalhadores em unidade com os usuários, e para isso é preciso ganhar o conjunto da categoria para que tome essa luta nas próprias mãos, com medidas de auto-organização que permita a auto-atividade da categoria em luta, levantando a necessidade de uma Trensurb 100% estatal e controlada democraticamente pelos próprios metroviários em aliança com os usuários.

O Esquerda Diário e a Juventude Faísca estiveram presentes divulgando e fortalecendo a luta dos trabalhadores da Trensurb e seu piquete de greve, e nos colocamos à disposição dos metroviários para as próximas batalhas.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias