Valor total de R$ 690 milhões foi reduzido a R$ 55 milhões. Decisão foi feita pelo Ministério da Economia, comandado pelo milionário Paulo Guedes, e vai afetar principalmente bolsas científicas e o CNPq. Recursos foram realocados para outras pastas.
sexta-feira 8 de outubro de 2021 | Edição do dia
O negacionismo possui várias facetas. Se expressa nas barbaridades proferidas pelo presidente, nos boicotes à vacina e outras medidas de combate à pandemia, e também nos cortes milionários à produção científica. Paulo Guedes, não contente com seus milhões em offshores nas Ilhas Britânicas, agora corta a quase totalidade de recursos destinados a bolsas e o CNPq.
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Dos R$ 690 milhões totais, sobraram menos de 8% (apenas 55 milhões). Os 92% foram destinados a outros ministérios, como o Ministério de Desenvolvimento Regional, agraciado com R$ 150 milhões para ações de proteção e Defesa Civil na gestão de riscos e desastres, R$ 100 milhões para a integralização de cotas de moradia do Fundo de Arrendamento Residencial e R$ 2,2 milhões para obras de infraestrutura hídrica.
As bolsas foram cortadas a fim de manter apenas as despesas relacionadas à manutenção de radiofármacos.
A pandemia escancarou a importância ímpar da ciência para o país. O que o governo está fazendo com a produção do conhecimento serve a um projeto de fazenda imbecilizada do Brasil, onde o potencial intelectual, científico e tecnológico é reprimido em nome do trabalho precário, baixos salários, baixa capacitação, alta do dólar e grandes exportações do agronegócio.
A decisão foi feita nessa quinta-feira, 7 de outubro. Em nota, oito entidades científicas repudiaram a decisão: “A modificação do PLN 16, feita na última hora, no dia de hoje, pela Comissão Mista do Orçamento do Congresso Nacional, atendendo a ofício enviado ontem pelo Ministro da Economia, subtrai os recursos destinados a bolsas e apoio à pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações e impossibilita projetos já agendados pelo CNPq. É um golpe duro na ciência e na inovação, que prejudica o desenvolvimento nacional. E que caminha na direção contrária da Lei 177/2021, aprovada por ampla maioria pelo Congresso Nacional.”