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Escalada Militarista | OTAN inicia o maior exercício militar desde o fim da Guerra Fria

Operação Steadfast Defender 24 mobiliza cerca de 90 mil homens e mulheres de 32 países da OTAN, bem como 1.100 veículos blindados, incluindo 166 tanques de batalha. É uma mensagem para a Rússia e uma confirmação do rearmamento militarista do imperialismo europeu e da OTAN.

quarta-feira 20 de março | Edição do dia

O extremo norte da Noruega é atualmente palco de um exercício que mobiliza mais de 20 mil soldados. No meio da neve, ao lado de tanques que circulam no frio polar, homens e mulheres dos exércitos de 13 países diferentes da OTAN repassam o cenário de um conflito aberto no Círculo Polar Ártico.

Essa mobilização tem um motivo: o derretimento do gelo no Ártico, uma zona fronteiriça direta entre a OTAN e a Rússia, começa a expor mais de 1 bilião de dólares em matérias-primas (o que alimenta as ambições das burguesias das principais potências imperialistas) e pode ser o cenário para conflitos futuros.

O exercício, iniciado em Março, insere-se no contexto maior de exercícios militares realizados na Europa desde o final da Guerra Fria e aproxima-se, em termos numéricos, da Operação “Reforger” que, em 1988, mobilizou mais 125.000 soldados. A atual operação em grande escala, nas planícies da Polônia e da Noruega, denominada “Steadfast Defender 24” mobiliza mais de 90.000 soldados e 1.100 veículos blindados, apoiados por mais de 50 navios e 80 aeronaves.

Uma operação militar de dissuasão

Desde o lançamento da ofensiva russa na Ucrânia, a OTAN decidiu pôr fim a três décadas de desenvolvimento lento das suas forças militares. A aliança atlântica procura reafirmar o controle sobre a tradicional zona de influência da Rússia. “Destinado a reforçar os resultados do destacamento da OTAN, o Steadfast Defender é centrado na exigência de um treinamento defensivo e dissuasivo”, afirma o Ministério das Forças Armadas da França num comunicado de imprensa, sublinhando o interesse preventivo da operação, destinada a dissuadir Putin e os líderes russos de cruzarem uma “linha vermelha” atacando um país membro da Aliança.

A Rússia, que nunca aparece mencionada nos comunicados de imprensa da OTAN, surge como o verdadeiro alvo da demonstração de força atlântica, como demonstra, por exemplo, a operação "Dragão 24", durante a qual as tropas terão que avançar mais rápido em direção à fronteira entre a Polônia e a Bielorrússia: um movimento lógico de tropas caso Moscou tome o corredor Suwalki, um corredor de 85 quilômetros que separa a Bielorrússia do enclave russo de Kaliningrado e que constitui um ponto estratégico para os interesses militares russos.

Preparando a “opinião pública” para a batalha

Além de preparar os exércitos dos países membros da OTAN para um possível conflito com a Rússia, e da função dissuasora da operação, o “Steadfast Defender 24” cumpre outra função: ganhar uma base social para a possibilidade de um conflito generalizado no continente europeu. Portanto, a operação insere-se num contexto mais amplo de militarização, em que a hipótese de uma guerra em grande escala deve ser aceitável para as populações afetadas.

Prova disso é o exagero militarista demonstrado pelos líderes dos países membros da Aliança, incluindo a Alemanha, que, depois de aumentar o seu orçamento militar após o início conflito ucraniano, está considerando a possibilidade de restabelecer o serviço militar obrigatório. Quanto à França, Emmanuel Macron tentou posicionar-se como o líder dos partidários da escalada da guerra, afirmando em diversas ocasiões que não excluía a possibilidade de enviar tropas para o terreno ucraniano e de assinar um acordo bilateral com a Ucrânia em 16 de fevereiro.

Esta é uma escalada militarista que deve ser combatida e denunciada com urgência. Qualquer que seja o resultado da guerra na Ucrânia, a Europa já se tornou mais uma vez uma região perigosa e altamente militarizada, onde poderão eclodir conflitos de alta intensidade. É também isso o que nos alerta o maior exercício militar da OTAN desde o fim da Guerra Fria.




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