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Argentina | Ex-candidato do kirchnerismo, Scioli ataca a paralisação na Argentina e diz que quem quer trabalhar está sendo feito de refém

Daniel Scioli, o ex-candidato presidencial da Cristina Kirchner através da Frente pela Vitória em 2015, e hoje secretário de Meio Ambiente, Turismo e Esportes de Milei, esteve bem ativo nas mídias nos últimos dias, se manifestando pedindo a aprovação dos ataques da Lei de Bases. Não satisfeito com isso, esta quarta-feira usou o canal TN para atacar a greve nacional que esta quinta-feira é encabeçada pela classe trabalhadora contra os planos de austeridade do governo de Javier Milei.

quinta-feira 9 de maio | Edição do dia

Na TV, ele disse que "há liberdade de expressão, de greve, de imprensa e também liberdade de extorsão", em referência à greve desta quinta-feira. "Muitos sindicalistas não concordam com essa greve, tenho certeza", disse.

"Há pressão sobre o governo porque cinco meses depois de tomar posse é a segunda greve geral. São as pessoas que se prejudicam. As pessoas que querem ir trabalhar ficam reféns porque não há transporte amanhã [hoje]. O empresário que tem que colocar sua indústria em funcionamento também. A greve não é de 24 horas porque tem efeito na infraestrutura industrial por mais de 24 horas."

Da mesma forma, Scioli considerou que "não é o momento" de realizar a greve. "O presidente avançou em seu contrato eleitoral, diante de uma mudança que começa a ter resultados."

O dirigente também não poupou elogios ao seu novo chefe, definindo-o como "um homem de grande tenacidade, força mental e espiritual, determinação, coragem e valor". Além disso, comparou-se a ele no suposto workaholism: "Ele chegou a ser desqualificado como viciado. Ele é um viciado como eu. Viciado em trabalho, honrando a responsabilidade e o apoio que o povo lhe deu e fazendo o país avançar".

Mesmo com tudo isso colocado, líderes do peronismo ainda insistem que em 2015 foi muito bom que Scoli fosse candidato, o definindo como um “mal menor” contra Macri.

A vitória de Milei foi pavimentada pelo longo movimento de conciliação dos anos anteriores. Anos de ataque e o descarregamento da crise nas costas dos trabalhadores argentinos geraram tamanha desilusão que a aparente alternativa colocada por Milei tornou-se uma opção. Vale lembrar os desejos de “sorte e êxito” feitos por Lula a Milei após as eleições, o que escancara ainda mais a prioridade da conciliação: estabilização da “ordem democrática” e o pacifismo na política institucional ante a defesa dos direitos dos trabalhadores e povos oprimidos.

No Brasil, vimos recentemente os efeitos de desmobilização ensejados pela frente ampla. No 1º de maio, data histórica de rememoração da luta dos trabalhadores, o que se deu foi um ato esvaziado e melancólico.

Os recentes ataques a classe trabalhadora, como o Arcabouço Fiscal, a manutenção das reformas golpistas e o convite a inimigos diretos dos trabalhadores como Tarcísio de Freitas, Ricardo Nunes, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, ajudam a explicar o fiasco do evento. Além disso, a insatisfação dos trabalhadores com a burocracia sindical que tenta frear a luta e negociar seus direitos, como ocorreu no Ceará, é mais um fator a ser elencado. É preciso resgatar os exemplos históricos de luta dessa data e retomar seu sentido combativo.

A conciliação de classes mostra, mundialmente, seu poderio em frear a luta da classe trabalhadora e abrir espaço para a extrema direita. É preciso construir alternativas de luta independentes dos governos e das burocracias sindicais, que sejam verdadeiramente comprometidas com a classe trabalhadora e com o combate aos próximos ataques sendo deflagrados.




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