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Solidariedade Internacional | Polícia de Nova Iorque reprime estudantes de Columbia e ocupa o campus

Depois de um confronto de semanas entre os estudantes que protestavam na Universidade de Columbia e administração, a reitoria da universidade chamou a polícia ao campus e solicitou que ocupassem a universidade pelo resto do semestre.

quinta-feira 2 de maio | Edição do dia
Uma coluna de policiais com equipamento de choque chega à Universidade de Columbia. Foto: Bing Guan para o The New York Times.

Um exército de policiais com equipamentos de choque entrou na Universidade de Columbia para reprimir os protestos estudantis contra o genocídio em Gaza. A administração da Columbia convocou a polícia para retomar o edifício Hamilton Hall depois que os manifestantes começaram uma ocupação e para desalojar o Acampamento de Solidariedade com Gaza pela segunda vez.

Antes da invasão policial, os estudantes receberam uma ordem para "permanecerem no local” informando-os que, se saíssem de onde estavam, seriam presos. Essa ordem veio um dia depois do campus ter sido fechado para todos, exceto estudantes residentes e funcionários essenciais, bloqueando o tipo de demonstração de solidariedade vista na semana passada, quando 1.000 estudantes se mobilizaram antes de uma possível operação policial.

De acordo com estudantes de jornalismo da emissora WKCR, os jornalistas também não foram autorizados a acompanhar o que a polícia fazia em Hamilton Hall, pelo que ainda não se sabe que nível de brutalidade foi desencadeado contra os estudantes. O WKCR também relatou ter visto alguém inconsciente no chão após o início da operação e que os alunos estavam barricados nos dormitórios. Mais de uma hora após a desocupação, os estudantes ainda não tinham permissão para deixar os prédios onde estavam, segundo o WKCR.

Esse ataque a estudantes marcou a segunda vez em semanas que a reitoria de Columbia chamou a polícia ao campus. Como aponta o Columbia Students for Justice in Palestine [Estudantes de Columbia por Justiça na Palestina], essa última repressão também ocorreu no aniversário da repressão policial à ocupação estudantil de 1968, contra a guerra no Vietnã. Enquanto o ataque a Columbia ocorria, a polícia de Nova York também atacava um protesto em frente ao Acampamento de Solidariedade à Gaza do City College [CUNY], outra universidade a cerca de 20 quarteirões de Columbia.

A reitora da Universidade de Columbia, Minouche Shafik, solicitou a presença da polícia no campus até 17 de maio, após o fim do semestre. Portanto, enquanto os alunos permanecerem no campus neste semestre, haverá policiais no campus. Isso representa nada menos do que uma militarização da universidade em resposta aos protestos estudantis. Seu objetivo é impedir que os protestos continuem, servindo como uma barreira para qualquer futura organização estudantil.

Shafik recebeu cobertura para desencadear essa nova onda de repressão mentindo sobre a presença de “agitadores profissionais” supostamente responsáveis ​​pela ocupação do Hamilton Hall. Esse argumento foi veiculado pela mídia ao longo do dia e citado pelo prefeito e pelo comissário de polícia. Essa estrutura retórica é uma reminiscência dos insultos usados ​​durante o BLM para desacreditar os protestos e serve para separar os manifestantes estudantis do resto do corpo discente.

O ataque aos estudantes de Columbia é um ataque ao direito de protesto nos Estados Unidos. O fato de a polícia poder agora ocupar os campi durante semanas é um sinal dos métodos autoritários que estão sendo usados ​​para esmagar o movimento anti-genocídio e que serão usados ​​para esmagar lutas futuras. É preciso lutar contra isso com todas as forças e exigir que todas as acusações sejam retiradas, todas as suspensões revogadas e que os policiais sejam banidos do campus.

Apesar da operação, na noite seguinte à desocupação manifestantes se concentraram em frente ao Hamilton Hall cantando palavras de ordem contra a repressão e a violência sionista, inclusive projetando "Hind’s Hall Forever" [Salão da Hind para Sempre], nome com o qual rebatizaram o prédio em homenagem a uma menina palestina morta por Israel.

Agora, mais do que nunca, frente à imensa repressão por parte das universidades e do Estado, os estudantes norte-americanos devem se defender com os punhos fechados. É urgente toda a solidariedade internacional e a unidade do movimento estudantil com o movimento operário para lutar pela Palestina e defender o direito de protesto.




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