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1 ano do 8J | A conciliação com golpistas, judiciário e militares fortalece a extrema direita, é a nossa luta independente que pode enfrentá-los

O ato 8J de 2024, organizado pelo governo federal é uma celebração de uma conjuntural estabilidade do regime político conquistada pela frente ampla encabeçada por Lula-Alckmin a partir da conciliação com o autoritarismo, os militares, o judiciário e a direita. Essa conciliação abre espaço à extrema direita, que segue ativa inclusive com setores dentro do governo federal, e como parte do regime brasileiro, enquanto os agentes e verdadeiros responsáveis pelas ações golpistas do 8J de 2023 seguem impunes.

segunda-feira 8 de janeiro | 20:38

O ato intitulado “Democracia Inabalada” que está sendo promovido pelas forças do governo federal de Lula junto com as instituições mais reacionárias do Estado brasileiro, como o judiciário, partidos e políticos da direita, com apoio das direções dos movimentos sociais e partidos de esquerda, conforme explicamos nesse artigo, é mais um episódio da conciliação de classes que protege os elementos mais antidemocráticos do regime brasileiro e a herança econômica de reformas e ataques impostos desde o golpe institucional de 2016, por Temer e Bolsonaro.

Ao contrário de combater a extrema direita, a conciliação de classes pavimenta o caminho para a anistia dos principais agentes do golpismo bolsonarista. Prova disto é que um ano após os eventos escandalosos do 8J de 2023, onde setores importantes das forças armadas brasileiras colocaram-se ao lado das manifestações bolsonaristas que invadiram o Palácio do Planalto, e fizeram as instituições brasileiras ditas democráticas passarem vergonha internacionalmente, os articuladores dessa ação, especialmente da alta cúpula de militares, segue anônima e impune.

O governo de conciliação de classes dirigido por Lula-Alckmin e o PT, representa os acordos firmados com a tutela do partido democrata norte-americano, unindo petistas, as principais direções dos movimentos sociais e sindicatos, com banqueiros da FEBRABAN, patrões da FIESP, e o judiciário, bastião do racismo brasileiro, no emblemático dia 11 de agosto de 2022. Este pacto pela estabilização do degradado regime político pós-golpe de 2016, que agora é celebrado neste dia 8J, é o responsável não apenas por deixar intocados os principais agentes golpistas de 2016, mas também as obras econômicas do golpe institucional e o legado do bolsonarismo. Assim, são mantidas a reforma trabalhista, reforma da previdência, reforma do ensino médio, cortes de orçamento em todos os setores sociais, privatizações, etc. A continuidade disso é o ataque histórico aos povos originários brasileiros, atacando seu direito à terra com o Marco Temporal e favorecendo os interesses do agronegócio.

Essa grande conciliação que compactua para preservar os poderes adquiridos pelo judiciário, agronegócio, militares, as igrejas evangélicas e o grande capital imperialista nos últimos anos, ao contrário de enfraquecer a extrema direita, na realidade a institucionalizou e permitiu com que adentrasse ao regime brasileiro, fazendo parte do que hoje é defendido no 8J como “Democracia Inabalável”. O mesmo judiciário, junto aos militares, que hoje celebram a dita democracia foram responsáveis diretos pela chegada de Bolsonaro ao poder mas eleições manipuladas em 2018. Após os serviços prestados pela extrema direita, impondo uma série de ataques contra a população trabalhadora, buscaram lavar a própria cara, reabilitando Lula em um grande acordo nacional, que envolveu investigações e prisões de apenas algumas seletas figuras da direita.

Agora, o governo Lula-Alckmin é o gestor dessa herança de ataques e encabeça uma ampla operação política de estabilização do regime, conciliando inclusive com a própria extrema direita. Exemplo disso é o governo de Tarcísio em São Paulo, que recebe investimentos do BNDS e com o aval de Lula privatiza serviços públicos fundamentais para a população, como transporte e a Sabesp. O governador paulista declarou guerra contra os trabalhadores e a população de São Paulo anunciando privatizações de diversos serviços estratégicos e viu se erguer a força de categorias como os metroviários, com amplo apoio da população, travando uma luta que foi exemplo para toda a classe trabalhadora do país em 2023. Uma batalha que poderia ter expressado ainda mais a força da nossa classe, não fossem as direções sindicais que se negaram a unificar as categorias em luta com o conjunto da classe trabalhadora, não convocando nenhuma paralisação geral que pudesse expressar na luta essa potente unidade.

Enquanto o governo federal promove um ato para anunciar que “a democracia está inabalável”, padre Júlio Lancellotti é perseguido politicamente por uma CPI na Câmara Municipal da cidade de São Paulo, promovida pelo vereador de extrema direita Rubinho Nunes (União Brasil), um dos fundadores do MBL. O crime de padre Júlio é realizar ações filantrópicas para moradores de ruas e a população pobre. Na Bahia, por outro lado, o governo petista promove verdadeiras chacinas contra o povo negro, batento seus próprios recordes de assassinatos racistas. Além disso, contradições estruturais do país são mantidas, como as moradias precárias, a super concentração de terra nas mãos do agronegócio, a precarização do trabalho, a violência machista que recentemente assassinou a jovem artista Jujuba. Esta é a democracia que sustenta o regime brasileiro e que está sendo celebrada neste 8J.

Não esqueçamos também que foi devido à conciliação de classes, devido à confiança promovida pela chapa de Lula-Alckmin no STF e em figuras do regime como Alexandre de Moraes, que o bolsonarismo encontrou caminho livre para sabotar o processo eleitoral de 2022, utilizando de tropas policiais por todo o país para tentar impedir que o eleitorado anti-bolsonarista chegasse às urnas.

É este mesmo regime brasileiro que 60 anos após o golpe militar de 1964 mantém a anistia aos torturadores do regime militar, mantendo intocado os pilares da ditadura no interior do estado brasileiro. Este verdadeiro porão das forças mais reacionárias da nossa sociedade que dão força social para ações golpistas como as de 8J de 2023.

Para o proletariado, cada mínimo direito democrático só pode ser conquistado e mantido com a luta e organização independente dos trabalhadores junto a todos os setores oprimidos, mulheres, povo negro e indígiena, juventude e LGBTs. Cada um dos nossos direitos mais democráticos, até o mesmo direito ao voto, de organização sindical, à saúde, educação, etc, é fruto e conquista da luta de classes. É esse o único caminho para enfrentar a extrema direita e as instituições mais reacionárias e autoritárias do regime brasileiro, nos organizando com independência política dos patrões, da burguesia, da direita e dos governos.

Para responder profundamente as demandas dos trabalhadores e do povo pobre é preciso batalhar pela independência de classe, o que passa por construir uma política independente do governo e do regime político, exigindo às direções majoritárias do movimento de massas que rompam com sua subordinação e paralisia e convoquem um verdadeiro plano de luta pelas demandas reais da classe trabalhadora e dos setores oprimidos, demandas que não vão se expressar nos atos de hoje.




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