Secretária da Educação do Estado de São Paulo, Rossieli Soares, faz fala em coletiva de imprensa em tom que minimiza a morte de crianças com a possibilidade de retorno presencial das aulas nas escolas estaduais. De acordo com ele, só morreriam 1557 crianças com a volta às atividades escolares presenciais, sem sequer colocar como isso em si já é trágico.
quinta-feira 23 de julho de 2020 | Edição do dia
Na sexta-feira (17), em uma coletiva de imprensa concedida pelo governador do estado de São Paulo, João Doria, para informar sobre novas decisões do combate a pandemia, Rossieli Soares – secretário de Educação de SP – aproveitou o momento para criticar os dados passados pelo coordenador-executivo do centro de contingência, o médico João Gabbardo. Na fala de Gabbardo, o governo estadual deveria rever o retorno de aulas presenciais em São Paulo já que dados de um professor da FGV-RJ estimam a morte de 17 mil crianças com o retorno das atividades. Na vez de Rossieli, este busca diminuir a seriedade dos impactos com o retorno das atividades escolares respondendo: “Quando se falou em 17 mil mortes, esse número está errado em até dez vezes, na verdade, esse número de mortes poderia ser, nas condições de hoje, de 1557. E esse dado não é somente de São Paulo, e sim para para todo o Brasil e de toda a educação básica para toda população de 1 até 19 anos”.
Mesmo que o secretário tenha afirmado que “Só voltaremos em 8 de setembro se as condicionalidades determinadas pelo Centro de Contingência forem cumpridas”, ainda deixa claro em sua fala a inexistência de real preocupação com os possíveis números de mortes de crianças.
A fala de Rosseli corrige o dado erroneamente apresentado pelo professor, que se retratou posteriormente. Mas se a questão é precisar os dados da pesquisa, as 1557 mortes projetadas seriam apenas na primeira semana do retorno às aulas, e 17 mil no período da pandemia. Independente disso o escândalo da declaração é que ela escancara a inexistência de real preocupação com os possíveis números de mortes de crianças.
Podemos comprovar tal descaso do secretário com as vidas daqueles que constroem o ambiente escolar pelo fato deste nada tem feito contra: as demissões e corte de salário de professores categoria O, que mesmo tendo dado anos de suas vidas para a educação pública em condições precárias, agora se endividam e passando fome; contra a falta de alimentação que as crianças da escola pública tem sofrido, já muitas tinha como sua principal refeição a merenda e seus não tem dinheiro para trazer comida a mesa pois foram demitidos com a MP da Morte de Bolsonaro – Doria tinha prometido um vale merenda a essas famílias, mas seu valor é um piada e nunca caiu na conta das famílias – ou contra as demissões das trabalhadoras terceirizadas.
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