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Dennis de Oliveira: "O racismo só se supera derrubando o capitalismo, e isso exige responder a temática racial"

Entrevista com Marcello Pablito

Dennis de Oliveira: "O racismo só se supera derrubando o capitalismo, e isso exige responder a temática racial"

Entrevista com Marcello Pablito

No programa desta semana do Esquerda em Debate - Diálogos da Luta Negra - Marcello Pablito conversa com Dennis de Oliveira, jornalista e Professor de comunicação da ECA-USP, pesquisador na área de cultura popular e movimentos sociais, coordenador científico do CELACC (Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação), pesquisador do movimento negro e militante da rede antirracista Quilombação. Também é autor de diversos livros na temática da luta negra no Brasil e difusor do pensamento de Clóvis Moura.

O debate se iniciou com considerações do professor Dennis sobre seu livro Racismo Estrutural: uma perspectiva histórico-crítica, o conceito de racismo estrutural e a relação entre a luta antirracista e a luta anticapitalista, colocando como na atualidade existe uma demagogia e banalização da ideia de “combate” ao racismo estrutural desvinculado da luta contra o sistema capitalista, e justamente por isso a importância de resgatar a relação intrínseca entre o capitalismo e o racismo, sobretudo em países como o Brasil.
Em seguida foi questionado sobre o conceito de “neoliberalismo progressista”, conceito de Nancy Fraser retomado pelo professor em seu livro, e como superar a contradição entre, por um lado, o avanço de ações afirmativas parciais para setores minoritários enquanto a ampla maioria das massas negras seguem superexploradas na combinação entre racismo e capitalismo, e também um debate de estratégia dentro do movimento negro, a partir das ideias de Clóvis Moura, sobre como combater a lógica capitalista de separação entre setores do movimento negro mais intelectualizados das massas negras exploradas e oprimidas.

Foi perguntado também sobre o discurso atual de empreendedorismo, identitarismo e blackmoney num país como Brasil, onde essa narrativa serve para mascarar uma política de precarização do trabalho e da vida que atinge em cheio as massas negras. Nesse sentido é colocado como a identidade pode cumprir um papel importante, frente a fragmentação da classe trabalhadora na uberização, para o avanço da consciência de classe, mas que para tal é necessário enxergar a identidade como ponto de partida, e não de chegada, sendo a diferença ideológica entre identidade e identitarismo. Além disso, foi dito sobre a importância de resgatar o horizonte socialista para a luta contra a cooptação das pautas do movimento negro pelo capitalismo.
E por fim, retomando o conceito de quilombagem de Clóvis Moura, foi debatida a perspectiva de uma luta negra como luta de classes, e nesse sentido de como desenvolver uma perspectiva que rompa com os limites da institucionalidade burguesa para derrotar o racismo e o capitalismo.


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