Em meio a uma típica crise do capital, talvez a maior que nossa geração verá, eclodida a partir dos estilhaços deixados pela crise imobiliária de 2008, vemos que o impacto da pandemia tem um caráter de classe.
O governo junto dos patrões está promovendo inúmeros ataques aos trabalhadores desde o início da crise, com quase 5 mil demissões dos trabalhadores da LATAM e terceirizadas das universidades do país, aumento da precarização, aprovação das MPs, reforma tributária e a temida carteira verde e amarela. Essa última parte do princípio de “baratear” a contratação para o patrão, com todo tipo de isenção, à custa da precarização das relações de trabalho e da vida do trabalhador.
O ministro da economia, Paulo Guedes, com o objetivo de flexibilizar o regime de contratação e incentivar a criação de empregos, propõe uma nova modalidade de contratação embasada na absurda proposta da carteira verde e amarela, da qual uma das propostas recentemente divulgadas prevê que as empresas tenham até 50% dos empregados com contrato por hora trabalhada. O projeto, que deve ser enviado ao Congresso, passando pelas mãos do golpista Rodrigo Maia, prevê uma implantação gradual do projeto que acarretará em mais demissões.
A cinco meses do início da pandemia, vimos que a Covid-19 não é igual para todos. A classe trabalhadora não está de quarentena; está tendo seu direitos retirados e condições de vida rebaixadas, e ainda está enfrentando horas extenuantes de trabalho sujeita a infecção pelo vírus, como podemos lembrar do recente levante dos entregadores de aplicativos, reivindicando melhores condições de trabalho e denunciando a negligência dos patrões frente a contaminação.
Não é por acaso que é nossa classe a que é maioria do lamentável número de 104 mil mortes, que poderiam ter sido evitadas se não fosse o negacionismo do reacionário Bolsonaro.
Ao contrário do que a Reforma Trabalhista previa: “gerar mais empregos”, os dados mais recentes do IBGE mostram que o desemprego apenas cresce. São 36,4 milhões de pessoas desocupadas e que estão fora da força de trabalho; a taxa de desocupação subiu para 13,3%, uma alta de 1,1 ponto percentual frente ao trimestre encerrado em março. Nesse semestre, a população desalentada (pessoas que desistiram de procurar emprego) bateu um novo recorde, somando 5,4 milhões, com alta de 15,3% (mais 718 mil pessoas) frente ao trimestre anterior.
Nesse marco de extrema precarização do trabalho, desemprego e recessão profunda da economia comprovamos que as condições desse sistema capitalista – baseado no lucro de poucos sobre as costas da maioria – estão podres. Condições dignas de vida só se darão com um programa político que dê uma resposta de conjunto para as mazelas do capitalismo questionando o regime e suas instituições – contra Bolsonaro, Mourão e os militares e sem nenhuma confiança no STF, no Congresso ou nos governadores – que apenas o mantêm intacto.
É inspirada na revolta negra do coração do imperialismo e na auto-organização dos entregadores de aplicativos, que temos que nos organizar com a classe trabalhadora pelo Fora Bolsonaro e Mourão e por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana imposta pela luta, onde o povo possa decidir, pela primeira vez, suas leis e os rumos da sociedade, dando respostas concretas para enfrentar a pandemia.
Assim, sentimos a necessidade da construção de um partido verdadeiramente revolucionário no Brasil, para que não regridamos à barbárie e sim ascendamos rumo ao socialismo. Nós do MRT, partido que impulsiona o Esquerda Diário, por meio de nosso Manifesto Programático fazemos uma análise conjuntural e demonstramos nossas propostas. Confira. Que os capitalistas paguem pela crise!
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