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SEMANÁRIO

Prólogo da edição argentina do livro "A natureza contra o capital" de Kohei Saito

Juan Duarte

Santiago Benítez

Prólogo da edição argentina do livro "A natureza contra o capital" de Kohei Saito

Juan Duarte

Santiago Benítez

As Edições IPS, editora ligada ao PTS, partido irmão do MRT da Argentina e que impulsiona o La Izquierda Diario, acabou de lançar o livro La naturaleza contra el capital, de Kohei Saito. Aqui no Brasil, o mesmo livro foi lançado pela Editora Boitempo, com o nome O ecossocialismo de Karl Marx: Capitalismo, natureza e a crítica inacabada à economia política. Publicamos aqui a tradução da apresentação do livro da edição Argentina, pois acreditamos que pode contribuir com os debates sobre a relação entre marxismo e a questão ambiental.

Apresentamos o segundo volume da coleção Ediciones IPS Ecologia e Marxismo. No tempo decorrido desde a publicação do primeiro – –La ecología de Marx. Materialismo y naturaliza, de John Bellamy Foster –, na esteira da pandemia de Covid-19, as manifestações da crise climática global só pioraram. Inúmeras ondas de calor atingem a América do Sul, enquanto a seca se espalha por paisagens inimaginavelmente desérticas, a água escasseia e a energia se torna um bem inacessível para grande parte da população. Os relatórios do Painel Intergovernamental do Clima da ONU (IPCC) compartilham alarmes igualmente urgentes e a naturalização cínica do capitalismo verde como única saída. Um beco sem saída expresso em sua abordagem de coordenação global enquanto a guerra na Ucrânia e suas consequências geopolíticas apenas acentuam as disputas interestatais. Ao mesmo tempo, o avanço extrativista, reverso da crise dos países dependentes e atrasados, agrava suas consequências sociais e ambientais. Ao ritmo deste ritmo desenfreado, aprofunda-se também a necessidade de dispor de instrumentos para revelar as suas causas e elaborar respostas programáticas e estratégicas anticapitalistas.

Com o objetivo de ampliar o debate, de continuar resgatando os fundamentos do pensamento ecológico do marxismo e disponibilizá-los às novas gerações de lutadores operários e ambientalistas, recriá-los e inová-los neste novo cenário, damos continuidade à coleção por publicando o presente livro de Kohei Saito.

Sobre o autor

Kohei Saito (Tóquio, 1987) é atualmente professor associado da Universidade de Tóquio. Estudou na Wesleyan University of Connecticut e na Free University of Berlin, e obteve seu doutorado em filosofia em 2014 pela Humboldt University na mesma cidade, justamente com a tese intitulada Natur gegen Kapital: Marx’ Ökologie in seiner unvollendeten Kritik des Kapitalismus [1], posteriormente traduzido para o inglês como Karl Marx’s Ecosocialism. Capitalism, Nature, And The Unfinished Critique Of Political Economy [2]. La naturaleza contra el capital. El ecosocialismo de Karl Marx é a tradução espanhola deste livro, cuja publicação em inglês teve um impacto importante, sendo distinguido em 2018 com o Deutscher Memorial Prize – um prémio para a investigação marxista – e foi traduzido para mais de seis línguas.

Seu segundo livro, publicado no Japão em 2020 sob o título 人新世の [資本論, Hitoshinsei no Shihonron [3]. [O capital na era do Antropoceno] vendeu mais de meio milhão de exemplares naquele país e teve grande repercussão, sendo imediatamente traduzido para o espanhol [4]. Mais recentemente, ele publicou Marx in the Anthropocene. Towards the Idea of Degrowth Communism [5] [Marx no Antropoceno. Rumo à ideia de um comunismo decrecionista].

Natureza contra o capital

Como aponta seu autor, o livro visa “realizar uma reconstrução mais sistemática e completa da crítica ecológica levantada por Marx ao capitalismo, a fim de refutar os persistentes mal-entendidos sobre sua ecologia, bem como demonstrar sua grande importância teórica” [6]. Assim continua a investigação aberta por John Bellamy Foster em La ecología de Marx. Materialismo y naturalez (Edições IPS, 2022), ajudando a dissipar certos preconceitos infundados sobre o autor de O Capital. Alguns desses preconceitos são seu suposto prometeísmo industrial-tecnológico, a falta de sistematicidade ecológica em sua obra [7] ou um suposto antropocentrismo. Trata-se, diz o autor –e o comprovará nesta obra– de projeções retrospectivas impostas à força sobre o materialismo de Marx.

Um eixo central da trama do livro será então revelar a natureza sistemática e imanente da ecologia de Marx. Nesse sentido, Saito demonstra que há uma clara continuidade entre a visão ecológica de Marx e sua crítica da economia política, que remonta a 1844, aos seus Manuscritos Econômicos e Filosóficos, relação que continua, em grau de maior elaboração e concretude, com a construção do conceito de metabolismo por Marx. Essa noção será rastreada nos Cadernos de Londres, nos Grundrisse e no Capital, a fim de articular uma interpretação sistemática do olhar ecológico de Marx. A leitura constante dos manuscritos inéditos do fundador do materialismo histórico, do qual Saito é co-editor dentro do projeto Marx-Engels-Gesamtausgabe 2 [Obras Completas de Marx e Engels] (MEGA) –particularmente seus cadernos científicos– são incorporados nesta interpretação global do corpus marxista e constituem uma novidade e contribuição central do livro.

Nesta jornada, o autor enfrenta uma investigação mais aprofundada sobre a apropriação crítica que Marx faz da obra do químico Justus von Liebig, mas também incorpora as reflexões tardias de Marx sobre a obra do botânico e agrônomo alemão Carl Fraas referindo-se ao papel do clima, que os leitores acharão particularmente significativo à luz da atual crise climática. De modo geral, a elaboração que apresentamos aqui nos permite traçar um quadro muito mais profundo da própria reflexão ecológica de Marx e avançar na compreensão de como o capitalismo constitui uma deformação histórica da relação entre humanos e natureza, baseada na alienação desta última, ao qual opõe um horizonte revolucionário, nas palavras de Saito, “ecossocialista”. Em "sua tentativa de subjugar a natureza", ele aponta, seguindo Marx, "o capital só pode destruir em escala cada vez maior as condições materiais fundamentais que permitem o livre desenvolvimento humano" [8].

Ao mesmo tempo, outro eixo dessa reconstrução girará em torno da teoria da reificação, tal como desenvolvida em O Capital, com o objetivo de evidenciar a inter-relação entre as formas econômicas e o mundo material concreto, a partir de leituras sugestivas e não isentas de polêmicas. A aposta vale a pena: se "se concebe o papel da ’matéria’ em sua relação com as ’formas’ econômicas, a ecologia de Marx torna-se não apenas um componente imanente de seu sistema, mas também uma base metodológica útil para analisar a atual crise ecológica global”, afirma o autor [9]. Em outras palavras, permite avançar na compreensão de como a lógica do capital tem efeitos profundos sobre a natureza e gera todo tipo de reações e rupturas. Sob esse ponto de vista, sua leitura também destaca o lugar das crises ecológicas no projeto de O capital, a partir dos manuscritos: segundo Saito, "Marx teria colocado mais ênfase nelas como contradição central do modo de produção capitalista, se pudesse ter concluído os volumes II e III”. Por fim, o autor desenvolve como a noção de fratura metabólica permite compreender as causas e consequências do "imperialismo ecológico".

Nos últimos anos, junto com uma crítica persistente e contundente às ilusões das soluções reformistas para o capitalismo diante da crise climática, Saito continuou a desenvolver algumas posições que apenas são esboçadas neste livro, mas que já geraram polêmica, como a afirmação de que haveria uma "ruptura epistemológica" em Marx ao final de sua obra (o que parece contradizer em parte o fato de sua preocupação com esses aspectos ter sido constante), bem como a atribuição a Marx de uma posição a favor de um "comunismo de decrescimento" como saída, baseado em seu interesse em sociedades pré-capitalistas como a comuna russa ou o marco alemão [10]. Ainda que tenhamos objeções a essas novas definições, esses ou outros possíveis debates abertos são temas a serem aprofundados e não nos impedem de considerar a obra de Saito como uma importante contribuição ao objetivo comum e necessário de recriar o pensamento ecológico marxista como parte de um processo revolucionário perspectiva.

Nessa destruição irracional do meio ambiente e na concomitante experiência de alienação criada pelo capital, argumenta Saito, Marx encontrou uma oportunidade de construir uma nova subjetividade revolucionária que conscientemente exige uma transformação radical do modo de produção, com vistas ao desenvolvimento humano gratuito e sustentável. Nesse sentido, a ecologia de Marx não é nem determinista nem apocalíptica. Em vez disso, sua teoria do metabolismo ressalta a importância estratégica de conter o poder reificado do capital e transformar a relação entre os seres humanos e a natureza para garantir um metabolismo social mais sustentável. Aqui está o ponto nodal entre os projetos “vermelho” e “verde” do século XXI, para os quais a teoria marxista ainda tem muito a contribuir [11].

Recuperar e recriar a perspectiva marxista na ecologia como tarefa estratégica

A destruição das condições materiais fundamentais para a vida na Terra operada pelo modo de produção capitalista atinge efetivamente níveis de crise civilizatória em meados do século XXI, com o aquecimento global [12] que já está gerando catástrofes e efeitos sociopolíticos inevitáveis, dos quais as grandes potências e corporações capitalistas não são apenas as maiores responsáveis: elas também estão plenamente conscientes. As soluções que propõem, centradas no consumo, de mãos dadas com o mercado ou mesmo com uma reforma do capital do tipo Green New Deal (ou substitutos de “pactos ecossociais” nessas latitudes), colidem, como apontou Marx, com esses interesses assim como com os governos e Estados que os garantem. Nunca foi tão urgente como agora, nas palavras do marxista Walter Benjamin, “pôr o freio de emergência” contra o capitalismo para enfrentar as consequências da crise climática que afeta as maiorias trabalhadoras do mundo, ao mesmo tempo em que lutamos para destruir suas causas. Como o movimento ambiental ao redor do mundo levanta em suas consignas, “Não existe planeta B”.

Diante disso, e contra qualquer visão catastrófica que leve ao ceticismo, temos que nos preparar junto com a classe trabalhadora, a juventude, as mulheres e os setores populares de todo o mundo. A degradação ambiental – junto com as crises econômicas e o agravamento das dificuldades sociais das massas – nos desafia a considerar cada vez mais a luta de classes e a rebelião dos explorados pela sobrevivência. Nesse quadro, abrem-se debates e lutas estratégicas para enfrentar não apenas a possibilidade de testar soluções reacionárias, mas também as diferentes formulações estratégicas que propõem superar a crise sem questionar o próprio capitalismo.

Nesse quadro, as lutas ambientais se multiplicam em todo o globo com a heroica resistência dos povos que lutam pela água ou contra os megaprojetos extrativistas. O movimento ambiental que atravessou a segunda metade do século 20 ressurgiu com força em todo o mundo em 2018 entre os jovens. E se nas últimas décadas vimos um ambientalismo muito adaptado ao neoliberalismo –separado do movimento operário, hegemonizado por diferentes ONGs centradas em ações simbólicas ou campanhas de propaganda sobre a responsabilidade individual, sem um centro na luta de classes–, na atualidade, as experiências de confluência com as lutas operárias, ainda que incipientes, estão presentes. Por sua vez, a classe trabalhadora, mais numerosa do que nunca, mas também mais precária e inclusive arrastando uma crise de subjetividade histórica, ideológica e política, trava importantes batalhas. Enquanto isso, os sindicatos burocratizados negligenciam demandas ambientais fundamentais – especialmente aquelas relacionadas à poluição, saúde ou moradia – que afetam com mais força os setores mais pauperizados da classe trabalhadora, separando estrategicamente as demandas ambientais daqueles que sofrem suas consequências. No entanto, são aqueles lugares onde esta divisão começa a ser sanada que fornecem horizontes que permitem recriar uma perspectiva estratégica para derrotar os interesses capitalistas em jogo.

A união entre trabalhadores e ambientalistas na refinaria da cidade de Grandpuits, na Normandia, na França, da empresa Total SA, a maior daquele país, tem sido um exemplo nesse sentido. Assim é a experiência dos trabalhadores da MadyGraf [13] na cidade de Garín em Buenos Aires, que reorganizaram sua produção sob critérios ecológicos e reivindicam, organizando-se em conjunto com setores ambientais na Argentina. São exemplos pontuais, mas abrem caminho para recriar o imaginário de união entre ambientalistas e trabalhadores.

Basta pensar que reivindicações como saúde são para a grande maioria da população demandas que envolvem não apenas aspectos locais, como segurança no trabalho ou acesso a cuidados, mas também sistemas de produção e relações dos humanos e dos humanos com outras espécies e com ambientes naturais, para ver a necessidade dessa unidade. O mesmo se considerarmos o potencial desta aliança para resolver questões-chave como a transição e reconversão energética “justa” – justa, para que os seus custos não recaiam sobre o agravamento das condições de trabalho; justas, porque têm de criar novos postos de trabalho com plenos direitos –, para os quais o controle desde a base, desde a produção, é vital. O desenvolvimento e o planejamento do transporte público, o planejamento urbano ou o acesso à moradia digna são demandas que também suscitam a necessidade dessa unidade. A classe trabalhadora, sem perder de vista toda a sua heterogeneidade -de nacionalidades, gênero, etc.-, tem a força social capaz de realizar uma aliança operária, popular e juvenil para acabar com as tendências destrutivas mais imediatas do capitalismo, acabar com a dupla alienação do trabalho e da natureza que este sistema impõe, avançando para uma planificação verdadeiramente democrática e racional da economia que recomponha e regule o metabolismo social entre a humanidade e a natureza; reorganizar a produção social respeitando os ciclos naturais, sem esgotar nossos bens naturais comuns, acabando ao mesmo tempo com a pobreza, as desigualdades sociais e as diversas formas de opressão promovidas por esse sistema. Em outras palavras, a classe trabalhadora tem força para lutar pelo comunismo.

A crise climática e ecológica é uma das manifestações de um capitalismo que atualiza a cada passo a definição de crises, guerras e revoluções apontadas por Lênin, levando a humanidade e o planeta à barbárie e à destruição. Nesse sentido, é também a fonte da necessidade de uma perspectiva ancorada no método e na estratégia permanente de León Trótski. Como aponta Matías Maiello, o capitalismo é incapaz de oferecer um horizonte desejável para o futuro, tentar reformá-lo com base em programas limitados à renda universal, economias populares, planos de transição energética e ecológica no marco do capitalismo ou para alcançar o socialismo por meio da evolução tecnológica acelerada, surgem como formas de acomodação à realidade de um capitalismo cada vez mais contraditório com a existência da grande maioria e da natureza [14]. É, em vez disso,

… recuperar um horizonte revolucionário, internacionalista e socialista para ativar aquele freio de emergência de que falava Benjamin […]. Romper com o conformismo que naturaliza metade da população mundial condenada, no melhor dos casos, à mera sobrevivência enquanto alguns bilionários concentram a grande riqueza da sociedade; que naturaliza o militarismo como aquele que recoloca no centro a guerra na Ucrânia e as crises que periodicamente atingem a classe trabalhadora com cada vez mais força, assim como o fatalismo de ver nosso planeta destruído no altar do lucro capitalista [15].

Impõe-se, então, a tarefa de construir dentro do movimento ambientalista uma perspectiva estratégica socialista que vincule suas lutas às da classe trabalhadora, e dote-o de um programa que incorpore as demandas ambientais como parte de seu programa de transição para o socialismo: dois momentos inseparáveis do mesmo movimento que hoje se apresenta como uma necessidade cada vez mais dramática.

Essa articulação política hegemônica permitiria superar os tempos discordantes das diferentes crises e lutas capitalistas. Como tal, constitui uma tarefa estratégica central para um partido revolucionário que aposta que a classe trabalhadora estabelecida como sujeito revolucionário pode organizar a sociedade para evitar catástrofes e construir um futuro comunista [16]. A publicação deste volume e da coleção faz parte dessa perspectiva.


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FOOTNOTES

[1Frankfurt am Main, Campus Verlag GmbH, 2016.

[2Nueva York, Monthly Review Press, 2017.

[3Tokio, Shueisha, 2020.

[4Buenos Aires, Penguin Random Huose/Ediciones B, 2023

[5Cambridge, Cambridge University Press, 2023. Para uma resenha desse livro, veja o artigo Kohei Saito: Marx e o chamado do antropoceno.

[6Saito, Kohei, La naturaleza contra el capital, Buenos Aires, Ediciones IPS, 2023, p. 26.

[7A princípio, em termos mais gerais sobre a relação humana com a natureza (aspecto mais aprofundado por John Bellamy Foster em A Ecologia de Marx); em seguida, em relação às suas primeiras reflexões sobre economia política e, mais especificamente, a partir da introdução do conceito de metabolismo.

[8Saito, Kohei, ob. cit., p. 34

[9Esclareçamos, porém, que a interpretação de Saito a esse respeito não é isenta de controvérsias e faz parte de um debate aberto, como é o caso de sua interpretação da categoria de obra abstrata como trans-histórica. Em O Capital, Marx sustenta que o trabalho que produz mercadorias tem duas facetas: é trabalho concreto (carpintaria, ferraria, panificação, etc.) e o trabalho abstrato (trabalho reduzido a uma “gelatina” indiferenciada de dispêndio energético, muscular, de concentração, etc., que permite regressar aos diferentes trabalhos comensuráveis). Essa abstração, processo que ocorre nas costas dos produtores, só existe como processo operacional em uma sociedade caracterizada pela troca generalizada de mercadorias, ou seja, o capitalismo. Afirmar que o trabalho abstrato é trans-histórico simplesmente porque se descobriu que em outras sociedades anteriores ao capitalismo também era uma atividade fisiológica é, para muitos, difícil de sustentar com as palavras de O Capital. Para outros, é uma leitura válida. Ver, por eXemplo, Carchedi, Guglielmo, “The Fallacies of ‘New Dialectics’ and Value-Form Theory”, Historical Materialism 17, 2009, pp. 145-169.

[11Saito, Kohei, La naturaleza contra el capital, ob.cit., p. 34.

[12Originado na irracionalidade da forma capitalista de produção que gera um acúmulo de gases de efeito estufa, devido ao uso de combustível fóssil, desmatamento e mudanças no uso da terra.

[13Fábrica gráfica na Argentina, antiga Donneley, que agora está sob a gestão dos seus trabalhadores

[14Cfr. Maiello, Matías, De la movilización a la revolución. Debates sobre la perspectiva socialista en el siglo XXI, Buenos Aires, Ediciones IPS, 2022, p. 207.

[15Ídem

[16Ídem.
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