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CORONAVÍRUS | Trabalhadores da saúde não tem informações e insumos para lidar com o coronavírus

São os trabalhadores da saúde, que mesmo com a falta de informações claras e de instrumentos de proteção individual para os trabalhadores e a população usuária, estão dando a vida para enfrentar essa pandemia. Esta não é a hora de saídas individuais. É nosso dever lutar por um sistema único de saúde que seja controlado pelas trabalhadoras e os usuários.

terça-feira 17 de março de 2020 | Edição do dia

O coronavírus já é uma realidade no Brasil, apesar de Bolsonaro seguir tratando-a como invenção e campanha na mídia, com mais de 300 casos confirmados e mais 2 mil casos de suspeita, fez com que os governos precisassem se relocalizar e anunciam medidas que buscam evitar o contagio.

"O Rio de Janeiro, é o estado que vem sofrendo com diversos ataques às políticas públicas, em especial, a saúde, tendo um dos piores prognósticos para atender a crise do Coronavírus. Para responder a insuficiência do sistema público de saúde carioca, que entraria em total colapso, caso haja uma contaminação em massa, os governos tem adotado medidas de contenção e quarentena. Abrindo brechas inclusive para medidas autoritárias como prisão de pessoas que burlarem a quarentena, proibição e diminuição de transportes públicos, e suspensão dos passes livres estudantis.

Contundo, é sabido que a quarentena não pode ser cumprida por uma grande parcela da classe trabalhadora, em especial os trabalhadores informais e terceirizados, que são maioria no Rio, e não tem a opção de não ir trabalhar, pois isso não teriam como se sustentar. Witzel e Crivella quando defendem a quarentena como a única medida, buscam na verdade mascarar, o grande desmonte que a saúde veio sofrendo, já que não há leitos de UTIS adequados suficientes, e nem estão sendo disponibilizados testes em larga escala para a população que pode se infectar assim como os profissionais de saúde. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde há aproximadamente 30 casos confirmados de pessoas infectadas com COVID-19. Ainda que, diante da rapidez da proliferação do vírus, necessita-se de ações que tardam o contágio, a quarentena já demonstrou seus limites em países como Itália, onde os serviços de saúde estão escolhendo quem irão atender."

Contundo, o que pouco falam é que o Rio pode ser um dos estados mais afetados pelo nível de ataque aos direitos e às políticas públicas, que tem precarizado a vida e o trabalho da população carioca, e principalmente pela situação já alarmante que a saúde pública passa no estado e no município. Estes mesmos governos que se dizem preocupados com o Coronavírus, cortam da saúde.Witzel retirou 6 milhões do investimento na saúde para pagar a campanha publicitária do governo, e nem falar de Crivella, inimigo declarado da saúde pública que desmantelou a atenção básica do município, com demissões em massa e atrasos recorrentes dos salários, não podemos aceitar que estes mesmos governantes que colocaram a saúde na crise que vemos hoje, falem demagogicamente que vão garantir “soluções” para esta crise, enquanto não garantem as condições materiais dos trabalhadores da saúde para lidarem com essa pandemia do coronavírus.

Isabela residente do Hospital universitário da Uerj (HUPE), aponta a situação alarmante que os profissionais que atuam no hospital estão passando:

“Não há Equipamentos de Proteção Individual (EPI) suficientes para toda a equipe, e aqueles que existem são inapropriados. As máscaras disponibilizadas não são as adequadas, há boatos que o álcool acabará em breve, e não temos testes em larga escala. Isso porque estamos falando de um hospital de referência, onde além de receber casos de suspeita, teve a confirmação pela direção do Hupe (Hospital Universitário Pedro Ernesto) da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) que médicos de seu serviço de nefrologia testaram positivo para coronavírus, estando um deles internado em estado grave. Isso demonstra a demagogia da Uerj que suspendeu as aulas por conta do risco de contaminação, mas não garante aos seus trabalhadores, condições para se proteger da contaminação, para poder prestar assistência à população. Além disso, trabalhadores terceirizados, principalmente da limpeza continuam trabalhando normalmente na Universidade, não tendo liberação nem mesmo dos grupos de risco. É imprescindível que seja disponibilizado testes em larga escala para os profissionais, mas também para população, está é uma das maneiras mais eficientes para identificar e controlar o contagio”

Esta situação não é isolada, há diversos relatos de trabalhadores da saúde que estão na linha de frente do cuidado, sem condições materiais para isso. Os serviços de saúde e assistência que são serviços essenciais precisam funcionar de maneira eficaz no combate contra propagação e no atendimento dos infectados. Por isso, o governo deve garantir informações mais claras sobre o coronavírus, desde os sintomas, formas de exposição e protocolos de atendimentos, medidas fundamentais que ainda não foram tomadas em todas as unidades de saúde. Esses protocolos precisam ser elaborados junto a todos trabalhadores e não somente aqueles de ensino superior. Sabemos que há uma divisão social do trabalho que precariza ainda mais os trabalhadores com ensino médio completo, que são em sua maioria terceirizados, que sofrem com diversos ataques, como o não pagamento de insalubridade, salários baixos, assédio moral, além da insuficiência das informações e equipamentos, como apontado acima. Ou seja, estes mesmos governos que cobram da população, que respeitem a quarentena voluntária, são negligentes com a maneira que lidam com a saúde e a condição de trabalhado dos profissionais, sem fornecer o mínimo necessário e adequado para atuarem frente a pandemia do coronavírus, e sequer pagam o adicional de insalubridade. Deixando assim, os funcionários que tem se colocado bravamente na assistência a população usuária, expostos diariamente a contaminação do coronavírus desnecessariamente.

Os trabalhadores da saúde precisam estar em plenas condições físicas, mentais e emocionais para atender a população, por isso, é importante que se estabeleça escala de trabalho ou a diminuição da carga horária imediatamente. Além da garantia de meios, a todos os trabalhadores, de não estarem tão expostos desde insumos como máscaras, álcool em gel, luvas e acessos a testes de maneira ampliada, a todos os trabalhadores expostos a pacientes suspeitos de contaminação ou contaminados. Por esse mesmo motivo, também é necessária a contratação imediata de todos os trabalhadores da saúde demitidos, para que componha um efetivo à altura das necessidades da população e que ele recebam o salário em base ao DIESSE. Trata-se de um grande empenho e recursos para tentar conter o avanço do vírus, mas o que temos certeza é que não serão desses políticos que cortaram milhões da saúde precarizando os serviços e atendimento que sairão as “soluções” que eles anunciam, todas as medidas de contenção do alastramento do coronavírus devem ser tomadas pelos próprios trabalhadores da saúde. Somente os trabalhadores da saúde e pesquisadores da área podem estabelecer um programa que de fato encontre as saídas para a crise do coronavírus no estado e município do Rio.




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