×

Paralisação em MG | Trabalhadores da educação paralisados rechaçam novamente RRF de Zema e planejam greve de 48h

Com várias escolas paradas por Minas Gerais, trabalhadores da educação se reuniram no Conselho de Representantes do SindUTE-MG pela manhã e seguiram o protesto na ALMG. Uma nova paralisação da educação foi convocada para os dias 21 e 22 de novembro. Segue sem existir um plano de lutas unificado para a construção desde a base de uma greve geral do funcionalismo para barrar o RRF de Zema e não permitir nenhum ataque que possa ser feito em uma possível negociação entre o governo estadual e o governo Lula-Alckmin pela mediação do reacionário Rodrigo Pacheco.

Flavia ValleProfessora, Minas Gerais

MaréProfessora designada na rede estadual de MG

terça-feira 14 de novembro de 2023 | Edição do dia

Após uma forte paralisação estadual no último dia 7, que mostrou o enorme rechaço ao Regime de Recuperação de Romeu Zema, os trabalhadores da educação voltaram a paralisar suas atividades hoje, 14/11, em luta para derrotar o projeto nefasto. O dia de lutas começou com uma reunião do Conselho de Representantes do SindUTE-MG, onde foi reforçada a denúncia sobre os ataques que o RRF significa - como privatizações e congelamento de salários e carreira, dentre outros - e deliberada a próxima paralisação da categoria: dias 21 e 22 de novembro.

À tarde, parte da categoria assistiu à audiência pública, em que membros do governo Zema alternaram entre contar mentiras e assumir os ataques. “Tem teto de gastos, tem leilões, está previsto no projeto de lei…” diz o representante de Zema com tranquilidade. Ao mesmo tempo, a categoria ouviu também demagogias de deputados que nunca estiveram ao lado dos trabalhadores, que inclusive são do mesmo partido de Bolsonaro, como Sargento Rodrigues, mas que agora querem surfar no rechaço ao RRF que inclusive setores burgueses têm criticado.

Pode te interessar:

À noite, o calendário é de vigília na reunião da comissão de administração pública na ALMG que vota o parecer para o RRF. A aposta da direção sindical é a estratégia que tem sido adotada, de obstruções nesta comissão, onde a oposição ao governo tem mais peso relativo, buscando evitar que o projeto passe até o prazo dado pelo STF, do dia 20/12/2023. Com isso, faz da ALMG o palco desde onde se poderia supostamente tirar vitórias para os trabalhadores, reservando ao seu papel, mesmo com disposição de luta, a uma mera pressão para a tomada de decisões pelos deputados.

Uma “renegociação cidadã”?

Não é nada descartável que o RRF não passe, já que o próprio governador, “foragido” na China e no Japão, já pediu o intermédio do presidente do senado Rodrigo Pacheco para renegociar a dívida de MG. As propostas de Zema para essa possível renegociação não reservam algo diferente do que ataques. É através da força da unidade e mobilização desde a base dos trabalhadores da educação, que estão em um processo de luta se preparando agora para 48 horas de paralisação em pleno fim de ano, é de onde podemos extrair verdadeiras vitórias. Isso porque não é possível resolver a crise fiscal de MG sem atacar os lucros da Vale, da Localiza, de bancos como o Itaú ou inclusive estrangeiros como o Goldman Sachs que presta consultoria ao plano de privatizações do governo Zema e que está de olho nas possibilidades de privatizações.

É preciso derrotar o RRF de Zema, as privatizações e todos os ataques à educação. Nossas bandeiras devem ser o não pagamento da dívida pública, que drena os cofres da União para alimentar os bolsos de banqueiros e funciona como um mecanismo de manutenção de uma subordinação do Brasil a diferentes setores imperialistas; a reestatização das empresas e partes de empresas que foram privatizadas, que devem ser 100% estatais e geridas pelos trabalhadores e usuários; o pagamento do piso salarial da educação e da enfermagem, assim como a revogação das reformas trabalhista e da previdência, e do recentemente aprovado Arcabouço Fiscal, que é um novo teto de gastos do governo federal por sobre o qual Zema, o governador bolsonarista Tarcísio de Freitas de São Paulo e outros governos de extrema direita se apoiam para atacar os trabalhadores e o povo pobre.

Sugestão: Eles nos devem: crônica de uma professora designada diante do RRF de Zema

Frente única operária: confiar na unidade dos trabalhadores organizados desde as bases

Para impor essa saída, a estratégia de pressão parlamentar em si mesma não funciona. Ao contrário, faz apenas com que os trabalhadores acreditem nas vias intitucionais ao invés de acreditarem em suas próprias forças. Gerando ilusões de que deputados reacionários da ALMG, policiais como Sargento Rodrigues ou os chefes do Congresso como Rodrigo Pacheco e Arthur Lira, seriam aliados dos trabalhadores. Já vimos ano passado em nossa greve na educação como a estratégia de pressão parlamentar em si da direção do SindUTE de acreditar na ALMG levou a uma derrota de nossa greve pelos 33% de reajuste salarial.

Ao contrário dessa política de concilição de classes, apostamos na frente única operária, que é a busca da unidade da classe trabalhadora para que a classe faça experiência com as próprias forças, unificada, podendo efetivamente derrubar os ataques, mas também com suas direções reformistas, para que não se submetam acriticamente a elas e seus acordos com alas reacionárias do regime político e com as polícias, tolhendo as iniciativas da base.

Por isso lutamos para que nossos sindicatos estejam a serviço de batalhar pela frente única operária, para exigir das centrais sindicais a romperem com essa política de conciliação de classes levada a frente pelo governo de frente ampla que acaba por fortalecer a extrema direita, como vimos na recente filiação do PT de prefeitos de partidos burgueses, incluindo o PL de Bolsonaro, ou a incorporação à base do governo federal até mesmo o partido de Tarcísio de Freitas, que persegue trabalhadores em SP e que tenta fazer lá privatizações como as que Zema tenta fazer em Minas Gerais, ou já fez, no caso da privatização do metrô de BH, assinado pelo governo Lula Alckmin e que era antigo projeto privatista de Zema e Bolsonaro.

Rumo à paralisação de 48 horas da educação na semana que vem, as centrais sindicais devem convocar um plano de lutas, unificando todos trabalhadores dos serviços públicos estaduais nos dias 21 e 22, construindo comitês de mobilização unificados por regiões rumo à construção de uma greve geral erguida desde a base. E que seja parte de unir a luta de trabalhadores contra o RRF com as pautas do novembro negro e da luta contra o massacre de Israel na Palestina que terá o dia 20 de Novembro como um dia de luta e atos.

Um programa para responder à crise e uma estratégia para vencer precisam ser discutidos desde as bases, com comitês unificados e com espaços democráticos de deliberação, dando vazão à potência de cada professora, ASB, eletricitário, enfermeira e todos que lutam contra o RRF e contra toda retira de direitos dos trabalhadores e de toda população mais fortemente afetada pela precarização dos serviços públicos.

Veja também:




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias