Aconteceu em Mariana, Minas Gerais, no dia 17 de dezembro, o Seminário Nacional em Defesa dos Trabalhadores e Populações Atingidas, organizado pela CSP Conlutas.
quinta-feira 24 de dezembro de 2015 | 00:00
Estiveram presentes cerca de 100 ativistas e militantes de Minas Gerais e São Paulo. Palestrantes de várias universidades estiveram presentes, como o geólogo José Domingues de Godoi Filho e a ambientalista e militante Maria Teresa Corujo, entrevistados pelo Esquerda Diário. Veja abaixo:
Sindicalistas da Conlutas e do PSTU falaram sobre a necessidade da reestatização da Vale sob controle dos trabalhadores, como Valério Vieira, do Sindicato Metabase Inconfidentes. Dirigentes de várias organizações de esquerda estiveram presentes.
Contribuindo para o perfil internacional proposto pela campanha foi exibido o vídeo do ex-candidato a presidência da FIT da Argentina, Nicolás Del Caño, do PTS, organização argentina irmã do MRT, em solidariedade às vítimas da Samarco/vale/BHP e fortalecendo a campanha pela reestatização da Vale sob controle operário lançada pelo Esquerda Diário.
Foi aprovada uma campanha de denúncia do crime cometido pela Samarco/Vale/BHP em Mariana MG e um manifesto que visa culminar a campanha num tribunal popular a ser realizado em março em belo Horizonte.
Flavia Vale, professora de Contagem, que denunciou no seminário as empresas Samarco/Vale/BHP, defendeu a reestatização da Vale sob controle operário e a efetivação imediata dos trabalhadores terceirizados, que foram grande parte das vítimas fatais da tragédia:
Em entrevista ao Esquerda Diário, Flavia disse:
“Este seminário que aconteceu na UFOP é uma boa iniciativa da CSP Conlutas porém ainda é preciso muito mais visto o histórico poder das mineradoras na região. As contribuições dos especialistas convidados foram muito ricas. Cabe à CSP Conlutas fortalecer todas as denúncias feitas com ações a partir da base de trabalhadores e moradores da região.
Está claro que nem as medidas mais mínimas podemos esperar das mãos dos governantes e empresários. A CSP Conlutas tem importante peso de direção nos sindicatos da mineração, como no Metabase Inconfidentes, e votou hoje manifesto de denúncia das mineradoras e pela reestatização da Samarco. Porém, há que fazer carne dessa denúncia nos locais de trabalho e junto aos moradores atingidos e esse "sangue" não esteve nas veias do seminário nem é o que pauta o manifesto votado, ainda por fora de exemplos de luta. Como exemplo, nenhuma medida de luta foi citada desde a mesa com os sindicalistas do PSTU como exemplos a serem seguidos e construídos na base. Essa seria a única via para fortalecer exigência aos sindicatos da CUT que hoje ajudam a salvar as empresas Samarco, Vale e BHP em nome da presidente Dilma e do governador Fernando Pimentel.
É preciso um plano de lutas estadual ao redor da punição das empresas e da reestatização da Vale sob controle dos trabalhadores mostrando o papel conivente dos sindicatos da mineração dirigidos pela CUT e que apenas a ação dos trabalhadores juntos aos moradores e com amplo apoio popular é que pode impor derrotas às mineradoras que seguem historicamente impunes e colocar as nossas riquezas naturais a serviço de toda população sem perpetuar o modelo de mineração atual que significa mortes às pessoas e a todo meio ambiente.”