×

Moradia para todos | Que os imóveis vazios do RS sejam ofertados gratuitamente para os desabrigados

Mais de 230 mil desabrigados no Rio Grande do Sul, vítimas da enchente, enquanto existem pelo menos 604 mil imóveis vazios no estado. São milhares de pessoas vivendo em abrigos provisórios, contando com a ajuda fundamental de voluntários, enquanto grandes construtores e abutres da especulação imobiliária mantém prédios inteiros vazios em nome dos seus próprios lucros. A irracionalidade capitalista mata! Por isso defendemos que esses imóveis vazios devem ser ofertados gratuitamente para os atingidos pelas enchentes!

quinta-feira 9 de maio | Edição do dia

Nas últimas semanas o estado do Rio Grande do Sul vive verdadeiros momentos de terror com a maior enchente que já enfrentou em toda a história. As mudanças climáticas de responsabilidade da emissão de gases pela a indústria, destruição de biomas inteiros pelo o agronegócio, vem criando eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes. As chuvas deste início de maio causaram alagamentos de cidades ribeirinhas inteiras, deslizamento de estrada e quedas de pontes. Além das enchentes terem feito com que barragens e diques rompessem de maneira brutal, atingindo bairros e cidades em questão de minutos e provocando grande destruição.

Na capital Porto Alegre e região metropolitana, a água vinda dos rios Jacuí, Caí, Sinos e Gravataí elevaram drasticamente o nível do lago Guaíba chegando a ultrapassar mais de 5 metros de altura, superando a enchente de 1941 que chegou a 4,76 metros. Bairros extremamente populosos como a Mathias Velho em Porto Alegre ficaram totalmente submersos, com pessoas sendo resgatadas em cima de seus telhados, perdendo todos os seus bens, e muitas pessoas morrendo em meio a todo esse caos. O Cais Mauá, que fica no centro histórico da capital, foi criado na década de 70 como um sistema anti-enchentes. Mas devido ao descaso de Melo e Leite, a falta de manutenção, e irracionalidade capitalista que chegou ano passado a passar asfalto em cima dos trilhos de uma comporta impedindo dela fechar, esse sistema foi por água abaixo, e em questão de horas na última sexta (03) o centro e 4° distrito da cidade foram totalmente alagados.

No Vale do Taquari, na região central do estado, o cenário é de devastação. Em algumas cidades do vale o rio chegou a mais de 30 metros de elevação, arrancando casas inteiras. Algumas dessas cidades sofreram a terceira enchente nos últimos 6 meses. Muitas mortes, pessoas desabrigadas, casas perdidas e um endividamento generalizado. Enquanto isso, os bancos apenas anunciam que não suspenderão a cobrança das dívidas durante a enchente, algo totalmente absurdo durante uma tragédia desse tamanho.

Já são mais de 230 mil desalojados e desabrigados em todo o estado. Com isso, vemos várias ações de solidariedade que estão sendo bastante fundamentais para atender e abrigar essas pessoas, em escolas, ginásios e entre inúmeros lugares. Mas é bastante contraditório quando vemos que enquanto essas centenas de milhares de pessoas estão sem casa, se amontoando em abrigos, ou ainda sem ter onde ficar, exista mais de 604 mil imóveis públicos e privados totalmente desocupados em todo o estado. Esse dado foi visto no último Censo do IBGE de 2022, com o número exato de 604.277 imóveis desocupados. Isso é quase 3 vezes mais o número de desabrigados pelas enchentes. Isso ocorre devido a especulação imobiliária, que lucra em cima desses imóveis enquanto uma das garantias mais básicas para as pessoas não é garantida: moradia.

Nem mesmo os governos de Melo e Leite, ou mesmo as grandes empresas imobiliárias como a Melnick querem garantir abrigo para todas essas pessoas abrindo os imóveis a essas famílias. Assim como os governos, não se preocuparam de nenhuma maneira prevenir com que essa catástrofe climática ocorresse, mesmo com os inúmeros alertas que cientistas e pesquisadores vieram alertando sobre as mudanças ambientais, e que esses próprios governos sabiam do que iria ocorrer, mas não fizeram nada. Nem mesmo um investimento na prevenção ambiental teve de forma suficiente. Com o governo do estado dando apenas 0,2% do orçamento destinado para isso, enquanto a maior parte do orçamento estava destinado para pagar a fraudulenta dívida pública com a União. Esse mesmo governo Leite também veio nos últimos anos pautando a permissão para grandes empresas criarem uma mineradora às margens do rio Jacuí, o que causaria um impacto ambiental gigante que poderia nessa enchente ter causado efeitos muitos piores. Além da prefeitura de Melo, junto com empresários viam planejando a privatização da orla do Guaíba e até mesmo a derrubada do Cais Mauá.

Frente a todo esse descaso dos governos e toda a irracionalidade do capitalismo, é necessário impor um programa que possa prevenir situações calamitosas como essa. Um programa que não preza pelos os lucros dos empresários, mas sim pelas vidas dos trabalhadores e trabalhadoras e de toda população. Uma reforma urbana radical, que exproprie esses imóveis vazios para abrigar todas as pessoas que sofreram com as enchentes, além também de pessoas em situação de rua, ou em moradias ultra precárias. Essa reforma também precisa incluir um plano de obras públicas que garanta a construção de muros, diques e comportas para barrar águas de enchentes. Além de canais que possam ajudar a escoar a água. Mas fora isso é de suma importância a plantação de matas ciliares ao longo dos rios, pois as florestas são fundamentais para a conter as enchentes. Essas matas que ao longo de décadas foram destruídas pelas indústrias hidrelétricas, pelo agronegócio e pela própria especulação imobiliária.

Essa reforma urbana sabemos que não vai ser garantida pelo o estado capitalista e muito menos pelas empresas que vão seguir lucrando com a especulação em meio a toda essa catástrofe. É importante também que as famílias dos desabrigados, os próprios desabrigados, os sindicatos, movimentos sociais e toda a população envolvida possam ser sujeitos para levar a frente um programa de reformas em todo o estado. Por isso, a criação de um comitê que debata e oriente como levar a frente essas e outras medidas é fundamental. Esse comitê pode também administrar o dinheiro das doações que estão sendo feitas para ajudar as pessoas atingidas, que o próprio governo Leite assumiu que está sob cuidados de uma instituição privada, comandada inclusive por setores responsáveis por toda essa crise. Um verdadeiro absurdo! De forma independente dos governos, onde os trabalhadores e os setores afetados por esse desastre se auto-organizem criando esse comitê e levar a frente um programa que não priorize os lucros, mas sim a vida das pessoas.

Esse comitê e esse programa serão levados à frente somente através da mobilização e pela luta independente dos governos e patrões. Uma luta que faz com que os capitalistas paguem por isso, cobrando os grandes sonegadores de impostos como a RBS e Gerdau, para de pagar a fraudulenta dívida pública que só serve para tirar o dinheiro do trabalhador para encher o bolso dos banqueiros. Que derrube o arcabouço fiscal criado pelo o governo de frente ampla Lula-Alckmin que aprofunda uma lógica privatista, bloqueando recursos para áreas fundamentais, tudo para garantir o pagamento da fraudulenta dívida pública. E também garanta a anulação de todas as dívidas dos atingidos pelas enchentes. Todos esses recursos públicos que hoje vão para os cofres dos grandes bancos, assim como os patrimônios que não são utilizados em nome da especulação imobiliária, deveriam estar a serviço da vida das maiorias trabalhadoras atingidas, pois as nossas vidas valem mais do que o lucro dos capitalistas.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias