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França | O governo francês importa mais petróleo russo para quebrar a greve das refinarias

Enquanto as sanções econômicas contra a Rússia persistem, o governo Macron e a empresa Total Energy decidiram aumentar as importações de petróleo deste país diante da escassez de combustível. O governo francês, com total cinismo, passa por cima de suas próprias medidas imperialistas contra a economia russa para colaborar com os patrões que tentam quebrar a greve nas refinarias.

sexta-feira 14 de outubro de 2022 | Edição do dia

Embora a paralisação das refinarias já esteja acontecendo há duas semanas na França, na empresa Total, o governo Macron e a gigante da energia usaram vários de seus "coringas" para evitar a escassez de combustível no país. Depois de ter começado a utilizar estoques estratégicos, criados na década de 1920 para fins militares, o governo, pressionado pela oposição e, em particular, pela direita, acabou acrescentando ao seu arsenal a arma das requisições de grevistas, ou seja, basicamente forçar os trabalhadores a voltarem ao trabalho.

Mas antes de chegar a essa ferramenta, que é muito eficaz, mas também politicamente muito custosa para o governo, decidiu-se aumentar a importação de combustíveis de outros países, além da utilização de estoques estratégicos. No início de outubro, a Total decidiu importar combustível do Kuwait. Mas o país do Golfo Pérsico não é o único a ser chamado para enfrentar a crise social que a França vive, já que a Rússia também aumentou suas exportações. De fato, segundo dados da consultoria britânica Vortexa, obtidos pela L’Humanité, enquanto até recentemente 17% das importações de gás da França vinham da Rússia, estas aumentaram 40% na semana de 2 de outubro.

Saiba mais: Greve de petroleiros na França: "Nenhuma gota de gasolina sairá daqui"

No entanto, em fevereiro deste ano, a Total anunciou que "renunciou a quaisquer operações comerciais nos mercados à vista relacionadas ao petróleo ou derivados russos". Da mesma forma, a empresa anunciou em 22 de março: "A Total Energies está tomando unilateralmente a decisão de não criar ou renovar contratos para a compra de petróleo e derivados russos, a fim de interromper todas as compras assim que possível”

Do lado do governo, Macron também se destacou no desenvolvimento e aplicação do novo pacote de sanções adotado pela União Europeia em 6 de outubro e que prevê a proibição das importações de petróleo russo a partir de 5 de dezembro e de produtos refinados a partir de 5 de fevereiro. Uma política imperialista que vem acompanhada de um discurso russofóbico na Europa.

Denunciando a "incoerência e hipocrisia" da Total e do governo, Emmanuel Lépine, secretário da Federação Nacional das Indústrias Químicas (FNIC) da Confederação Geral do Trabalho (CGT), explica ao L’Humanité: "As capacidades de refino na França não são suficientes para satisfazer a demanda interna. Estamos abaixo da capacidade. Daí essas importações de derivados de petróleo que já atingem picos quando as refinarias estão em operação degradada, por motivos de manutenção ou em situação de greve como é o caso atual”.

Mais uma vez, fica demonstrada a hipocrisia daqueles que querem punir a Rússia fazendo sua população pagar por um lado e por outro tentar quebrar a greve por qualquer meio. A greve do petróleo na França está revelando todo o cinismo e hipocrisia imperialista do governo e dos patrões.




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