Dezenas de milhares de mulheres deixaram seus empregos na Polônia na tarde do dia 30 para tomarem as ruas contra medidas do governo conservador que proíbe o aborto legal em casos de anomalia no feto.
sábado 31 de outubro de 2020 | Edição do dia
As mulheres tomaram as ruas da capital Varsóvia nesta sexta-feira (30) fazendo a maior manifestação no país desde que o Tribunal Constitucional proibiu o procedimento de aborto em casos de má-formação fetal em um ataque direto ao direito das mulheres, como não bastasse o cenário de pandemia com altos índices de infecção pelo COVID-19 na Polônia, com os sistemas de saúde entrado em colapso, o governo aproveita esse para atacar o direito das mulheres poderem comandar seus próprios corpos.
As manifestações vêm acontecendo desde a semana passada, quando a instância mais alta e conservadora da Justiça polonesa declarou inconstitucional o aborto para casos de má-formação fetal. Tomada a decisão, a prática passou a ser permitida apenas para gravidez consequente de estupro ou incesto, ou de risco para a saúde da mãe.
Desde então, ocorrem diversas manifestações pelo país. Na ultima manifestação que ocorreu na capital, as manifestantes carregavam cartazes "Você não tem de andar sozinha" ou "Deus é mulher", onde muitas mulheres levavam guarda-chuvas pretos ou placas com o sinal de um raio, símbolos dos protestos.
A Polônia é um país de maioria católica onde a igreja mantém uma enorme influencia sobre o Estado e com uma das populações mais religiosas da Europa, e que tem uma das legislações mais conservadoras em relação o direito ao aborto no continente. Essas restrições encontram apoio no governo polonês, comandado pelo partido nacionalista conservador PIS.
Além disso as manifestações tem sido reprimidas pelo governo e durante um dos protestos da semana passada as manifestantes que se colocavam contra as medidas reacionárias do governo entraram em choque com policiais e com ativistas católicos.
É em meio a pandemia onde a segunda onda na Polônia já é mais letal do que a primeira, entre março e maio que governo conservador aproveita para atacar o direito das mulheres ao aborto, esse direito que é extremamente restrito e que deveria se um direito universal de todas mulheres garantido pelo estado de forma lega, segura e gratuita, mas que só vai ser conquistado com a mobilização de todas as mulheres de todos os setores da classe trabalhadora e estudantil, é um ataque direto para a luta de milhares de mulheres que morrem em todo mundo por realizarem abortos clandestinos.