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Moradores denunciam violência policial no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro

“Não temos o direito de sair pra trabalhar se não os polícias rouba a nossa casa.” Essa foi a fala de um morador do Complexo da Maré, na cidade carioca na tarde desta terça-feira. A violência policial cresce a cada dia.

Lara ZaramellaEstudante | Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo

terça-feira 31 de janeiro de 2017 | Edição do dia

Já faz anos que a polícia militar ocupou ativamente o Complexo da Maré, localizado na zona Norte do Rio de Janeiro. O Complexo trata-se de um conjunto de favelas com mais de 152 mil habitantes que convivem diariamente com a violência policial.

Nesta terça-feira (31), dois relatos de denúncia a ações policiais foram divulgados pela página do Facebook Maré Vive https://www.facebook.com/Marevive/?fref=ts) , que já há anos funciona como mídia comunitária do Complexo, se propondo a apresentar notícias e informações sobre a comunidade para os seus moradores de forma anônima.
Hoje durante a tarde, duas denúncias foram feitas, uma sobre um táxi, que pertencia a um morador do Conjunto Bento Ribeiro Dantas (Fogo Cruzado), que foi arrastado pelo Caveirão de maneira claramente proposital, deixando o trabalhador com um prejuízo causado por tais agentes da polícia. O morador está procurando ajuda judicial para recuperar os danos causados em seu carro, que é também seu meio de trabalho e sustento.

Táxi do morador do Complexo da Maré destruído por ação da polícia militar carioca.

A outra denúncia foi feita por um morador do complexo que alega ter sido roubado pela própria polícia. Seu depoimento demonstra a sua indignação com a ação policial e como os trabalhadores e moradores da Maré não possuem direitos. Veja o depoimento completo que foi publicado na já citada página do Facebook:
"Eu trabalho em dois empregos, trabalho de dia na Marmoraria e a noite rodo no MotoTaxi, deixo minhas coisas aqui todinha. Uma porrada de moeda que estava juntando e um dinheiro guardado, um dinherim meu e um dinheirim pra pagar os outros e tinha uns trocados também dentro da pochete de Moto Taxi, tinha quase 50 merrés que eu guardo pra passar troco, pra trocar o dinheiro do passageiro.
Caralho!!! Eles cataram o dinheiro todo, aqui meu contra cheque perto, minha carteira perto, eles iam ver que era um trabalhador que mora na casa pô. Entendeu? 
Quer dizer eles iam ver que era trabalhador que morava na casa, eles viram e roubaram mesmo assim, até as moedas, mané. Esses caras passam fome mané!
Devem ser endemoniados essas porra pô!
Crus credo mané, dá até ódio mané! até nojo mané!
Nós não tem o direito de sai pra trabalhar, se não! Olha só, é inacreditável! 
Não temos o direito de sair pra trabalhar se não os polícias rouba a nossa casa.
É inacreditável, na moral, é inacreditável!"

A cada dia que passa mais relatos e denúncias às ações policiais são feitos, além das dezenas de tiroteios e mortes que acontecem com frequência no Complexo da Maré já há anos. Com o discurso de proteção e combate ao tráfico de drogas, a polícia militar vem matando e oprimindo justamente seus supostos protegidos: moradores, trabalhadores, crianças e famílias.




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