Na última terça (25) a prefeitura de Porto Alegre sob comando de Sebastião Melo publicou um edital que busca avançar na privatização da Carris entregando 20 linhas da empresa por pouco mais de R$100 milhões pelos próximos 20 anos. O valor é irrisório e a privatização da empresa vai custar caro aos usuários do transporte e aos rodoviários.
segunda-feira 31 de julho de 2023 | Edição do dia
Em pleno "dia do motorista, a prefeitura publicou um edital para conceder à iniciativa privada 20 linhas da Carris pelo valor mínimo de R$102 milhões, pouco mais de nada, quando comparado a quanto será o lucro. O edital também prevê a concessão do patrimônio da empresa, como terreno, pelos próximos 20 anos. Uma medida que é um ataque aos rodoviários e a toda a população de Porto Alegre e aprofunda a concentração dos transportes nas mãos de poucos empresários.
Os rodoviários da Carris fizeram em 2021 uma forte greve contra a privatização da empresa, apesar da direção do sindicato, ligada à UGT, que esteve de costas para a luta dos trabalhadores. Mesmo assim, o ataque foi aprovado e agora Melo busca garantir que a maior empresa pública de transporte de Porto Alegre chegue às mãos dos empresários. Os mesmos que vibraram com a extinção do cargo de cobrador e avançam com esse ataque nas empresas privadas, impondo também arrocho salarial e precarização à categoria. Hoje muitos motoristas estão obrigados a cumprir dupla função trabalhando sozinhos sem os cobradores com a ameaça de demissão caso não aceitassem. Com a privatização da Carris essa situação também vai se agravar, colocando em risco os usuários e os rodoviários.
A expectativa de Melo é que até o primeiro trimestre de 2024 a chamada "desestatização" esteja concluída, deixando o caminho livre para que os empresários demitam os rodoviários e sucateiem ainda mais o transporte público na capital gaúcha. Isso porque as empresas privadas visam somente seus lucros, às custas de ataques aos rodoviários e um serviço precário prestado à população. Com a privatização, o punhado de empresários que controla o transporte de Porto Alegre estará com o caminho livre para endurecer ainda mais a ditadura patronal nas garagens, perseguindo os trabalhadores enquanto a população sofre com ônibus lotados, linhas e horários cortados.
O vídeo do prefeito comemorando a publicação do edital e despejando mentiras sobre a privatização é revoltante, mas não surpreende. É a continuidade e a consolidação de uma política de direita que avança também com outras medidas de privatização, como na Orla e com a destruição do Parque Harmonia visando o mesmo objetivo.
É preciso enfrentar Melo e os empresários do transporte, se inspirando na forte história de luta da categoria rodoviária e conformando uma aliança com os usuários do transporte público da cidade e com todos os setores afetados pelos ataques de Melo. Isso será possível se organizando nas garagens, unindo os rodoviários da Carris e das empresas privadas, e em cada local de trabalho, pois se trata de uma luta de toda a população de Porto Alegre. As centrais sindicais como CUT e CTB deveriam pautar nas categorias em que dirigem sindicatos e fazer da luta contra a privatização da Carris uma causa popular na cidade de Porto Alegre, denunciando esse ataque e todas as demais medidas de privatização e destruição dos espaços e serviços públicos que Melo leva à frente.
