O Governo Lula-Alckmin, presente na COP 28, anunciou, através da ANP, que pretende leiloar 602 lotes para exploração de petróleo no Brasil, 21 deles em áreas de preservação. Várias das mineradoras interessadas se utilizam de métodos extremamente poluentes. Além disso, as áreas leiloadas irão diretamente afetar terras indígenas e quilombolas.
segunda-feira 11 de dezembro de 2023 | Edição do dia
A Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), pretende leiloar 602 lotes para exploração de petróleo no Brasil, na quarta-feira, após o encerramento da COP 28. O anúncio é contraditório com o discurso que o Brasil tem levado à frente na conferência do clima, buscando se comprometer com a diminuição das emissões de gases de efeito estufa.
A demagogia verde do governo Lula-Alckmin mostra cada vez mais seus limites. Já contando com a presença de várias empresas que atacam impiedosamente o meio-ambiente, como por exemplo a Vale assassina responsável pelos desastres em Mariana e Brumadinho, a Syngenta que é uma das principais produtoras de agrotóxicos do país e a Braskem, que agora afunda Maceió por conta de sua mineração predatória, agora se acentua ainda mais com a declaração da ANP.
Após a polêmica envolvendo a entrada na OPEP, agora o Brasil ataca diretamente os direitos dos povos indígenas ao colocar em cargo de mineradoras a administração de terras indígenas e territórios quilombolas. Há pelo menos 20 territórios indígenas e 15 unidades de conservação ameaçadas pelas atividades de mineração que serão conduzidas nos lotes. Não obstante, a técnica de mineração utilizada, o “fracking”, que consiste no fraturamento de rochas para extração de combustíveis fósseis, é extremamente poluente para o meio-ambiente pois pode causar contaminação dos lençóis freáticos, podendo contaminar enormes reservas de água. Já vimos essa questão se desenvolver em países próximos, como por exemplo na região de Vaca Muerta, na Argentina, onde também há mineração com fracking.
Essa é mais uma amostra de como a frente ampla do governo Lula-Alckmin não está de fato ao lado dos oprimidos e explorados, e sim dá as mãos ao grande capital, nacional e internacional. Além de participar da OPEP, buscam agora aumentar a produção de petróleo, e ainda de forma a ameaçar populações inteiras, como é o caso de algumas comunidades quilombolas que se encontram totalmente dentro dos lotes de exploração que serão leiloados. A luta contra o desastre climático e ambiental imposto pelo capitalismo não pode ser confiando nesse governo de conciliação de classes, mas sim confiando na força da classe trabalhadora junto aos povos indígenas e quilombolas, de forma independente.
