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Franca é uma pequena cidade do interior paulista com enorme concentração industrial do ramo de calçados. Por isso carrega também uma importante tradição operária. O Esquerda Diário fez uma entrevista com um operário de Franca sobre o movimento sindical desta categoria frente à crise e aos atuais ajustes do governo.

quinta-feira 6 de agosto de 2015 | 01:54

Foto: José Luis da Conceição/ A2 FOTOGRAFIA

Esquerda Diário: Estamos sabendo que está ocorrendo as eleições do sindicato de sapateiros de Franca, e que tem sido uma eleição bastante conturbada. Como está essa eleição? Pode nos contar um pouco sobre os últimos eventos?
José Rocha*: Eu gostaria de falar um pouco sobre um problema que tem em Franca e vem se estendendo desde o golpe sindical que aconteceu no início da crise 2008 até 2010 quando a CUT perdeu a Carta Sindical que representava o setor calçadista francano. Então, como eu vejo, é que a Força Sindical conseguiu tomar o sindicato, fazendo uma festa de final de ano recolhendo assinaturas nesta festa, foi um golpe bem sujo, que tirou os direitos para poder passar o banco de horas e flexibilizar mais ainda os direitos trabalhistas da categoria dos sapateiros de Franca. Aí vem se estendendo uma briga até a chegada das eleições que foi ano passado, que aconteceram dia 25 e 26 de Novembro de 2014, que foi totalmente fraudada pela Força Sindical. E aí a oposição, que eram três chapas, começaram a fazer uma briga política para tentar, junto também com a Chapa 3 que é a Intersindical, entrar com uma ação na Justiça do Trabalho. E conseguiram no dia 25 de Junho que se fizessem outra eleição no prazo de 15 dias para o processo eleitoral ser iniciado e bloqueou as contas da atual direção da Força Sindical. E agora pelo que eu vejo o setor da oposição que está mais agitando mesmo é da Intersindical, que tá querendo disputar de forma mais aberta, que era a antiga direção do antigo sindicato, que era um sindicato histórico que antes pertencia à CUT. E eu acredito que é bem provável que agora consigam tirar a Força Sindical, por causa que ela entregou vários direitos, ficou de braços cruzados vendo um dos maiores níveis de demissões no Brasil inteiro que tivemos aqui em Franca e apenas com uma pequena recomposição dos postos trabalhos perdidos no ano passado e começo deste ano.

ED: Que programa e propostas que as chapas concorrentes têm apresentado para os trabalhadores em relação aos ajustes do governo, aos cortes de direitos e às demissões frente à crise?
JR: Então, sobre as três chapas, uma é da atual direção que ainda não se prontificou, que diz ao GCN, que é o jornal da cidade, que ainda não foram notificados ainda da decisão do judiciário, então eles ainda ficam numa posição mais de não se pronunciar. A terceira chapa que é a Chapa 3 que é a chapa da Intersindical fez um ato em Maio para tentar mobilizar a categoria, mas só que ainda muito por fora dos acontecimentos que estão acontecendo no país e também sem colocar aspectos de saída para as demissões que estão acontecendo aqui no último período em Franca. Então a maioria dos materiais são completamente ligados à disputa eleitoral mesmo do sindicato, então eles não colocam muito, pelo que eu vejo, a questão de como se dar uma saída real para essas demissões.

ED: Por último, a crise vem afetando gravemente a economia brasileira, principalmente o setor industrial. Como isto vem impactando Franca e o setor calçadista?
JR: Aqui em Franca acho que não está nada animador para o setor calçadista, por causa do enfraquecimento do mercado interno diminuíram muito os postos de trabalho, os meus vizinhos e meus amigos que são sapateiros a maioria estão desempregados, e não houve nenhuma grande recomposição dos postos de trabalho. Eu acredito que se torna uma situação bem complicada na cidade porque uma das maiores fontes de renda do trabalhador francano é o setor calçadista e eles justificam que é a questão do sapato chinês que está tirando os postos de trabalho pra poder justificar, sendo que eles (os donos das fabricas de calçados) tiveram altos lucros e com um salário (dos operários calçadistas) extremamente arrochado por causa das demissões anuais, por causa das trocas de fábricas e da sazonalidade que existe aqui na cidade. Então a única saída para nós mesmo é só a mobilização, tomar o sindicato e dar uma saída real para todas as demissões que estão acontecendo aqui, por que está muito difícil, muito pai de família sem meio de sustento para que a patronal continue ganhando seus altos lucros.

*O nome do entrevistado foi alterado por questão de segurança, para não expô-lo frente à patronal e à burocracia sindical.




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