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Denúncia no trabalho | Empresa terceirizada do Metrô-SP recebe R$ 50 milhões mas não paga nem Vale Transporte aos trabalhadores

O Esquerda Diário recebeu uma série de denúncias mostrando as péssimas condições de trabalho em que as terceirizadas da empresa Works Construção e Negócios estão sendo submetidas. A empresa acabou de assumir o atendimento na linha de bloqueio das estações, recebendo mais de R$ 51 milhões no pregão. Preservamos a identidade dos trabalhadores para evitar qualquer tipo de retaliação.

sábado 3 de fevereiro | Edição do dia

Imagina você acabar de conseguir um emprego, assinar um contrato, organizar sua vida e de sua família, e no dia do treinamento a empresa simplesmente anunciar que não pagará o VT no prazo estipulado, que mudará o regime de tempo de trabalho definido de antemão em contrato, falsificação de certificado e que o funcionário não terá EPI para trabalhar, pelo contrário, vai usar uma sapatilha que no primeiro uso deixa o pé roxo e machucado? É por isso que os trabalhadores da Works estão passando, além dos baixíssimos salários e da superexploração.

O governo de SP realizou no final do ano um pregão que terceiriza a área responsável pelo atendimento nas estações. Essa decisão gerou revolta entre os trabalhadores que acusam o governo de estar avançando na terceirização com vistas à privatização completa do sistema metroviário, como inclusive já foi explicitamente expresso pelo governador Tarcísio de Freitas.

Por meio do Sindicato dos Metroviários se formalizou a denúncia de que o metrô não poderia terceirizar uma área que já possui efetivo concursado realizando a função, pois com a terceirização isso vai significar, além de um serviço mais precário para os usuários, salários mais baixos para os trabalhadores, condições mais precárias de trabalho com sobrecarga de trabalho, desvio de funções, condições inadequadas, assédio moral e remoções sem critério.

Leia mais: Lutar contra a terceirização do atendimento nas estações e as privatizações de Tarcísio

Dito e feito. Antes mesmo dos trabalhadores terceirizados começarem a trabalhar, a revolta com as péssimas condições foi generalizada. Apesar de barganhar cerca de R$ 51.374.292 milhões de reais, a Works, segundo denúncias que recebemos, sequer oferecerá EPI’s:

Assinamos um documento que tinha escrito que receberíamos EPI, mas não recebemos nada, uma sapatilha não é EPI, eu não sou obrigada a ir de sapatilha, isso que a empresa está fazendo é uma fraude.

Fraude também quando impuseram aos trabalhadores que estes assinassem uma declaração de conclusão de curso de treinamento 40 horas de elétrica e 40h pra trabalhar em espaço fechado.

Outra funcionária relata ainda ao Esquerda Diário:

Eles falaram que poderia ir de tênis mas que teria que ser todo preto, só que ninguém tinha tênis inteiro preto e ninguém tinha condições de comprar. Aí a supervisora da empresa falou "vocês não querem trabalhar? Então deem um jeito."

A situação só piora. Em meio ao descontentamento geral dos trabalhadores, a empresa ainda anunciou que o regime de trabalho não será a escala 6x1 folgando aos domingos, mas 5x1, mudando o que foi assinado em contrato sem absolutamente nenhuma consulta prévia aos trabalhadores.

Imagina se é o trabalhador quem chega para o patrão e fala que decidiu mudar seu regime de trabalho que foi assinado em contrato, isso jamais aconteceria.

Eles só falaram que não ia ser mais igual ao contrato, que ia ser uma escala de 5x1 e que eles tinham mudado o contrato de última hora, logo antes da reunião.

Além disso, segundo as denúncias que recebemos, a Works tinha informado aos seus trabalhadores que pagaria o vale transporte em 3 dias. Somente neste dia de treinamento a empresa cinicamente avisou que pagaria somente 10 dias depois. Ou seja, os trabalhadores teriam que literalmente pagar para trabalhar.

É um absurdo a empresa receber R$ 50 milhões do governo e não pagar nem o vale transporte pra gente.

O Esquerda Diário disponibiliza nosso espaço para que mais trabalhadores possam denunciar as condições diárias da rotina de trabalho e nos somamos na luta para que os metroviários efetivos e os trabalhadores terceirizados se unifiquem para batalhar contra os ataques da empresa e dos governos como o de extrema direita Tarcísio de Freitas. Os metroviários demonstraram no ano passado que é com a luta que se responde à altura, confiando nas próprias forças, defendendo um metrô que seja 100% público, gratuito, controlado pelos próprios trabalhadores e para que todos os terceirizados possam ser efetivados sem a necessidade de concurso público.

Mande sua denúncia com garantia absoluta de anonimato para o Instagram do Esquerda Diário




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