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Por um plano de lutas já! | Contra a precarização e falta de permanência, estudantes da UFMG constroem paralisação para dia 07/11, junto a trabalhadores estaduais

Apesar da afirmação cômica da Reitoria de que não há precarização na UFMG, a realidade da nossa universidade é a falta de professores, precarização de diversos cursos, falta de permanência estudantil e além da péssimas condições que vivem os trabalhadores terceirizados e dos bandejões, a Reitoria e Fump querem aumentar o preço das refeições para absurdos R$ 8,37. Contra esse cenário, ês estudantes da UFMG vão parar suas aulas no dia 7/11, se unificando com a paralisação dos trabalhadores estaduais contra o Regime de Recuperação Fiscal de Zema. Contra a precarização na educação e a RRF de Zema: o dia 7 precisa ser um ponto de apoio para a construção de um plano de lutas, unindo estudantes e trabalhadores, para vencer.

segunda-feira 6 de novembro de 2023 | Edição do dia

Em contraposição a posição de melhor universidade federal do país ranqueada pelo Inep, a realidade em que vivem ês estudantes da UFMG, principalmente das licenciaturas, humanidades e dos cursos do Reuni, é outra. Diversas graduações encontram-se diante da falta de professores, como no curso de História em matérias optativas necessárias para a conclusão da formação, ou mesmo em matérias obrigatórias como no curso de Design, são alguns casos emblemáticos do atual cenário de esvaziamento do corpo docente da UFMG. Como a Reitoria e o governo federal querem que a gente se forme, se nem mesmo uma grade decente de professores nos é oferecida?

Nos cursos de Ciências Socioambientais, ês estudantes correm o risco de terem uma de suas disciplinas ocupando 4 horários de aula em um só dia, resultando em mais precarização. Pra variar, não bastasse esse cenário escandaloso, a situação de diversos prédios como a FAFICH é a de completo abandono: uma infraestrutura grosseira de salas de aula apertadas, defasadas em equipamentos e abafadas, além de uma péssima conexão com a internet. Também há casos de estudantes que precisam cruzar o campus para assistir aulas em prédios distantes por falta de estrutura. Agora, se você acha que esse é o pior que a Reitoria pode nos oferecer, se prepare, pois o curso de Moda nem mesmo prédio lhes são garantidos.

Esse sucateamento da educação na UFMG assim como em todo o Brasil é descarregado, sobretudo, sobre as costas dês estudantes mais vulneráveis, que são em sua maioria negres e trans, que conseguiram furar o filtro racista e transfóbico do vestibular e agora lutam para permanecer. Esses também são os setores que se encontram majoritariamente nos cursos noturnos e em geral precisam conciliar suas vidas entre a faculdade e o trabalho.

Esse cenário é fruto dos ataques acumulados por anos sobre a educação básica e de nível superior, já que parte do aprofundamento da precarização e elitização que querem impor nas universidades públicas, o está ligado ao projeto burguês do Novo Ensino Médio e à ideologia de empreendedorismo com uma juventude em trabalhos precarizados. Os cortes bilionários no orçamento da educação pública, aplicados desde o governo Dilma e aprofundados nos governos pós-golpe de Temer e Bolsonaro, seguem ilesos conforme o plano econômico de Lula-Alckmin, que além do corte milionário de R$332 milhões na educação em julho, cortou da Capes R$116 milhões.

Enquanto nossa universidade se encontra na atual situação de precarização, o governo Lula-Alckmin aprofunda acordos com o centrão em emendas parlamentares bilionárias e entrega R$ 6 bilhões do MEC para o terceiro bilionário mais rico do país, Jorge Paulo Lehmann, articulador do golpe de 2016 e grande entusiasta da Reforma do Ensino Médio e da "reforma da reforma". Em meio a estes acordos com a direita e o centrão, aqui em Minas Gerais o governador reacionário e bolsonarista Romeu Zema declarou uma verdadeira guerra contra os trabalhadores, a população mais pobre e o meio ambiente, avançando com um novo ataque de ajuste fiscal, o Regime de Recuperação Fiscal. O RRF de Zema prevê a privatização de estatais nevrálgicas como a Cemig (eletricidade), a Copasa (água) e hospitais da Fhemig, além do congelamento dos salários e de concursos públicos por 9 anos. Esse plano de ajustes está sendo negociado diretamente com o governo Lula-Alckmin para atender os requisitos do seu novo teto de gastos, o Arcabouço Fiscal, a fim de garantir os interesses do capital financeiro e do imperialismo com o pagamento da fraudulenta dívida pública mostrando que a conciliação de classes é o que abre espaços para a extrema-direita. Contra esses ataques a serviço de que sejam os trabalhadores que paguem pela crise, os servidores estaduais farão uma paralisação que será no mesmo dia da paralisação estudantil na UFMG, na próxima terça, dia 7.

Em sintonia com os acordos econômicos nacionais, a Reitoria da UFMG administra o orçamento da nossa universidade sem que nem mesmo a comunidade universitária tenha acesso ao livro de contas. Ela é responsável por manter no chão dos prédios o regime de trabalho da terceirização, e de mãos dadas com a Fump, perpetua as péssimas condições em que os trabalhadores dos bandejões denunciam há semanas. A verdade é que todas as prioridades internas são definidas de forma antidemocrática pela Reitoria, Diretorias e o Conselho Universitário, por isso para que ês estudantes consigam arrancar cada uma de suas demandas é preciso que a luta se dê em enfrentamento, sem esperar que nada venha pela benevolência da estrutura de poder da universidade, que está aquém de atender os reais interesses do conjunto dês estudantes e dos trabalhadores.

Ao mesmo tempo em que nos encontramos com a precarização em nossos cursos e prédios, a Fump, que alega necessidade de aumentar o preço das refeições para absurdos R$8,37, contêm um superavit atual de escandalosos R$ 700 mil reais (!!!). Como pode uma entidade que se diz “sem fins lucrativos”, acumular esse valor enquanto diversos estudantes são excluídos ou possuem acesso a bolsas de permanência insuficientes, ou enquanto os trabalhadores dos bandejões são condenados a péssimas condições de trabalho? Não bastasse já cobrar um dos preços de restaurantes universitários mais caros do país (R$5,60), a Fump de mãos dadas com a Reitoria ameaça a permanência de milhões com o aumento do bandejão. Um convite explícito a aqueles mais vulneráveis se retirem da universidade. Lutemos pelo Fora Fump e para que sejam ês estudantes, com representantes eleitos pelas bases, a administrarem a assistência estudantil.

Diante de todos esses ataques e da profunda precarização na UFMG, fica escancarado que só podemos confiar na força estudantil organizada de forma independente, para arrancar cada uma de nossas demandas, sem nenhuma confiança na Reitoria, Diretorias e no Governo Federal, como nos deixa de lição as greves da USP e da Unicamp. Apostamos nos métodos históricos de luta estudantil - como greves, atos e paralisações, buscando ações para massificar a luta como a construção de festivais que abram a universidade para a população, como fizeram os estudantes da USP em greve. Por isso, no próximo dia 7/11 ao invés de irmos às nossas aulas, paralisaremos nossos cursos por contratação de mais professores, contra o aumento e pela derrubada radical dos valores do bandejão, pelo atendimento imediato de todas as reivindicações dos trabalhadores da Fump, pela abertura do livro de contas da Reitoria e contra o Arcabouço Fiscal do governo Lula-Alckmin e o RRF de Zema, defendemos o não pagamento da dívida pública.

Para que a gente consiga arrancar todas as nossas demandas, nós da Faísca Revolucionária, sempre defendemos que as assembleias estudantis devem ser construídas desde as bases, para que sirvam como reais espaços de debate e deliberação entre ês estudantes, de forma orgânica. Foi com esse objetivo, que propusemos e articulamos no curso de História, um comitê de mobilização com outros estudantes independentes, construindo uma forte assembleia que contou com mais de 60 estudantes, sendo o primeiro curso a votar pela paralisação na UFMG. Infelizmente não foi esse cenário que vimos nos demais cursos, onde o nosso DCE (Afronte e Juntos/PSOL) e CAs e DAs se contentaram em assembleias esvaziadas, propuseram que fossem “rápidas” sem debates, apenas deliberações, ao invés de batalhar por massificá-las, sem fechar um mote claro que pudesse elucidar o motivo da paralisação para o conjunto dês estudantes.

No dia 7/11 chamamos todes a se somarem no ato unificado de servidores do estado contra a RRF e os ataques de Zema, também fazendo ecoar os gritos contra os bombardeios de Israel contra o povo palestino, pela ruptura imediata de todas as relações entre Brasil e Israel, incluindo as [relações da UFMG com universidades inraelenses-https://www.google.com/amp/s/www.esquerdadiario.com.br/Pela-ruptura-de-todas-relacoes-entre-a-UFMG-e-instituicoes-israelenses%3famp=1], uma defesa que precisa estar na ordem do dia do movimento estudantil com comitês de apoio e solidariedade.

Rumo ao ato, o DCE disponibilizará ônibus que sairão do prédio de Belas Artes às 14h, e às 17h15 retornaremos à UFMG para a assembleia geral de estudantes na Praça de Serviços. A paralisação do dia 7 precisa ser um ponto de apoio para organizar nossa luta contra a precarização da universidade, pela imediata contratação de professores e funcionários, contra o aumento do preço dos bandejões e em defesa dos trabalhadores terceirizados. O DCE e as entidades estudantis precisam servir de ferramenta de mobilização, impulsionando comitês de mobilização abertos aos estudantes em cada curso, ao invés de seguir alimentando ilusões na Reitoria, na burocracia universitária e no governo Lula-Alckmin, como se pressionando por dentro da estrutura de poder da universidade pudéssemos conquistar nossas demandas. Enquanto a Reitoria só prepara mais um ataque e a política de conciliação do governo vem fortalecendo a extrema-direita.

Somente organizando desde a base um forte plano de luta, com cada curso debatendo como articular melhor a mobilização por suas demandas, buscando coordenar nossas ações de forma unificada e votando em um grande ato da UFMG, é que vamos poder ampliar e massificar nossa luta e, assim, arrancar cada uma de nossas demandas.




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