×

PT-PSDB | Dilma e Aécio trocam acusações de golpismo

Aécio tenta aproveitar crise do governo Dilma para se consolidar como oposição. Troca de acusações encobre o fato de ambos concordarem nos ataques contra os trabalhadores.

terça-feira 7 de julho de 2015 | 23:59

O senador do PSDB Aécio Neves afirmou nesta terça-feira que foi o próprio governo do PT que adotou um "discurso golpista" ao tentar desqualificar qualquer ferramenta constitucional para fiscalizar a presidente Dilma Rousseff.

"Tudo que contraria o PT, e os interesses do PT, é golpe! Na verdade, o discurso golpista é o do PT, que não reconhece os instrumentos de fiscalização e de representação da sociedade em uma democracia", opinou o senador tucano em um comunicado.

Aécio questionou a estratégia do governo depois que Dilma considerou, em uma entrevista publicada hoje pelo jornal "Folha de S. Paulo", como "golpistas" as tentativas da oposição de abrir um julgamento político para destituí-la por sua suposta responsabilidade no escândalo de corrupção na Petrobras.

Alguns setores da oposição de direita exigem a abertura do processo de impeachment de Dilma não só pelo escândalo da Petrobras, mas também pelas denúncias do Tribunal de Contas da União (TCU) de que o governo maquiou as contas públicas para esconder o déficit fiscal.

"Para o PT, se o TCU identifica ilegalidades e crime de responsabilidade nas manobras fiscais autorizadas pela presidente da República, trata-se de golpe. Para o PT, se o TSE investiga ilegalidades na prestação de contas das campanhas eleitorais da presidente da República, trata-se de golpe. Se a Polícia Federal e o Ministério Público investigam crimes de corrupção praticados por petistas, para o PT trata-se de golpe", disse Aécio na nota.

Na entrevista que concedeu à "Folha de S. Paulo" e na qual se pronunciou sobre as declarações de líderes da oposição, que afirmam que Dilma não conseguirá terminar seu segundo mandato, a presidente afirmou que não existem motivos para um impeachment e afirmou que não tem medo de "cair".

"Eu não vou cair. Eu não vou, eu não vou. Isso aí é moleza, é luta política. As pessoas caem quando estão dispostas a cair. Não estou. Não tem base para eu cair" admitiu Dilma na entrevista. A presidente descartou estar nervosa ou atemorizada com as ações da oposição, rejeitou os rumores de que estaria pensando em suicídio e lembrou que nem quando foi torturada pela ditadura pensou em se matar.

O vice-presidente Michel Temer (PMDB) afirmou ontem que um processo de impeachment contra Dilma é "impensável", mas revelou estar "muito preocupado" porque essa ideia está sendo "patrocinada" por vários setores.

Após uma reunião com Temer nesta terça-feira, os líderes dos partidos da base aliada do governo divulgaram um comunicado no qual manifestaram seu apoio à presidente.

A resposta de Aécio parece se tratar, antes de mais nada, de mais uma tentativa de se manter como principal figura de oposição em meio a crise de Dilma e do PT, construindo um perfil para o PSDB aproveitar a crise do petismo expressa na baixíssima taxa de aprovação de Dilma por conta dos ajustes. A possibilidade de interrupção do segundo mandato de Dilma não é consenso nem mesmo dentro do PSDB.

A ala do partido ligado a Geraldo Alckmin, de olho na disputa interna com Aécio, entende que a queda imediata da presidenta apenas beneficiária o senador mineiro e, por isso, prefere estender a agonia de Dilma e alçar a campanha do governador de São Paulo.

A troca de acusações entre PT e PSDB esconde, mais uma vez, a estratégia comum de aprovar os ajustes e a agenda econômica de direita, descarregando a crise sobre os trabalhadores e a juventude.

ED/EFE




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias