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PT ACEITOU O GOLPE?
Os efeitos da conciliação petista com a direita
Isabel Inês
São Paulo

Repetir o mesmo método e esperar resultados diferentes, parece o PT novamente buscando ”impedir” o impeachment como o mesmo método de acordos e conchavos, e esperar algo novo que não seja uma nova derrota.

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Contudo “um mais um” não vai resultar “um” de novo. A política de acordos e subornos, combinada à paralisia pelas centrais sindicais do desenvolvimento de lutas contra o governo golpista e seus ataques, fazem do PT parte integrante do fortalecimento da direita. Qual o futuro do PT?

Longe de conseguirmos esgotar essa questão aqui, fato é que pós golpe o PT fez com que o sentimento democrático contra a direita perdesse força a partir da dupla política de atos inofensivos tipo showmícios e contenção pela CUT, por outro lado Lula e Dilma colocaram suas fichas em impulsionar a política de novas eleições, frente a possibilidade de reeleição de Lula ao mesmo tempo que garantiria uma saída institucional com aparência democratica, e não apenas um “volta Dilma” tendo em vista a baixa aprovação da mesma. A chave para o PT foi discursar contra o golpe e como defensores da democracia, enquanto buscava apoio parlamentar para um governo de transição Dilmista, que por um lado preparasse novas eleições, e a possível volta de Lula, e por outro provasse aos empresários, que ela também poderia ajustar a economia ao gosto imperialista, mas com um discurso democrático.

Contudo há cerca de um mês da consolidação do impeachment a política de novas eleições perdeu forças. Dilma em junho colocou a problemática de que um plebiscito para abrir novas eleições só se daria se obtivesse apoio do senado. Além dos 22 senadores contrários ao seu afastamento, deveria conseguir respaldo de mais 4 para ter margem para reverter o impeachment e sustentar essa proposta no congresso.

Apesar de ter orientado os dirigentes partidários do PT, PDT e PCdoB a aumentarem a ofensiva sobre os “indecisos”, nem mesmo dentro do próprio partido essa proposta teve unanimidade, aliados de Dilma avaliam que novas eleição não resolveriam a crise política e dificilmente seria aprovada.

Um mês depois dessa declaração a situação do PT não se definiu, pelo contrario, aprofundou a crise desse partido, nas ultimas semanas Lula voltou a Brasília para tentar articular a proposta e ganhar votos contrários ao impeachment. Entre as trocas de favores entre pró e contra impeachment Lula esta oferecendo apoio político nas campanhas municipais em troca de votos a favor da Dilma, Lula que já se encontra em Pernambuco, irá rodar o nordeste, reduto eleitoral do partido, em busca de acordos. Por outro lado Temer troca cargos por apoio, no jogo sujo dos subornos parlamentares.

Enquanto os jantares do petista com o senador Roberto Requião (PMDB-PR) perdem força em conseguir novos aliados do “volta Dilma”, Lula vem demonstrando irritação, e aprofunda um discurso conciliatório com a direita. Afirma que caso Dilma retorne fará um governo “diferente” e com ele no comando de mudanças “imediatas” na economia, ao mesmo tempo que a ex-presidente acena positivamente a equipe econômica de Temer, elogiando Henrique Meirelles e suas medidas de controle de despesas, privatizações, aumento de imposto. Que na pratica deve cortar verbas da saúde e educação, acelerar as privatizações como na Petrobrás, Aeroportos e Hidrelétricas, além de colocar a crise nas costas dos trabalhadores com o aumento da tributação da Cide (imposto sobre a gasolina), e PIS-COFINS.

Além da recente votação ao novo presidente da câmara, onde o PT e o PCdoB optaram por votar em Rodrigo Maio (DEM) contra Cunha. Mostrando seu completo antagonismo ao sentimento das mulheres e diversos setores da população que queriam ver Cunha fora, mas não fortalecendo ainda mais a direita, o PT por sua vez foi parte de eleger um neoliberal da direita do Brasil para a câmara.

O PT para conservar os métodos mercenários do regime e suas instituições mais conservadoras, como o judiciário e a Lava-Jato, acaba agindo funcionalmente para estabilizar o governo Temer. E que nas ultimas semanas, como colocamos acima, vem aprofundando seu próprio giro a direita para aparecer como oposição “responsável”, esquecendo do golpe e aparentemente esperando uma possível volta em 2018 ao passo que corre desesperadamente para não perder de lavada nas eleições municipais.

Enquanto economistas e a mídia elogiam os ajustes fiscais que atacam a classe trabalhadora, o petismo fica entre a cruz e a espada, deixando em crise suas bases ao não mover sua influência popular e sindical, com mais medo da radicalização dos trabalhadores do que de serem atropelados pela direita. Inclusive um colunista da importante revista Carta Capital, que costuma defender o PT, a se questionar se a real estratégia do petismo é na realidade não combater o golpe de fato.

O PT esta dando nesse período pós golpe uma serie de exemplos do seu profundo caráter de conciliação de classes, enquanto a CUT resolve chamar em meados de agosto um dia de greve geral e mobilização.

Depois de meses de silencio e passividade criminosa, as centrais sindicais e estudantis petistas resolvem fazer uma jornada de mobilização controlada e aparatada, para coincidir com a votação definitiva do impeachment no senado, e assim atender a seus fins midiáticos, daqueles que impediram o desenvolvimento de processos mais agudos contra o golpe institucional, tentarem se legitimar se pintando de vermelho. Podemos afirmar categoricamente que o estado de perplexidade e passividade transmitido por Lula e pela paralisia criminosa da burocracia sindical petista (CUT/CTB)/ sobre o movimento de massas é um pilar fundamental para a consumação do golpe institucional da direita.

Isso tudo não descarta o PT do jogo político ou assina seu atestado de óbito. O próprio Temer já acenou que quer dialogar com Lula na eventualidade da consumação do impeachment no Senado, e que irá tomar medidas antipopulares. Ou seja, ainda precisa de uma aliança com Lula para impedir greves e lutas, ratificando acordos que o PT soube muito bem fazer com a direita durante os últimos anos.

Mas com certeza coloca em questão, o que restará desse partido ao se colar a direita, mas também, e principalmente para onde vai todas aquelas pessoas que já apoiaram o PT sinceramente acreditando numa alternativa dos trabalhadores, e que vem a consumação da estratégia de conciliação de classes. A todos aqueles que saíram as ruas contra o golpe institucional e que também não viam uma saída pelo petismo, esta colocada a questão de qual alternativa política para encarar a crise e acabar com esse regime de mercenários e acordos contra os trabalhadores, as mulheres, os jovens e os LGBTs.

O Esquerda Diário quer ser parte de construir essa alternativa política, que combata a direita sem cair em um novo petismo, que de voz aos trabalhadores, e aos mais oprimidos denunciando os assédios nos locais de trabalho, as opressões, e fazendo uma política sob os olhos destes. Ou seja, olhando o mundo sob os olhos do anti-capitalismo para construir uma camada de centenas de milhares que queriam transmitir essas ideias em cada local de estudo e trabalho. Frente as eleições municipais nossas candidaturas do MRT vão ser parte de construir essa voz anti-capitalista, apontando uma resposta revolucionária frente a crise do petismo e para o combate a direita e a todos os ataques e ajustes que essa quer passar.

 
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