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CAMPINA GRANDE (PB)
Conferência sobre Leon Trotsky com participação de Esquerda Diário em Campina Grande
Shimenny Wanderley
Campina Grande
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Nos quarenta e três anos de minha vida consciente, permaneci um revolucionário; durante quarenta e dois destes, combati sob a bandeira do marxismo. Se tivesse que recomeçar, procuraria evidentemente evitar este ou aquele erro, mas o curso principal de minha vida permaneceria imutável. Morro revolucionário proletário, marxista, partidário do materialismo dialético e, por consequência, ateu irredutível. Minha fé no futuro comunista da humanidade não é menos ardente; em verdade, ela é hoje mais firme do que o foi nos dias de minha juventude.
Natascha acabou de chegar pelo pátio até a janela e abriu-a completamente para que o ar possa entrar mais livremente em meu quarto. Posso ver a larga faixa de verde sob o muro, sobre ele o claro céu azul, e por todos os lados, a luz solar. A vida é bela, que as gerações futuras a limpem de todo o mal, de toda opressão, de toda violência e possam gozá-la plenamente

(Leon Trotsky. Coyoacán, 27 de fevereiro de 1940)

De 04 a 08 de julho foi realizado em Campina Grande (PB) o II Seminário de Tradição Marxista no Século XX. O professor de Ciência Política Dr. Gonzalo Adrián Rojas da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) participou por Esquerda Diário de uma mesa debate apresentando uma conferência sobre Leon Trotsky, na quinta-feira dia 07 de julho. Na mesma mesa o professor Cabral de História da UFCG que realizou uma conferência sobre Eric Hobsbawn, mas nesta matéria focaremos na apresentação sobre Trotsky.

Gonzalo Rojas iniciou sua fala se apresentando como parte da Rede Internacional de Jornais Esquerda Diário, que no Brasil é impulsionado pelo Movimento Revolucionário dos Trabalhadores (MRT) e que inclui La Izquierda Diário da Argentina, México, Chile, Uruguai, Bolívia e Venezuela, IzquierdaDiariodo Estado Espanhol, Revolution Permanente da França, LeftVoice nos Estados Unidos e KlassegegenKlasse na Alemanha e sua importância política.

Para iniciar a conferência contextualizou sobre Trotsky afirmando a relevância de recuperar seu legado teórico, principalmente numa conjuntura mundial de aprofundamento da crise capitalista, fim de ciclo dos governos ditos ‘pós-neoliberais’ e giro a direita na superestrutura política latino-americana. Recuperar Trotsky frente aos neoliberais, as tentativas de saídas pela ultradireita, neodesenvolvimentistas ou neokeynesianos que acreditam que é possível regular o capitalismo,ao se abrir um campo anticapitalista grande é esse o lugar de intervenção política do trotskismo é recuperar a perspectiva do marxismo revolucionário e do comunismo, como possibilidade de superação do capitalismo. Isto num contexto onde se articula de forma desigual e combinada crise econômica e crise política em ritmos diferentes por países segundo sua própria formação econômico-social.

Explicitou que realizaria um recorte que tinha relação com a política e a história para realizar uma apresentação geral do revolucionário bolchevique frente a outras possibilidades de construção da conferencia, focando por exemplo de forma detalhada a elaboração de seus conceitos e suas contribuições a teoria marxista.

Trotsky foi banido por Stalin mas também, em outro nível lógico, é um banido na academia que por ser um marxista revolucionário, não é um marxista palatável e não é institucionalizável.

Em seguida traçou alguns dos elementos mais importantes da biografia e das obras de Trotsky que foi Junto a Lenin, o mais importante teórico marxista do século XX, onde juntos foram os principais dirigentes da Revolução Russa de 1917, que com os trabalhadores se camponeses russos com as rédeas de seus destinos tendo à sua cabeça o Partido Bolchevique, foi a revolução mais importante da história da humanidade. Seu papel na organização do vitorioso exército vermelho quase a partir o nada, em luta contra os exércitos imperialistas e a oposição interna, permitindo a consolidação do Estado Operário soviético. Na Revolução Russa de 1905, Trotsky tornou-se presidente do primeiro soviet de Petrogrado só com 26 anos. Realizou inúmeros aportes teóricos ao marxismo e o leninismo, dentre os quais podemos destacar a Teoria da Revolução Permanente, mas também teorizou sobre outros grandes temas como: relações inter-imperialistas, sua relação com a economia e luta de classes, o surgimento do fascismo, a crítica implacável à política stalinista, os regimes bonapartistas “sui generis” nas semicolônias latino-americanas, revolução e contrarrevolução na URSS,redigiu com Lenin várias das principais resoluções da III Internacional e foi o fundador da Quarta Internacional, entre várias outras coisas.

Sem dúvidas, Trotsky foi um dos mais importantes dirigentes da classe operária mundial, assim como Lênin um teórico e dirigente da revolução, e sua tradição representa a verdadeira continuidade do marxismo revolucionário na época imperialista. Foi assassinado em agosto de 1940, durante seu exílio no México por um agente stalinista, o espanhol Ramon Mercader. Segundo Perry Anderson, Trotsky foi o mais sofisticado analista político do período entre guerra do ocidente, mas ainda que o próprio Antonio Gramsci.

Em linhas gerais, Gonzalo Rojas traçou as ideias fundamentais de Trotsky como o combate a ascensão do Stalinismo, enfatizando toda a perseguição política stalinista e toda a dificuldade que Trotsky teve para difundir sua teoria; os escritos sobre o fascismo, destacando a atualidade deste; crítica ao PC da Alemanha; sobre o programa de transição, as estratégias e táticas de luta do proletariado, entre outros a partir de uma visão ofensiva do marxismo.Apresentou também as críticas de Trotsky as políticas do estalinismo na China, na França, na Alemanha e na Espanha.

Por fim, falou um pouco sobre as contribuições da teoria e também da pratica revolucionária de Trotsky para os dias atuais afirmando que traz lições valiosaspara a classe trabalhadora, do ponto de vista político e estratégico, que é um revolucionário que deve ser estudado e sua estratégia deve ser tomada a sério, principalmente no momento político que nos encontramos. Falou da importância de ler e divulgar a obra de Trotsky.

Ao abrir para o debate deu a oportunidade para Gonzalo Rojas de se deter a outros pontos importantes da teoria de Trotsky, não abordados em sua fala inicial devido a limitação de tempo, como a questão do partido e a polêmica com Rosa Luxemburgo, sobre a obra os “Escritos Latino americanos”, e inclusive sobre a recente ruptura do PSTU, entre várias outras questões.

Gonzalo Rojas, finalizou sua fala com uma análise da conjuntura nacional, criticando o golpe institucional e se delimitando politicamente dos ex-governistas. Criticou a posição de Lula, que propõe fazer uma “oposição responsável” para “não incendiar o país” como parte de sua estratégia de assumir que o golpe já passou e pensar nas suas possibilidades eleitorais para 2018, numa política de conchavos com a direita. Afirmando que a saída para a crise tem que estar pautada na independência política da classe trabalhadora, através de um programa que permita intervir na luta de classes. Por isso explicou que é necessário articular o combate ao governo Temer, o Abaixo Temer golpista com a luta por uma saída política de fundo para os trabalhadores e a juventude através de uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana imposta pela mobilização das massas, se diferenciando daqueles que pretendem uma constituinte exclusiva, meramente dedicada a maquiar o regime político antidemocrático atual que dificulta ou exclui a participação política dos trabalhadores e seus partidos de esquerda nas eleições, como o MRT.

Disponibilizamos o vídeo da conferência sobre Trotsky de Gonzalo Rojas de forma completa que foi editado por Nivalter Aires, integrante do grupo de pesquisa PRAXIS: Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Estado e Luta de Classes na América Latina e também colaborador do Esquerda Diário, disponível aqui.

Consideramos como uma excelente oportunidade para discutir e difundir o marxismo, a teoria de Trotsky, bem como sua prática revolucionária, principalmente, como bem destacou Gonzalo Rojas, por ser um autor banido da academia. Entendemos como uma ótima oportunidade tanto para quem não o conhecia quanto para aqueles que quiseram se aprofundar no tema. Sem dúvidas, é sempre importante retomar as contribuições deixadas por Trotsky e trazendo para a análise do cenário político atual e de como intervir na luta de classes, no sentido de construir uma sociedade nova sem explorados, nem exploradores, e para isso a necessidade da construção de partidos revolucionários a nível nacional e internacional, que para nós é a IV Internacional.

 
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