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LGBTFOBIA E RACISMO NA UFRJ
Assassinato de Diego expõe a naturalização da LGBTfobia e do racismo na UFRJ
Jean Barroso

O assassinato de Diego, estudante da UFRJ, gay, cotista e nortista, chocou a opinião pública. O fato de este estudante ter sido assassinado brutalmente dentro do próprio campus da universidade deu visibilidade ao caso. No entanto, mesmo assim a comunidade universitária tarda ainda não deu resposta ao à LGBTfobia e o racismo entranhados na UFRJ e que foram expostos à olho nu para todos verem com este caso.

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O chocante assassinato de Diego Vieira, que teve o corpo encontrado na noite de sábado com sinais de espancamento e apenas com a camisa, foi notícia nacional em toda a imprensa. A vida de resistência do jovem nortista, cotista, LGBT e morador do alojamento foi tirada dentro da Universidade que supostamente deveria lhe acolher. No entanto, sua existência cotidiana era por si só a desconstrução do mito de uma UFRJ “pública” ou “democrática”. A principal linha de investigação é por crime de homofobia. Mas segundo Claudio Nascimento do Rio sem Homofobia, pela qualidade do crime, que envolve força bruta, crueldade e humilhação, caracteriza sim crime homofóbico.

Enquanto passou por aqui, Diego enfrentou a LGBTfobia e o racismo estruturais à nossa sociedade, sofrendo perseguições de direitistas e reacionários, com mostram os emails ameaçando a vida dos estudantes do alojamento, cotistas e LGBT, enviado através do Sistema Interno de computadores da Universidade e assinado por Juventude Revolucionária Liberal Brasileira, um dos prováveis grupos fascistóides que existem inclusive na Universidade. Após ameaças no email que pode ser lido aqui , estes adoradores de Bolsonaro avisam: “não vamos ficar sustentando vocês”, mostrando que todo o seu ódio tem origem na defesa de seus privilégios de classe por terem condição para cursar uma Universidade que é voltada para atender os filhos da elite.

As raízes de classe que permitiam a liberdade aos opressores de Diego são as mesmas contra o qual teve de lutar para permanecer na UFRJ e jamais abaixar a cabeça por isso. Vindo de Belém do Pará, a realidade que enfrentava era justamente o oposto, a universidade não o sustentou, pelo contrário, fez de tudo para excluí-lo de dentro dela, reservando a ele e aos estudantes de segmento social um alojamento sucateado aonde estudantes dividem quartos de 1,85 metros, onde estudantes sem local de moradia acampam em barracas, dividem o espaço de moradia com o descaso da Universidade.

Combater a naturalização do racismo e da LGBTfobia na UFRJ: uma questão de sobrevivência

Nos últimos momentos de sua estadia aqui, Diego se sentia inseguro. Era perigoso para um jovem negro e LGBT questionar as opressões cotidianas e não abaixar a cabeça contra os opressões em uma Universidade que esconde sua LGBTfobia e racismo, tida como “democrática” para a maioria de sua comunidade. Sem garantia de segurança no campus universitário, Diego tentou voltar à sua terra natal, mas sua condição financeira não permitiu.

O falso mito de uma universidade democrática e inclusiva serve de cobertura aos casos de LGBTfobia, racismo, naturalizando estes casos como se eles não existissem, institucionalizando-os. Achar que é não é nada demais ou um caso isolado as pichações com os dizeres “morte aos gays da UFRJ” em banheiros da PV, tratar isto com naturalidade é o mesmo que dar abertura para que reacionários, direitistas, adoradores de Bolsonaro, atuem abertamente negando a existência da LGBTfobia e do racismo em geral e desta forma dando cobertura à este tipo de crime.

Esta liberdade que gozam grupos reacionários como o “UFRJ da opressão” e “UFRJ Livre”, negando a existência da LGBTfobia e racismo, se sentindo livres inclusive para expor publicamente militantes do Diretório Central dos Estudantes. Estas redes de adoradores do Bolsonaro existe em muitas Universidades do Brasil para varrer para dar cobertura à opressão, como é o caso do USPLivre (MBL) que em vídeo mencionou o caso de Diego negando a LGBTfobia, defendendo o policiamento no campus porque o problema para estes racistas é que este seria muito perto do complexo da Maré. A polícia militar, instituição que mais mata negros no Brasil, jamais poderia proteger Diego, jovem negro e cotista.

A UFRJ não pode se calar quanto à morte de Diego nem seguir naturalizando a LGBTfobia e o racismo. Os três dias de luto decretado pelo Reitor Roberto Leher, aonde tudo na UFRJ seguiu funcionando normalmente, deveriam como mínimo ter paralisado para a comunidade reconhecer e debater amplamente LGBTfobia e o racismo que existem dentro dela. É por esta naturalização que LGBTfóbicos e racistas se sentem livres para oprimir, agredir e matar nos nossos corredores.

A reitoria até então anuncia medidas na área da segurança. Medidas como iluminação, câmeras, treinamento adequado e concursos para segurança são urgentes. No entanto, sem dar central prioridade às opressões e as condições precárias com que vivem os LGBT, negros e mulheres dentro desta universidade, casos como o de Diego e muitos outros estão longe de ter uma solução

 
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