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VENEZUELA
Protestos em Caracas pela escassez de produtos básicos.
Milton D’León
Caracas

A escassez, o aumento do custo de vida e o aprofundamento da crise econômica vem aumentando uma tensão social que aponta para um crescente. Em Caracas os protestos foram reprimidos.

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Os atos em Caracas

Em vários pontos da cidade de Caracas ocorreram nesta quinta-feira protestos espontâneos que geraram certa tensão, sobretudo naqueles onde se formaram longas filas de trânsito, como nas Avenidas Fuerzas Armadas, Urdeneta e San Martín, pela escassez e altos preços que os obrigavam a permanecer várias horas do lado de fora dos comércios que oferecem produtos de primeira necessidade subsidiados pelo governo. Este tipo de protesto não havia acontecido nas regiões centrais de Caracas até o momento.

Os acontecimentos de maior repercussão foram os que ocorreram em algumas esquinas centrais da Avenida Fuerzas Armadas e a Avenida Urdaneta, a poucas quadras do Palácio de Miraflores, que foram cenário de protestos de pessoas que aguardavam a chegada dos caminhões com víveres e não encontravam explicação para o fechamento de inúmeras indústrias do setor. Com o aquecimento da situação, as forças de segurança do Estado, Polícia Nacional Bolivariana e Guarda Nacional chegaram a cada um dos locais reprimindo e dispersando com bombas de gás lacrimogêneo. Inclusive alguns jornalistas foram despojados de seus equipamentos enquanto cobriam os atos.

Apesar de não anunciado oficialmente, foi possível verificar que a situação foi causada por supostas ordens emitidas pelo governo, sobretudo do Distrito Capital, para que não fossem mais vendidos produtos regulares nos comércios das principais avenidas de Caracas como parte do “Plano Bachaqueo e Filas 0”, sobretudo nas avenidas Sucre, San Martín, Baralt, Urdeneta e Forças Armadas. E que os produtos seriam direcionados para sua distribuição através dos chamados CLAP (Comitês Locais de Abastecimento e Produção) casa por casa.

Ao final deste artigo nenhum setor do governo dava conta de tal plano, mas o que é certo é que nos negócios dos setores indicados não estavam vendendo nada, e que já são parte da paisagem as longas filas para comprar algum produto a preço regular. Situação que se agudiza cada vez mais, pois a escassez aparece como um incremento aos já altos preços que sobem quase diariamente.

Somente se pronunciou o vice-presidente da Área Econômica, Miguel Pérez Abad, oriundo do setor empresarial, assegurando que: “Sabemos que este mês foi muito crítico (pela escassez), foi o mês mais baixo em oferta de produtos e por isso a angústia da família venezuelana de não conseguir os bens nas prateleiras. Para demarcar que “nós lhe garantimos que nas próximas semanas essa tendência vai melhorar”. Mas estas são promessas que a cada momento se repetem e não se avista nenhuma luz no final do túnel.

No país, a distribuição de alimentos subsidiados se realiza a conta-gotas por meio das cadeias de estabelecimentos públicos e privados, assim como em operações organizadas pelo governo, que na maioria das ocasiões vem superando a capacidade de suas instalações pela quantidade de compradores, Por isso se estabeleceram controles para regular os dias de venda por pessoa segundo o número final de sua cédula de identidade, mas isto não garante que quem permanecer horas nas filas possa conseguir adquirir algum produto da sexta-básica.

A situação se agrava por todas as constantes autorizações de aumento de preços que vem realizando o governo de Maduro em total acordo com setores empresariais, o que implica que o suposto subsidio a produtos regulados vá desaparecendo, enquanto a galopante inflação continua depreciando a renda do povo trabalhador.

Por um controle popular do abastecimento

Como viemos escrevendo, propostas como as desta quinta-feira em Caracas ou as que vem se desenvolvendo diariamente em várias cidades do interior do país, são as condições opressivas em que vivem e as precárias condições de vida.

Esta incerteza e raiva é a que há meses vem manifestando-se com protestos esporádicos, espontâneos, bloqueios de ruas, e que alcançou maior eco neste dia por acontecer na capital do país. São situações de ações desesperadas entre setores do povo mas que podem ser prelúdios de ações de maior envergadura na medida em que a situação vai se agravando ainda mais.

O governo não deixa de insistir em sua campanha de que qualquer protesto popular pela escassez e a carestia da vida é armada pela direita. Não há dúvidas de que a direita aproveita a situação, mas este desespero popular tem profundas raízes sociais pelas condições econômicas imperantes.

O povo vem sofrendo o desabastecimento, a escassez e a especulação, e é tarefa urgente enfrentá-los para que não siga pagando pela crise. O governo oferece o racionamento por meio dos CLAP enquanto aumenta os preços dos bens de consumo, sem por isso garantir que acabe a escassez, enquanto que em acordo com empresários vem aumentando os preços de produtos de maior necessidade. Somado à isto, os empresários, a burocracia estatal e os uniformizados se aproveitam da situação para beneficiar-se com o mercado negro.

Comitês de Abastecimento populares, democraticamente constituídos, deve ser a resposta. Estes comitês, junto com o controle operário da produção, além de um salário mínimo digno vitalício e repartição das horas de trabalho sem perda de salario, são as primeiras tarefas de um Plano de Emergência operário e popular, como resposta a esta situação imperante.

Como parte dessa luta é fundamental que trabalhadores e setores populares e campesinos, busquem confluir em uma grande aliança capaz de pôr em xeque os responsáveis por sua situação exasperante, parando com suas mãos os ajustes que o Governo e dos empresários descarregam sobre o povo e os planos que prepara a oposição da direita da MUD. Esta é a única saída pregressiva aos padecimentos que sofre o povo.

 
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