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CHAMADO ÀS PROFESSORAS
Pela educação e por todas elas. Chamado às professoras do estado.
Maíra Machado
Professora da rede estadual em Santo André, diretora da APEOESP pela oposição e militante do MRT
Marcella Campos

Nós professoras não podemos aceitar que o nosso grito de dor e ódio fique entalado na garganta.

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Desde a última quarta-feira, depois de lermos tantos relatos e notícias sobre a dor de uma jovem de 16 anos violentada no Rio de Janeiro por 33 homens, foi difícil imaginar como seria, para nós professoras, a volta para a escola depois desse feriado e ter que lidar com a dor de várias alunas que já passaram por situações como essa... as lembranças estariam a tona e a dor mais presente do que nunca.

Pensamos nas professoras que conhecemos nesses anos na educação que sofreram e sofrem com assédios, com a violência doméstica e com um dos mais baixos salários do funcionalismo, que as obrigam a ir para dupla ou até tripla jornada de trabalho.

A indignação e o ódio se tornam ainda maiores quando lembramos que a escola, lugar onde nossa juventude deveria sonhar e se libertar para o futuro, hoje não cumpre o papel de formar homens e mulheres livres de preconceitos e que entendam como algo natural do seres humanos sua livre sexualidade, suas identidades e seus amores.

Uma escola esmagada pela cultura que naturaliza os estupros, imposta pela grande mídia, que tem seus Ratinhos, Gentilis e Big Brothers, pelas igrejas, que metidas nas câmaras e nos cargos públicos assassinam as mulheres trabalhadoras quando rifam seu direito ao próprio corpo, pela justiça, que culpabiliza as vítimas, e, acima de tudo, pelos governos, que defendem os interesses dos patrões, da fé, dos imperialistas, dos banqueiros, dos Bolsonaros e Cunhas, que são irreconciliáveis com os nossos interesses, os interesses dos trabalhadores, das mulheres, das negras e dos lgbts.

Nosso aperto no peito de encarar nossas alunas que sofrem com o machismo é culpa sim do governo, que mesmo antes, com uma mulher a frente, continuou perpetuando a violência e o machismo quando não impediu que o debate de gênero e sexualidade fossem excluídos dos Planos de Educação, tanto federal, quanto nos estaduais e municipais. Quando para governar abriu as portas para os setores mais nojentos e reacionários, permitindo que Brilhante Ustra, estuprador e torturador da ditadura militar, fosse homenageado ao vivo para todo Brasil, na Câmara dos Deputados. Que permitiu que estes senhores impusessem um golpe para colocar de pé um novo governo, que recebe estuprador confesso, como Alexandre Frota, para apresentar projetos ainda mais violentos contra o direito das mulheres e setores oprimidos da sociedade.

São esses os responsáveis por essa violência sem fim com as mulheres. São esses que devem pagar pela dor que causam as nossas alunas, irmãs, mães, filhas, contra as terceirizadas negras funcionárias das escolas e contra nós, professoras, amordaçadas dentro das escolas, impedidas por leis e por políticos de combater as opressões de forma tão firme quanto a resistência de Stonewall.

Nós professoras não podemos aceitar que o nosso grito de dor e ódio fique entalado na garganta.

Vamos tomar as ruas nessa próxima quarta-feira, juntas com as nossas alunas, com toda a juventude, com outras trabalhadoras e, assim como nossas irmãs argentinas, gritar "nenhuma a menos" no ato convocado "Por Todas Elas" às 16h no Masp, compondo o bloco do Pão e Rosas.

Mexeu com uma, organizamos milhares!

 
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