Em uma das conversas divulgas nessa segunda-feira, 23, Otávio Frias Filho, diretor de Redação da Folha, e João Roberto Marinho, vice-presidente Institucional e Editorial do Grupo Globo, aparecem como contatos de Renan Calheiros. Machado e Calheiros afirmam que os jornais cometeram “exageros” em notícias sobre a Lava-Jato com o intuito de consolidar o clima favorável ao impeachment, e agora sentem-se ameaçados com as proporções tomadas pela investigação.

Renan menciona que buscou os jornais para tratar sobre o assunto e diz “Conversa muito ruim, a conversa com a menina da Folha... Otavinho [a conversa] foi muito melhor. Otavinho reconheceu que tem exageros, eles próprios tem cometido exageros e o João [provável referência a João Roberto Marinho] com aquela conversa de sempre, que não manda. [...]”.

Além disso, apresenta uma afirmação de Marinho sobre governo que havia um chamado “efeito manada”, que nas palavras do próprio Renan “Quer dizer, uma maneira sutil de dizer ‘acabou’, né. ”. No trecho mencionado por Calheiros, Marinho conversa em reunião com a presidente Dilma que lhe pede ajuda para solucionar a crise política aberta no país e melhorar sua imagem, como resposta Marinho diz “[...] que não tinha como influir. Ela [Dilma] disse que tinha como influir, por que ele influiu em situações semelhantes, o que é verdade. ”.

Os últimos dias da política tem mostrado como fato algo que era tido como boato. A grande mídia senta ao lado de políticos corruptos para definir como e o que noticiar. Os interesses dos latifundiários, empresários e casta política sob a máscara da imparcialidade que nunca coube a louvadores do golpe militar, bajuladores de Collor, FHC.

Desde o princípio da Operação Lava Jato, viemos alertando sobre o papel da mídia, tanto na articulação do impeachment, salvaguardando seus interesses, quanto na seletividade das publicações das informações, atacando os que não servem aos seus interesses mesmo que momentaneamente, e "desaparecendo" com notícias que comprometem seus aliados. Como foi o caso destas gravações que poderiam ter comprometido o impeachment, e curiosamente, na espúria relação do judiciário e dos grandes meios "só" veio à luz agora.

Por isso, denunciamos o papel da mídia e o "partido midiático" e nós do Esquerda Diário levamos à frente estudos, pesquisas, publicações e posições comprometidas com os trabalhadores, as mulheres, a juventude e a população pobre, que só pode ter como saída a luta contra o golpe e seus articuladores e a construção de instrumentos que deem voz às suas lutas e sejam feitos pelas suas próprias mãos, como pretendemos com a nossa rede internacional de Diários digitais.