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LUTA DOS ESTUDANTES DO RJ
Política da SEEDUC alenta ’Movimento Desocupa’ que invade escola e a desocupa à força
Ronaldo Filho
Professor da rede estadual do RJ
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Foto: Urbano Erbiste

O C. E. Mendes Morais, a primeira escola a ser ocupada no Rio de Janeiro, foi invadido pelo “Movimento Desocupa”, organizado a partir das redes sociais, hoje (10/05) por volta das 16H. Esse movimento era composto por setores contrários à ocupação, mas é criminosamente alentado ela política da SEEDUC, que tem se utilizado de ameaças como o adiantamento das férias para tentar esvaziar as ocupações, e estimulado diretores e professores contrários às mesmas a endurecerem a repressão nas escolas. Um grupo de algumas dezenas de jovens, arrombaram o portão, destruindo instalações da escola, agredindo física e verbalmente os estudantes. Os agressores não se intimidaram com a presença de professores que tentavam apoiar a ocupação, e da PM, que nada fez diante das agressões, deixando claro seu posicionamento. Estudantes foram arrastados para fora da escola e ameaçados e agredidos de todas as formas. Vários foram feridos.

Pais de alunos que ocupavam o Mendes, e apoiam sua causa, denunciaram durante reunião que ocorria com o secretário estadual de Educação que a responsabilidade pela violência é do governo, afirmando que esse financia e apoia o Movimento Desocupa.
Os estudantes do C. E. Mendes Morais encontravam-se do lado de fora da escola agora à noite, e estavam sendo impedidos pela PM de entrar em sua própria escola. Mas enquanto esta nota está sendo escrita nas redes sociais é informado que o Mendes acabou de ser reocupado pelos estudantes.

Foto: Facebook/ Ocupa Mendes

Foto: Facebook/ Greve Educação Estadual RJ

Essa ação escancara o caráter ajustador e repressor do governo do PMDB que insufla direções autoritárias, professores e alunos não comprometidos com a construção de uma educação pública, gratuita e de qualidade para todos, para agir em seu nome, apoiados por setores conservadores da sociedade e da mídia, cortando qualquer possibilidade de negociação com o legítimo movimento de ocupação e indicando que essa será sua postura doravante com esse movimento.

Ocupação da SEEDUC pelos estudantes e professores

Porém, os estudantes mostram sua força ocupando novamente o prédio da SEEDUC no centro do Rio no fim da tarde, mostrando que não vai adiantar reprimir ou amedrontar. Frente a isso, a SEEDUC busca combinar sua prática de apoiar os setores anti-ocupação, com concessões parciais.

Para tentar desinflar o movimento, o secretário estadual da Educação, Antonio Neto, assinou um documento em que diz que vai acabar com o Saerj, mas sem data definida, isto é, "até o final do ano". O Saerj é uma avaliação que é completamente questionada do ponto de vista pedagógico pelos professores e estudantes. Além disso serve para dividir os professores ao pagar bônus somente àquelas escolas de melhores notas. É a velha tentativa de fazer crer "que os que merecem, ganham" enquanto todos sabem que o sistema público de Educação no Rio de Janeiro, bem como a Saúde, está imerso no caos. Que os professores e os estudantes não são os responsáveis pela má qualidade do ensino, mas como as ocupações mostram, pelo contrário são perfeitamente capazes de gerir melhor que ninguém as próprias escolas. Se o fim da Saerj se comprovar, algo que precisa ser publicado no Diário Oficial, pois não se pode acreditar no governo do PMDB que afundou o estado do Rio de Janeiro, será uma vitória parcial arrancada pela mobilização. Mas as demandas dos estudantes e professores são muito mais profundas que isso. Portanto, a hora não é de desmobilizar para firmar acordos pelo mínimo, mas organizar e fortalecer a luta para arrancar as demandas mais sentidas, como o reajuste dos professores, as reformas das escolas, cujas estruturas estão caindo aos pedaços, bem como as eleições para diretor que não esteja vinculada à desocupação.

Foto: Facebook/ Midia Ninja

Da luta contra os ataques da direita à luta em defesa da Educação

É preciso responder a altura! O conjunto das ocupações, a greve dos professores e dos outros setores da educação do Estado, precisa denunciar para a sociedade e dar uma resposta coordenada contra esses ataques criminosos que usam de extrema violência e sem nenhum diálogo, como a ação praticada também em outra escola ocupada, o CEPAR em Niterói na semana passada, onde o ataque foi encabeçado pelo pastor Moises Nascimento da Silva e o candidato a vereador Mario Vianna, terminando com destruição e feridos, apesar de não terem conseguido acabar com o a ocupação.

Foto: Facebook/ Ocupa Cepar

É hora de iniciar uma campanha contra as agressões aos estudantes das escolas ocupadas com atividades comuns que possam ajudar a desconstruir essa divisão alimentada pelo SEEDUC e exigir do SEPE que apoie de fato as ocupações, passando a incluir a pauta e a presença dos estudantes na mesa de negociação com o Estado e organize claramente os professores para percorrerem escolas ocupadas em resposta aos ataques da SEEDUC, PM, direções e professor@s pelegas e setores conservadores. Também é necessário unificar as ações com as greves das universidades, como a UERJ, que tal como as escolas encontra-se em estado lamentável. Por conta disso, no dia 11 de maio os estudantes da UERJ farão um corte de rua, em defesa de suas reivindicações e das escolas ocupadas. Essa ação será seguida por uma Roda de Conversa com os estudantes das escolas, que deve ocorrer na UERJ, no final da tarde. Veja o evento no facebook.

Nós, professores em greve da rede estadual do Rio de Janeiro, temos que ser linha de frente da construção dessa unidade na prática, e não apenas em palavras. Devemos realizar nossos atos em aliança com os estudantes, percorrer as escolas ocupadas, para juntos radicalizarmos nossas ações e darmos uma saída para a crise da Educação, essas tarefas são fundamentais para o fortalecimento de uma luta unificada pela educação no RJ e devem ser votadas na assembléia de professores da rede do estado, que ocorrerá nesta sexta (13). O que hoje exige ligar essa luta com a necessidade de barrar o golpe em curso, que instituirá em plano nacional um governo Temer, que atacará ainda mais duramente os trabalhadores e a juventude, e combater os ajustes. O Rio de Janeiro pode e deve ser um exemplo nesse sentido, mas para isso é fundamental que essa unidade entre professores e estudantes em luta, que o Sepe em nenhum nível busca construir, paute nossas ações. Prova disso foi que a última assembleia ocorreu no mesmo dia que os estudantes das escolas realizaram um grande dia de atos pela cidade, e mesmo o Sepe sabendo disso manteve a assembleia, sem nenhuma sinalização de unificação com a luta dos estudantes parando a cidade do Rio de Janeiro em defesa da educação.

Nenhuma escola desocupada à força! Nenhum estudante agredido! A responsabilidade é da SEEDUC e do governo do PMDB.

 
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