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PARALISAÇÃO NA USP
Com mulheres à frente, Letras USP paralisa as aulas para responder a Crise Política e da Educação
Cristina Rose
@CrisRoseMiranda

Neste último dia 31 de março ocorreu na Universidade de São Paulo uma paralisação unificada entre estudantes e funcionários. Com uma maioria de mulheres, o curso de Letras aderiu à paralisação denunciando que a crise política e a crise na educação podem ser resolvidas apenas pela mobilização independente dos estudantes e trabalhadores.

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A paralisação Unificada entre estudantes funcionários da Universidade de São Paulo, que aconteceu nesta última quinta-feira, 31 de março, denunciou tanto o desmonte que a Universidade vive hoje sob as mãos do PSDB, quanto também os ataques na Educação realizados pelo governo Dilma do PT nas Universidades Federais.

O curso de Letras da USP, um dos maiores cursos da Universidade e composto por uma maioria de mulheres, votou em assembleia aderir à paralisação elegendo como eixo político a luta contra o Impeachment da Direita e também contra o PT do ajustes, apontando que a única saída para que os estudantes e trabalhadores não paguem a conta da atual crise é a nossa própria mobilização independente, contra os ataques desses dois setores que hoje brigam entre si para ver quem irá governar o Capitalismo.

Além de apontar que não é possível lutar em defesa da Educação ao lado da Direita nem do PT, a paralisação da Letras também denunciou os problemas específico do curso, como a falta de professores para oferecer matérias obrigatórias e optativas, as recorrentes salas super-lotadas, o corte nas bolsas de permanência e pesquisa, além da ausência de um auditório para um curso de 5mil alunos, ausência de um laboratório de linguística, e a falta de um espaço estudantil adequado para vivência.

De manhã, após uma roda de debate onde foi realizada a discussão sobre a atual Crise Política e da Educação, os estudantes da Letras fizeram um ato pelo campus, se somando ao protesto que acontecia em frente à Reitoria, onde estudantes de outros cursos e funcionários faziam falas exigindo que o Reitor Marco Antonio Zago recebesse a carta com as reivindicações do movimento. De noite, após uma roda de debate que repetiu as discussões da manhã, e após reorganizar as cadeiras que formavam uma barreira para impedir que os professores assediassem os alunos a não participarem da paralisação, os estudantes fizeram uma festa-protesto contra a medida autoritária da Reitoria que proíbe as festas dentro da Universidade.

A paralisação da Letras-USP teve voz de mulher!

Sendo um curso majoritariamente feminino, a paralisação da Letras USP contou com mulheres na sua linha de frente. Veja o depoimento que algumas estudantes deram ao Esquerda Diário:

Amanda, primeiro ano do curso de Letras

“Eu acredito que foi de extrema importância (a paralisação), porque eu cheguei aqui na USP sem saber o que estava acontecendo, daí a gente começa a ver que não é perfeito, né? Eu particularmente não sabia que a USP é uma das únicas universidades que não tem COTAS ainda... não sabia que não estavam mais contratando professores... não sabia que as salas estavam lotadas... não sabia que a PM ia entrar aqui no campus... quando eu fiquei sabendo de tudo isso achei muito válido a gente tomar alguma medida para mostrar que a gente é contra, porque não adianta nada a gente ser contra e não fazer nada, se acomodar.”

Larissa, segundo ano do curso de Letras

“Não tinha como ficar em casa, tanto pela crise política e econômica atual, tanto pelo desmonte da Universidade que aqui está avançado, e na Letras a gente sente isso na pele. Esse ano, por exemplo, eu solicitei as bolsas e a assistente social já olhou para a minha cara e já falou ‘meu, já espere que não vai rolar’... e é muito chato você ouvir isso porque muitas vezes, todo sonho da sua vida, todo preparo da sua vida é voltado para estar aqui dentro, e mesmo assim você não tem nenhuma certeza se vai conseguir ficar aqui dentro. Eu achei que muitos pontos colocados na assembleia para essa paralisação eu estava apoiando também e queria debater, queria discutir, e acabei vindo para somar forças, e acabei conhecendo muita gente legal, acabei me surpreendendo bastante com essa primeira paralisação que eu estou participando.”

Victoria, primeiro ano do curso de Letras

“ Eu achei legal a roda (de discussão), porque realmente eu estava... ainda estou assustada com todo esse cenário político. De um lado a Dilma preparando ajustes, lei anti-terrorista, e fazendo coisas meio que para acalmar a direita em detrimento dos trabalhadores, e das mulheres, e do outro lado uma direita bizarra... meu, é bizarro aquilo, não tem nem o que falar... Bolsonaros e Eduardo Cunha... Feliciano, sabe? Aí tem o PSDB, Alckmin cortando em várias universidades.... merenda, meu, merenda... básico. E o Aécio com as drogas, cinco delações e... NADA acontece com esse cara. Eu sentia que não tinha uma saída, que a saída era ficar ali... impedir o Impeachment porque SIM, mas ficar ali do lado da Dilma também não era muito legal, mas era meio que a única opção, e aí nesse debate eu vi que não, que talvez tivesse uma outra opção, se estudantes e trabalhadores se unissem e lutassem juntos pelos seus direitos poderia ter alguma saída, desde que a esquerda esteja forte.”

Jéssica Antunes, diretora do CAELL USP (Centro Acadêmico de Estudos Linguísticos e Literários)

“Acredito que a importância política dessa paralisação é enorme, nosso Centro Acadêmico se coloca na perspectiva de ser parte de dar uma resposta aos grandes problemas do país, queremos estar ao lado dos trabalhadores e da população pobre para responder a crise econômica e política. Acreditamos que essa tarefa está em nossas mãos, por isso tivemos como eixo estar contra o Impeachment reacionário da direita, e contra os ajustes desse governo mentiroso do PT. Defender a Educação com uma luta independente também foi um eixo, na pátria educadora o que se ensina é como estudar comida, sem permanência, sem creche. Defender a Educação e a USP desse desmonte de todos esses governos e reitorias, defender o futuro da juventude. Por último queria ressaltar o protagonismo das mulheres nessa paralisação, nosso curso é majoritariamente de minas e LGBTs, e pra nos, que somos os setores mais oprimidos, estarmos na linha de frente da luta e da resistência significa uma luta mais forte, porque já superamos inúmeras barreiras para estar aqui e lutar até o fim pelos nossos direitos.”

 
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