Rita Lee Jones nascida em 31 de dezembro de 1947, era descendente de norte americanos do sul dos EUA do lado do pai, a família veio para o Brasil após a guerra civil nos EUA. Seu nome “Lee” foi uma homenagem de seu pai a Robert E Lee, chefe das forças confederadas. Totalmente na contramão desse legado, Rita Lee mostrou durante toda sua vida e carreira seu potencial subversivo.
Durante a ditadura foi presa acusada de portar maconha, o que teria sido uma retaliação a um depoimento prestado contra um policial. A maconha foi colocada em sua casa, já que estava grávida e assegurava que havia parado de consumir a droga. Mesmo tendo negado a alegação e afirmado que existiam inclusive testemunhas que viram o momento em que a droga foi plantada em sua casa, ela passou uma semana no Departamento de Investigações Criminais (Deic), e mais um mês e meio no presídio feminino do Hipódromo.
Durante a prisão ela foi recebida pelas detentas que pediam para que ela cantasse paras elas. E, assim, fez um show inteiro dentro da cadeia, com direito a violão que as encarceradas se mobilizaram para conseguir, e bis de “Ovelha Negra”, sua canção ilustre.
Rita foi desde sua juventude até seus últimos anos de vida uma revolucionária e anti-moralista no tratar de temas como sexualidade, gênero e legalização das drogas, em canções como “Amor e Sexo”, “Pagu” e “Obrigado Não”. Em uma uma entrevista dada a Pedro Bial em 2017 ao ser perguntada sobre a sua opinião sobre a maconha e a legalização, respondeu: “Você vai falar de maconha? Pensei que ia falar de café, Coca-Cola, açúcar, álcool”.
Nossa mutante paulistana sempre passou através de suas músicas formas sinceras e fraternas com as relações afetivas-amorosas, deixando de lado todo conservadorismo que rodeia a sociedade brasileira.
Em seu último show da carreira na cidade de Sergipe, confrontou policiais que revistaram fãs no meio de seu show pois estavam fumando maconha e parou seu show em indignação com a atitude, nos deixado com a icônica fala: “Vocês não têm o direito de usar a força na meninada que não tá fazendo nada. Esse show é meu, não é de vocês. Esse show é minha despedida do palco e vocês continuam tendo que guardar as pessoas, não agredir. Seus cachorros. Coitados dos cachorros… Cafajestes.”
Contra as forças repressivas, Rita Lee expressava sempre seu descontentamento com o abuso policial. Rita estará sempre nos corações, nos fones de ouvido e nas festas dos indecentes, subversivos, dos que nunca foram bom exemplo mas são gente boa.
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