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11 de agosto
Para FIESP, democracia é propriedade privada, livre mercado e exploração
Camila Begiato

Presidente da Fiesp afirma que é natural que Fiesp assine manifesto em defesa da democracia, já que "não existe liberalismo, economia de mercado ou propriedade privada sem a democracia e o Estado de Direito", escancarando o real conteúdo dos interesses burgueses na "defesa da democracia": que a liberdade de exploração seja avalizada e garantida pelo Estado.

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Imagem: Shutterstock

A Fiesp lançará a sua carta em defesa da democracia no próximo dia 11 que, junto à carta em defesa do Estado Democrático de Direito da Faculdade de Direito da USP, tenta se pintar como defensora da democracia em resposta às ameaças golpistas de Bolsonaro ao processo eleitoral e ao STF.

A carta é assinada por setores pesados da burguesia como a Federação Brasileira dos Bancos (Febrabran), o ex-presidente golpista Michel Temer, o ex-presidente da Fiesp Luis Eulálio de Bueno Vidigal Filho e o atual presidente do banco Bradesco, Octávio Lazari Júnior, entre muitos outros nomes. Parece ficção que esses setores, articuladores do golpe de 2016 como a Fiesp (que encheu patos amarelos nas ruas ao lado de bolsonaristas e da extrema-direita) e como Michel Temer, assinam cartas em defesa da democracia, acontece que o conteúdo da democracia que defendem é bem coerente com com seus próprios interesses de lucro e exploração.

A assinatura desses setores não é sinal de que de repente estão ao lado da classe trabalhadora, mas de que a carta da Fiesp e da Faculdade de Direito carregam os interesses dos grandes empresários, banqueiros e capitalistas: em entrevista à Folha, o atual presidente da Fiesp Josué Gomes da Silva, afirmou que "é natural que a Fiesp assine um manifesto em defesa da democracia, já que não existe liberalismo, economia de mercado ou propriedade privada, valores tão caros à entidade e ao setor industrial, sem que exista a segurança jurídica, cujo pilar essencial é a democracia e o Estado de Direito".

Há de se parabenizar o presidente por dizer o que nenhum outro capitalista teve coragem de dizer até agora: a carta da Fiesp (e, diga-se de passagem, a da Faculdade de Direito) nada mais é do que uma defesa da propriedade privada e da democracia burguesa que garante a liberdade do mercado de explorar desenfreadamente os trabalhadores. É esse, afinal, o papel que cumpriu o STF em 2016 e em 2018 ao garantir o golpe institucional e a eleição de Bolsonaro que nada mais fizeram do que aplicar ataques como a Reforma da Previdência, a PEC do Teto de Gastos, a terceirização irrestrita e a Reforma Trabalhista.

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    Enquanto isso, candidatos a presidência seguem se encontrando com empresários e a Fiesp para discutir propostas para a indústria, e Lula deve ir a Fiesp no dia 09. Não é surpresa que CUT e UNE, dirigidas pelo PT e PCdoB, assinem a carta da Faculdade de Direito e que Lula se encontre com os capitalistas, já que se alia com Alckmin e a direita para se eleger. A revogação dos ataques que prejudicam os trabalhadores e que foram articulados por essa mesma direita, entretanto, nem passa no horizonte da campanha Lula-Alckmin.

    A Fiesp lança oficialmente o seu manifesto no mesmo dia em que ocorrerá a leitura da Carta aos Brasileiros e Brasileiras em defesa do Estado Democrático de Direito na faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, que também foi assinada por setores importantes da burguesia, como banqueiros, empresários e o STF. Os mesmos banqueiros e empresários que foram parte de apoiar os ataques que os trabalhadores vem sofrendo desde o governo Dilma, que se intensificaram com o governo de Temer e o de Bolsonaro. Esses mesmos setores que, como o STF, foram parte de articular o golpe de 2016 e manipular as eleições de 2018, o judiciário sendo responsável pela prisão arbitrária de Lula e possibilitando a eleição de Bolsonaro.

    A verdade é que esses setores não tem nenhum interesse em garantir um regime democrático para os trabalhadores, como escancara a fala do presidente da Fiesp. Seus interesses são os de garantir seus lucros e que a crise seja descarregada nas costas dos trabalhadores, com a retirada de cada vez mais direitos e com a aplicação de mais reformas e privatizações. Cinicamente assinam e organizam cartas em defesa da democracia, mas a única democracia que defendem é a sua liberdade de explorar a classe trabalhadora e a juventude com o aval do Estado.

    É impossível confiar nesses setores. Seus interesses são diametralmente opostos ao dos trabalhadores, e é apenas nossa auto organização que pode barrar todos os ataques que a direita e a extrema-direita, junto aos empresários, capitalistas e banqueiros, vem aplicando, e não por meio da confiança nesses setores, seja ao assinar cartas ou por meio de alianças eleitorais como a de Lula e Alckmin. É preciso juntar forças para exigir das direções, em primeiro lugar da CUT, CTB e UNE, que impulsionem um verdadeiro plano de luta contra as ameaças golpistas e pela revogação de todas as contra-reformas e ataques, para lutarmos pelo conteúdo da democracia que precisamos, contra a inflação que corrói nossos salários e a fome.

    Atos eleitorais com grandes banqueiros, industriais e líderes do regime político servem apenas para seus interesses e não para combater o golpismo de Bolsonaro, até porque não se combate golpe com golpistas. Só com uma política de independência de classe, impulsionando a auto-organização pela base é possível que nossa classe tome o controle dessa situação e garanta o conteúdo democrático dos trabalhadores, contra o da exploração e lucro de FIESP e companhia.

    Leia também: Contra o golpismo de Bolsonaro e as reformas: manifestações e greves sem banqueiros e empresários

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