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Editorial MRT
Contra o golpismo de Bolsonaro e as reformas: manifestações e greves sem banqueiros e empresários
Marcelo Tupinambá

Frente às ameaças golpistas de Bolsonaro e como parte de uma operação para canalizar tudo para a via eleitoral com a chapa Lula-Alckmin, estão sendo impulsionados Manifestos que serão lançados no dia 11 de agosto “em defesa de democracia” com um amplo setor do regime político, junto à FIESP, FEBRABAN e muitos empresários. Não são aliados contra Bolsonaro os que apoiaram os ataques feitos por ele, o golpe institucional de 2016 que abriu espaço para extrema-direita, e todas as reformas e ataques econômicos desde então. É necessário um plano de luta com greves e manifestações para derrotar as ameaças golpistas e as reformas com a força dos trabalhadores, mulheres, negros, indígenas, juventude e LGBTQIAP+.

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A reunião com embaixadores por parte de Bolsonaro foi um ponto alto de suas ameaças golpistas esse ano. Mas as reações de importantes setores do regime político, do governo norte-americano e setores importantes da imprensa e empresários foi de amplo rechaço. Isso foi parte do que fez Bolsonaro fazer um discurso no seu lançamento oficial da campanha que não falou da legitimidade das eleições e das urnas, mesmo com sua base mais reacionária presente, expressando que está sob forte pressão e a falta de correlação de forças para iniciativas golpistas efetivas. Por isso, buscou no seu discurso fazer demagogia com mulheres, juventude e nordestinos, além de anunciar a continuidade do aumento do auxílio emergencial para 2023, na busca por reverter o cenário desfavorável que está, com possibilidade inclusive de derrota no primeiro turno.

A maior articulação que quer se apresentar como uma resposta às ameaças golpistas de Bolsonaro é a recentemente anunciada “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito!. Trata-se de um Manifesto que será lançado no dia 11 de agosto, na Faculdade de Direito da USP. O Manifesto seria lido por Celso de Mello, ex-ministro do STF. O que é parte de uma operação para colocar o poder judiciário, um pilar do golpe institucional, do regime político autoritário, dos ataques em curso e da crise no país, como um grande “defensor da democracia” junto com o grande capital que agora se opõe politicamente a Bolsonaro, mas enaltecendo toda a sua agenda econômica ultraliberal, cuja permanência será exigida a qualquer governo.

Como assinantes do Manifesto estão banqueiros como Roberto Setubal, Pedro Moreira Salles e Candido Bracher, do Itaú Unibanco, Fabio Barbosa, ex-presidente do Santander e da FEBRABAN, e o ex-presidente do banco Credit Suisse no Brasil, José Olympio Pereira. O ex-presidente da FIESP Horacio Lafer Piva, da Klabin. Grandes burgueses como Guilherme Leal, da Natura, e Walter Schalka, da Suzano. Direitistas neoliberais como Pedro Malan, Arminio Fraga. Mais de uma dezena de ex-ministros do STF e Miguel Reale Júnior, ex-Ministro da Justiça que abriu o processo de impeachment de Dilma Roussef. Reacionários como Adib Jatene, ministro de Collor e FHC e o tucano Aloysio Nunes Ferreira Filho. Um segundo manifesto com o mesmo objetivo será lançado no mesmo ato no dia 11, com assinaturas de instituições, e já tem o apoio de setores pesados da burguesia nacional, como a FIESP e FEBRABAN. Amplos setores da grande imprensa golpista também estão convocando de forma entusiasta o ato de lançamento do Manifesto, como a Folha de São Paulo, o historicamente reacionário Estadão e cada vez mais indica ter adesão da própria Rede Globo. Ou seja, se trata de uma imensa movimentação da grande burguesia, do regime político e suas instituições.

No dia 27, não à toa, houve o pronunciamento da Embaixada dos EUA e neste mesmo dia, na reunião bilateral do secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin com o ministro da Defesa brasileiro, General Paulo Sérgio Nogueira, que “segundo fontes”, teria dito que EUA esperam eleições justas e transparentes. Trata-se do cinismo mais absurdo este do imperialismo norte-americano e do Partido Democrata, que orquestraram a Lava Jato e o golpe institucional no Brasil, e que apoiaram golpes militares em todo o mundo ao longo da história, e agora querem posar “em defesa da democracia”.

Vemos que o Manifesto é assinado por diversos setores progressistas, ainda assim, a presença desses setores burgueses e patronais é o que dá o tom de qual política querem defender. É necessário ver que por trás deste ato do dia 11 e do Manifesto, estão nada menos do que os responsáveis pelo golpe institucional de 2016, que abriu espaço para o governo Bolsonaro e para os militares ocuparem enorme peso no regime político brasileiro. Estão diversos agentes políticos, do poder judiciário e do grande capital, que foram responsáveis pela aplicação de todos os ataques econômicos que vieram a partir do golpe institucional, como as contra-reformas que arruinaram a situação da classe trabalhadora brasileira que está sofrendo com o desemprego, a fome e a carestia de vida. Quanto mais a vitória de Lula-Alckmin vai se configurando como provável, a movimentação de apoio direto ou indireto à chapa é maior, também com o objetivo de tornar o programa do futuro governo ainda mais domesticado do que Lula já declarou que vai fazer. Esses que agora vem falar “em defesa da democracia” são nossos algozes e não aliados.

O Manifesto seria inspirado na “Carta de 77”, lida pelo então ministro Goffredo da Silva Telles Júnior, em meio à Ditadura Militar. Como explicamos nessa nota, a referência é uma operação que oculta o papel central da classe trabalhadora na luta contra a ditadura e também do movimento estudantil, para destacar o papel de um “jurista”, da “sociedade civil” e de instituições do regime. O que eles querem é controlar para que a força dos trabalhadores e da juventude não entre em cena na luta de classes.

A campanha eleitoral de Lula-Alckmin por trás da campanha “em defesa da democracia”

Por trás da “defesa da democracia”, estes setores que agora passaram a ser opositores a Bolsonaro querem prestar seu apoio a Lula-Alckmin em um ato que supostamente seria “supra-partidário”.

Em sua entrevista ao UOL de 27 de julho, Lula deixou claro que depois de um período sem interlocução com empresários, a busca a ele é cada vez maior . Essa movimentação de 11 de agosto é parte disso. Lula também acenou para os militares dizendo que “são mais responsáveis que Bolsonaro” e ficou resgatando como seu governo deu verba aos militares, expressando sua vontade de pactuar também com os militares seu retorno sem questionar o papel das Forças Armadas no regime político e seus enormes privilégios.

O PT e Lula seguem na sua linha de canalizar todas as insatisfações e respostas para o terreno eleitoral, para eleger Lula-Alckmin e todas as chapas estaduais de Frente Ampla com a direita tradicional, incluindo setores que levaram à frente o golpe institucional de 2016 e que tem um programa abertamente conservador e se aliando com o grande capital e diversos setores da direita.

Através do seu peso nas direções do movimento de massas, em especial na CUT, o PT vem construindo a passividade com esse objetivo faz tempo. Agora, através da “Frente Fora Bolsonaro” resolveu convocar o 11 de agosto como “Dia nacional e internacional de mobilização unitário em defesa da democracia, por eleições livres e contra a violência política”, e já deixa indicada também uma mobilização para 10 de setembro, para tentar impedir que surjam manifestações combativas contra o bolsonarismo nas ruas no dia 7 de setembro.

O objetivo é que os atos sejam extremamente controlados, com a maior Frente Ampla que seja possível e sem levantar nenhuma demanda econômica porque para eles a unidade que é necessária não é a da classe trabalhadora com o povo pobre para lutar por nossas demandas. O que eles querem é restabelecer as alianças que Lula fez em seu governo anterior, com setores conservadores, que não aceitam que toquem nos seus lucros e privilégios. Assim, quem vai seguir pagando pela crise agora, e mesmo num possível governo Lula, são os trabalhadores.

Pela unidade da classe trabalhadora num plano de luta e não com a grande burguesia e a direita

Muitos dizem que é hora da mais ampla unidade pra combater a extrema-direita, Bolsonaro e os militares. Setores da esquerda tentam inclusive defender uma suposta “unidade de ação” com a burguesia tentando dar algum tipo de fundamento marxista para essa política, o que já debatemos aqui. Mas a unidade que é verdadeiramente ampla e que pode de fato derrotar Bolsonaro, a extrema direita e qualquer ameaça golpista é a da classe trabalhadora, da juventude, mulheres, negros, indígenas e LGBTQIAP+ na luta de classes, o que só pode se dar combinando a luta contra as ameaças golpistas com as demandas econômicas mais sentidas e de maneira independente da burguesia e de qualquer setor patronal.

Lula já disse que sua chapa não é de esquerda, que não vai revogar as reformas e não propõe nenhuma mudança estrutural no regime político autoritário que foi degradado com o golpe institucional. Lula-Alckmin não vão abrir caminho para resolver as demandas da classe trabalhadora e o povo pobre, menos ainda agora que o país não tem condições econômicas para concessões como foi no segundo governo Lula, e sim tendem a atacar como fez no primeiro governo com a reforma da previdência e medidas neoliberais, como já reconheceu o próprio petista André Singer.

É fundamental que o Polo Socialista Revolucionário, somado aos partidos que se colocam à esquerda do PT e com candidaturas próprias, como o PCB e UP, não embarquem nessa armadilha da conciliação de classes e de uma suposta “defesa da democracia”, que na verdade é uma campanha da chapa Lula-Alckmin.

Devemos unir forças para exigir das direções majoritárias do movimento de massas, em primeiro lugar da CUT, CTB e UNE, que impulsione um verdadeiro plano de luta contra as ameaças golpistas e pela revogação de todas as contra-reformas e ataques, para convocar à luta pelas demandas econômicas da classe trabalhadora contra a carestia de vida e a fome. Não aceitemos atos eleitorais junto com os grandes banqueiros, industriais e líderes do regime político, que vão definir o programa dessas ações de acordo com seus interesses. Isso não é um “combate contra o golpismo”. É necessária uma política de independência de classe, e impor às direções burocráticas um plano de luta efetivo, organizado a partir de assembleias de base nos locais de trabalho e estudo, alentando a auto-organização pela base, para colocar a classe trabalhadora como sujeito ativo na cena política, para que essa tome o controle da situação.

Se somamos forças nessa luta política, é possível inclusive ganhar setores da vanguarda dos trabalhadores e da juventude que estão fora dos partidos organizados para essa perspectiva de enfrentar o bolsonarismo, os militares e a direita na luta de classes. Nossas pré-candidaturas com Marcello Pablito, Maíra Machado, Flávia Valle, Carolina Cacau e Valéria Muller estarão a serviço dessa batalha participando a partir da próxima semana do programa “O Brasil não é pra amadores nas eleições 2022”, assim como o Esquerda Diário e todos nossos instrumentos que estarão a serviço das batalhas políticas, ideológicas e teóricas neste momento como o Esquerda em Debate, o Suplemento Teórico Ideias de Esquerda, o Podcast Espectro do Comunismo e o Campus Virtual Ideias de Esquerda.

Os setores que compõem o Polo Socialista Revolucionário, defendendo voto na chapa Vera Lucia e Raquel Tremembé, como o PSTU, setores do PSOL e diversos ativistas e organizações, como nós do MRT, devemos estar na linha de frente dessa batalha.

Chamamos cada ativista e as organizações a travarmos essa luta política em comum, dando uma batalha em comum em cada sindicato, entidade estudantil e junto às organizações e partidos da esquerda.

 
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