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Conciliação de classes
Chapa Lula-Alckmin estende a mão para o grande capital e patrocinadores da agenda econômica bolsonarista
Gabriel "Biro"

A chapa Lula-Alckmin vem costurando apoio de grandes monopólios imperialistas, como Google e Amazon, acenando seu comprometimento ao grande capital, enquanto se entrega ao pacto das instituições golpistas para manter a agenda econômica do governo de Bolsonaro.

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Nos últimos dias acompanhamos instituições e frações da alta camada da burguesia, seguindo o alinhamento com o imperialismo norte americano dos democratas de Biden, defendendo as regras do jogo eleitoral brasileiro, cinicamente falando em “democracia”.

Mas nós sabemos que essa democracia degradada dos capitalistas nunca esteve tão carcomida. Na realidade vivemos atualmente um regime autoritário fruto do golpe institucional de 2016, que realocou os poderes mais reacionários para frente dos holofotes do estado brasileiro. As instituições mais antidemocráticas, como a cúpula das forças armadas, herdeira do golpe militar de 1964, e o judiciário, que não é eleito por ninguém, mandam e desmandam na política, sustentando o governo de Bolsonaro.

Longe de qualquer aspiração “democrática”, em um país que retorna ao mapa da fome e está na corrida pela destruição dos direitos trabalhistas, conquistados através de décadas de lutas e greves, estes grupos empresariais como a FIESP e banqueiros como Roberto Setubal e Cândido Bracher (Itaú Unibanco), buscam com esse cinismo de “respeito às instituições democráticas” tirar suas fichas do discurso golpista de Bolsonaro e apostar nas instituições do regime golpista que eles mesmo ajudaram a erguer.

O desejo dessas cúpulas patronais era poder apoiar a terceira via que não deslanchou. Bolsonaro sempre foi seu filho indesejado, mas que cumpriu a agenda econômica, a reforma trabalhista e da previdência, assim como as privatizações, que estavam asseguradas com Guedes no comando da economia. Podem até não sustentar Bolsonaro como candidato a ser reeleito, mas sustentam veementemente sua agenda econômica, exigindo que ela seja mantida em qualquer próximo governo. A barbárie da agenda de ajustes e ataques é inegociável para a burguesia brasileira, e a chapa Lula-Alckmin fez grandes gestos para mostrar ao grande capital que vai se disciplinar a esse desejo. Basta ver a retirada de qualquer menção à revogação da reforma trabalhista.

Saiba mais: Banqueiros golpistas falam de democracia, mas apoiam todos os ajustes de Bolsonaro

Tanto é assim que nas prováveis manifestações de 11 de agosto, é cada vez maior o papel que vem tomando uma enorme camada de empresários, banqueiros, ministros do STF, governadores, e expoentes desse regime político. Mesmo o caráter de atos meramente eleitorais, sem qualquer traço de enfrentamento com a extrema direita, vem sendo superado por aquilo que começa a se desenhar como um ato de celebração pró-patronal de relegitimação de todo o regime com a chapa Lula-Alckmin, aclamado pela grande imprensa.

Alckmin, na vice-presidência de Lula, tem sido um verdadeiro cheque de garantia para os interesses econômicos do capital financeiro. A chapa Lula-Alckmin já assumiu ser um projeto de conciliação muito mais entregue do que foram os 14 anos de governo do PT, especialmente o de Dilma, que aplicou ataques duros contra os trabalhadores, mas fracassou em atender aos ritmos do mercado. Lula já assumiu que sua chapa não é de esquerda, já retirou qualquer compromisso de revogar contraformas, de defender o direito ao aborto, de reverter as privatizações, etc.

Obviamente, não se trata de nenhuma declaração de voto público do capital financeiro, mas as movimentações políticas deixaram claro que essas cúpulas de patrocinadores de golpes latino americanos não estão interessados em encorajar as aventuras de Bolsonaro dessa vez. A FIESP, com histórico longo de sustentação de golpes no país, diz que vai apoiar "todo ato em defesa da democracia". Cínica como os próprios EUA. Mas já sinaliza aos atos de caráter eleitoral preparados pelas forças pró Lula-Alckmin. Desta forma, as declarações “pró instituições democráticas”, estão na realidade propondo um pacto de preservação das conquistas econômicas da patronal durante o regime do golpe de 2016, de ataques contra a classe trabalhadora iniciado por Temer e seguido por Bolsonaro/Guedes.

Não por acaso o documento da FIESP deixa explícito as condições e o projeto econômico que deverá ser seguido independente do vencedor das eleições, em troca de suas cínicas "boas intenções democráticas”. Porém para Lula a conciliação que o levou até aqui ainda não é o suficiente e está determinado a fazer o acordo que for necessário para ser o escolhido a selar este pacto, apertando a mão desses mesmos golpistas que patrocinaram sua prisão arbitrária para manipular as eleições de 2018.

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A completa passividade do PT e das grandes centrais sindicais, como a CUT e a CTB, frente a fome e a miséria e os ataques que são lançados dia após dia contra a classe trabalhadora são sua moeda de troca histórica. Mas nos bastidores, nas reuniões e jantares com figurões empresariais, a chapa Lula-Alkmin vem negociando diretamente com esses setores. E ao que tudo indica está sendo costurado pelo senador Jaques Wagner do PT-BA, o apoio de grandes monopólios do capital imperialista, como Google, Amazon e de Jorge Paulo Lemann. Esses grandes monopólios são exemplos do que existe de mais selvagem na exploração da classe trabalhadora. Não tenhamos dúvidas que as negociatas para conquistar o apoio dessa laia estão sendo feitas com nossos direitos, empregos e cabeças sobre a mesa.

Não nos esqueçamos das eleições de 2002, em que nomes de burgueses como Eugênio Staub (Gradiente), Ivo Rosset (Valisére) e Lawrence Pih (Moinho Pacifico), o ajudaram a terminar de ganhar a confiança e declarar paz ao mercado financeiro internacional. E ainda poderemos ver nessas eleições alguma reedição da “Carta ao Povo Brasileiro”, o nome dado por Lula ao seu compromisso de, em caso de vitória, respeitar os contratos econômicos nacionais e internacionais. Mostrando que pode ser tão cínico quanto a FIESP, Lula fala em “povo” enquanto direciona suas palavras para a burguesia e o capital internacional.

Em 2002 Lula ainda não havia sido testado pela burguesia, dessa forma essas declarações de compromissos tinham a intenção de não deixar dúvida de que não seria uma ameaça para os caminhos traçados pelo FMI e pelo Banco Mundial. Porém agora, não mais em um momento de crescimento econômico mundial e sim em uma crise internacional do capitalismo, Lula precisa mostrar um comprometimento de outro nível. Como disse o ex-embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, a Casa Branca teve "muito boa relação" com Lula e Dilma nos 14 anos de governo do PT. Já sabem que ele não é uma ameaça. Agora, Lula precisa mostrar até onde está disposto a ir para preservar as conquistas econômicas do regime do golpe institucional, seu projeto de ataques, privatizações, contrareformas e os novos caminhos traçados pelo capitalismo imperialista mundial para despejar a crise nas nossas costas.

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A burguesia industrial e os banqueiros que hoje patrocinam as “instituições democráticas” que tutelam o regime do golpe de 2016, e comandam o jogo eleitoral, é a mesma que patrocinou o golpe militar de 1964, é a mesma que sustentou Bolsonaro até aqui. São aqueles que se beneficiam com a fome, o desemprego, com os trabalhos precários sem direitos, com os altos preços dos produtos básicos. A busca de costurar apoios por parte de Lula-Alkmin só explicita a necessidade e a urgência para construir uma alternativa para enfrentar Bolsonaro e a extrema direita desde uma perspectiva de independência de classe, que não se sujeite a acordos com nossos inimigos, com nossos patrões, com aqueles que lucram com nosso suor e sangue.

Nossos inimigos não são só os atores políticos, mas também seus patrocinadores. Por isso o enfrentamento contra extrema direita deve começar lutando contra cada ataque, através dos métodos de luta da classe trabalhadora, com organização, greves e paralisações, não com negociatas. É preciso levantar um programa de enfrentamento com os empresários e patrões por uma saída dos trabalhadores para a crise, avançar na auto-organização da nossa classe para superar as direções burocráticas dos sindicatos e impor que organizem a luta, unindo o conjunto dos trabalhadores, empregados e desempregados, efetivos e terceirizados, e movimentos sociais no sentido de também nos preparar para os combates que virão depois das eleições de outubro. É preciso lutar pela revogação integral de todas as reformas que o golpe institucional de 2016 assegurou e que Bolsonaro e Guedes concretizaram, de forma independente do PT, sem conciliação com os empresários e a patronal, que quer atacar os trabalhadores para garantir seus lucros e jogar a crise deles nas nossas costas.

 
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