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Economia internacional
Ucrânia e a inflação mundial: as contradições do FMI
Eduardo Tonatiuh

A presidenta do FMI informou que a guerra na Ucrânia causará uma crise econômica e uma inflação sem precedentes. A falta de matérias-primas da Rússia e da Ucrânia, como trigo ou os combustíveis, pode trazer fome e devastação aos países mais pobres.

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Kristalina Georgieva, diretora do FMI, disse que os conflitos na Ucrânia trarão sérios problemas para as economias pequenas. No entanto, a saída do FMI é a típica desse organismo: o empréstimo aos países menos desenvolvidos para sua recuperação; isso, como sempre, implica maiores medidas de ajuste econômico contra a classe trabalhadora. Embora anteriormente o FMI tivesse dito que, para apoiar as economias mais atrasadas, iria reduzir a taxa de juro para entre 2,5% e 5,5% para os países mais pobres, a verdade é que a própria recessão econômica global já vem provocando o aumento das taxas de juros, como aconteceu na crise de 2008. Outro indicativo de que as palavras desta organização não são confiáveis é ​​quando se trata de cobrança de dívidas.

A inflação mundial é uma realidade que, embora tenha começado a ser palpável no início deste ano, se agravou nos últimos meses. Os estragos econômicos, causados ​​pelo péssimo manejo da pandemia, já são vistos até nos países mais desenvolvidos da Europa, onde a base da população já sofre com a escassez e a miséria. Esta situação já vem tendo respostas por parte da classe trabalhadora, com mobilizações e greves contra a fome e pelo aumento dos salários.

Especula-se que a inflação suba para 5,7% nas economias mais avançadas, a mais alta dos últimos 58 anos. Enquanto isso, nas economias em desenvolvimento, a inflação seria de 8,7%, algo não visto desde a crise de 2008. Especificamente, segundo especulações do FMI, o crescimento econômico na América Latina não será o esperado, pois terá um crescimento de apenas 2,5%, 1% menos do que se acreditava no início do ano.

Soma-se a isso a guerra na Ucrânia e todas as perdas materiais que ela implica, principalmente vidas humanas, mas também o ataque aos meios de produção do país, além das diversas sanções de exportação contra a Rússia. Toda a estabilidade econômica se converteu em processo de regressão e incerteza. As chaves para entender a inflação mundial incluem, além das sanções na guerra, a quebra das cadeias de valor no campo geopolítico, ou seja, um conjunto de conflitos e tensões com reflexos econômicos que terão repercussões diretas sobre os pobres e a classe trabalhadora.

A diretora do FMI se baseia no fato de que os preços de grãos, óleos comestíveis, combustíveis e fertilizantes estão aumentando. Segundo a agência de alimentos da ONU, a redução nas exportações de trigo e grãos após o avanço da Rússia na Ucrânia ameaça lançar entre 11 e 19 milhões de pessoas a uma situação de fome nos países mais pobres, já que esses dois países são responsáveis ​​pelo abastecimento de alimentos e quase todo o suprimento mundial de trigo.

Outro dos elementos envolvidos na desaceleração econômica global é o grande investimento no rearmamento da Europa. Por exemplo, após os conflitos na Ucrânia, a Alemanha deu uma virada histórica em sua política de armamento quando o chanceler Olaf Scholz fez um discurso dizendo que até 100 bilhões de euros serão alocados para fortalecer a defesa armada do país. Essa mudança é tão importante que a Alemanha investiu mais de 2% de seu PIB em gastos militares, mais ainda do que a própria OTAN exige.

Um dos efeitos mais palpáveis ​​dessa política de militarização envolveu o FMI, muito presente naqueles países mais atrasados cuja economia é em si uma bolha prestes a estourar, como foi sua presença no Sri Lanka para militarizá-lo, cujas consequências têm provocado uma série de revoltas, produto da própria inflação e do descontentamento social, ao ponto que manifestantes tomaram a casa do presidente e do primeiro-ministro. Essa militarização, além de gerar mais dívida com o FMI, traz consigo perseguição, repressão e assédio à classe trabalhadora.

O FMI divulgou comunicados à imprensa informando sobre danos econômicos futuros, principalmente devido ao conflito armado na Ucrânia. No entanto, a inflação mundial é mais complexa do que parece e essa organização só procura aproveitar a recessão econômica mundial para introduzir a sua política de pilhagem enquanto o proletariado mundial se esgota para pagar a dívida, causada pelos próprios governos e nos interesses dos grandes capitalistas.

A saída da inflação não é através de bancos mundiais ou organizações como o FMI, que são apenas ferramentas para controlar as políticas de governos relacionados. Precisamos de uma solução da classe trabalhadora para a crise, que deve incluir uma política abrangente que enfrente todos os problemas internacionais. É por isso que, em primeiro lugar, temos uma postura de guerra à guerra na Ucrânia, ou seja, para acabar com a intervenção de Putin, mas também para acabar com organizações criminosas como a OTAN, que, como já vimos, só geram morte a cada centímetro de sua expansão. Por outro lado, as mortes e a desaceleração econômica do COVID poderia ter sido evitada se os governos não estivessem ao lado dos empresários e das elites.

Uma verdadeira saída em favor da classe trabalhadora implicaria como medidas mínimas: aumento dos salários e reajuste de acordo com a inflação, controle de preços de produtos e serviços básicos, distribuição das horas de trabalho entre empregados e desempregados, trabalhando 6 horas e sem redução salarial. Tudo isso seria possível se questionássemos os lucros capitalistas. A única maneira de fazer com que os capitalistas paguem pela crise —porque são eles que a provocaram— é através da mobilização nas ruas, um exemplo disso são, como mencionamos, as mobilizações e greves que percorrem a Europa.

 
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