Imagem: MedicamentosArquivo/Agência Brasil
O remédio Vencanse some das prateleiras das farmácias do Rio e de São Paulo. O remédio destinado ao tratamento de transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP) hoje encontrou outro público: jovens vestibulandos, estudantes de concursos públicos e profissionais da área da tecnologia.
O remédio que faz o corpo ficar permanentemente voltado e preparado para fugir de ameaças é tomado pela juventude com o objetivo de aumentar o foco e a energia para serem cada vez mais produtivos. A medicação causa um pico de produção de noradrenalina e cortisol, aumento da frequência cardíaca, crescimento da circulação do sangue para os músculos e contração das pupilas que permite os jovens estudar horas a fio para furar o filtro do vestibular, buscando uma direito que deveria ser de todos, ou para passar em um concurso público, em meio ao desemprego e precarização do trabalho que atormenta o futuro da juventude.
O produtivismo capitalista, que atinge a juventude da classe média colocando-a nessa busca que leva a ingerir medicamentos que a façam ser mais produtivas em menos tempo, é expressão de uma aflição muito maior na juventude como um todo para atingir o inatingível. É ainda mais impactante na juventude precarizada que, muitas vezes, trabalha por dezenas de horas enquanto encara situação de incerteza alimentar, de pobreza e desespero.
No sistema do capital, dos ataques econômicos e sociais que tem hoje a cara da extrema direita bolsonarista, mas também de todos os neoliberais "democráticos", o futuro que resta para a juventude, quando não é a de falta de direitos e condições de trabalho extremamente precárias, é de uma vida esvaziada de sentidos e lazer, voltada unicamente para estudar e produzir de maneira alienada, para interesses que não são os seus próprios ou da maioria da população trabalhadora.
À juventude, a quem é relegada cada vez mais precarização e uma lógica cada vez menos substancial, o caminho necessário é o da luta de classes ao lado dos trabalhadores, exigindo o direito à educação para todos com o fim do vestibular e a estatização das universidades privadas, e a batalha contra a superexploração do trabalho precário, por emprego com plenos direitos para todos, dividindo as horas de trabalho sem rebaixar salários, demandas elementares na batalha por uma vida digna e cheia de sentido.
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