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Contra a inflação e o FMI
Onda de greves e protestos sacode o Panamá
Milton D’León
Caracas

Para esta terça-feira, 12 de julho, uma grande marcha nacional foi convocada na capital Cidade do Panamá e em outras cidades do país para mostrar a grande rejeição popular às políticas de ajuste que o FMI vem aplicando através do Governo e o crescente aumento do custo de vida. À greve de professores que já dura 8 dias se somou o poderoso sindicato da construção civil.

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Há descontentamento, há raiva no povo panamenho. Esta segunda-feira marcaram-se oito dias de crescentes protestos em todo o país e uma greve indefinida dos professores contra a disparada dos preços do combustível, da cesta básica familiar e contra as políticas anti-operárias do governo de Laurentino Cortizo. Para esta terça-feira, 12 de julho, uma grande marcha nacional foi convocada na Cidade do Panamá e em outras cidades do país para mostrar a grande rejeição popular às políticas de ajuste que o governo vem aplicando em nome do FMI.

As manifestações surgem no terceiro aniversário do governo de Laurentino Cortizo, que implementa uma política de descarregamento da crise sobre o povo panamenho e que, junto com empresários, aproveitou a pandemia para deixar milhares de trabalhadores na rua através de demissões, ao mesmo tempo em que os empresários aumentam os preços dos alimentos, remédios e serviços básicos todos os dias.

A greve nacional dos professores foi decretada na última quarta-feira por 72 horas, mas na quinta-feira foi declarada indefinida após uma reunião fracassada entre os líderes dos professores e a ministra da Educação, Maruja Gorday. Desde então vem ganhando força nas ruas de quase todo o território nacional, unindo estudantes, indígenas, trabalhadores e outros sindicatos que se uniram na Aliança Povos Unidos pela Vida e na Aliança Nacional pelos Direitos dos Povos Organizados (Anadepo), que já em maio apresentou uma lista de 32 pedidos ao Executivo.

Durante a semana, os bloqueios de rodovias se intensificaram em lugares como Santiago, La Villa de Los Santos, Aguadulce, Penonomé, na capital, La Chorrera, Changuinola e Chiriquí. Mas os bloqueios ganharam mais força mesmo quando os movimentos indígenas agrupados na Coordenadoria Nacional dos Povos Indígenas do Panamá se juntaram aos protestos fechando estradas em lugares como San Juan, Tolé, Viguí, San Félix, Ojo de Agua e Escudo, paralisando completamente boa parte do país.

E no domingo, o poderoso sindicato da construção panamenha Suntracs anunciou uma "greve de alerta" de 24 horas na próxima quarta-feira, como parte dos protestos que continuam a se espalhar, exigindo também um aumento geral dos salários. Os trabalhadores do setor da construção civil estiveram à frente das lutas contra os vários ataques do governo anterior de Juan Carlos Varela e seu sucessor atual, Laurentino Cortizo, daí a importância de convocarem essa greve.

Em 2018, por exemplo, os trabalhadores se mobilizaram contra o aumento de 8% na tarifa de energia elétrica e reivindicaram os 32 milhões de dólares em salários atrasados, e desde então têm sido um setor chave nos protestos que vêm ocorrendo pelo país. "Há uma saída para o problema, mas eles não querem para continuar beneficiando as potências econômicas", declarou o secretário-geral da Suntracs, Saúl Méndez, ao anunciar a greve de 24 horas "para exigir respostas concretas do Governo" e convocando piquetes e marchas ao longo da semana.

O governo de Cortizo, temendo que os protestos se expandam ainda mais e entrem em greve nacional, convocou uma mesa de diálogo na segunda-feira, instalada na província de Veraguas, onde começou a greve dos professores por tempo indeterminado.

Nas manifestações, ouvem-se cânticos contra o que são considerados abusos de poder e as demonstrações de opulência dos parlamentares enquanto grande parte da população perdeu o emprego devido à pandemia.

Por sua vez, câmaras empresariais, como a Associação Panamenha de Empresários (Apede), exigiram que o governo aja diante dos protestos que o país vive, argumentando que o fechamento de rodovias como a Interamericana, que atravessa o país e o conecta com a América Central, "causaram prejuízos milionários", quando são eles com os aumentos indiscriminados de produtos básicos e a onda de demissões os que atingem os trabalhadores.

Os protestos dos trabalhadores e do povo do Panamá que viram sua situação piorar desde a época da pandemia e agora com os aumentos de combustível e o alto custo de vida continuam se intensificando, mostrando o potencial de sua força não apenas para parar o governo e suas medidas, mas também para impor todas as suas necessidades e demandas na agenda nacional e conquistar seus direitos legítimos.

É urgente a convocação de uma grande greve nacional para derrotar a política de Cortizo que, de mãos dadas com o FMI, vem descarregando a crise sobre os trabalhadores panamenhos. Trata-se de que os trabalhadores, os jovens e os pobres do Panamá, construam seu próprio programa independente para que a crise não caia em suas costas, e que os empresários e o governo paguem pela crise.

 
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