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América Latina
Décimo dia de protestos massivos contra a repressão no Equador
Redação

O movimento indígena continuou avançando em Quito quando se completaram dez dias de manifestações. Na noite da última terça-feira e desta quarta-feira, a repressão contra estudantes solidários e indígenas mobilizados continuou, enquanto o governo cinicamente segue pedindo diálogo sem que o presidente Lasso recue em suas políticas de ajuste.

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Por volta das 15h no Equador (17h no horário de Brasília) as colunas da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE) avançaram sobre Quito. Um seguiu para o norte, liderado por Leónidas Iza e outros líderes dessa organização, e outro marchou para o centro histórico da cidade, ambos com milhares de pessoas, exigindo que não houvesse repressão.

A coluna liderada por Iza seguiu então para a Universidade Central, onde os estudantes montaram um centro de coleta de alimentos para os manifestantes. O mesmo acontece no politécnico: os alunos organizam-se para lhes dar abrigo e alimentação.

Ontem à noite, os estudantes que organizam estes centros de recolhimento solidário foram reprimidos pela Polícia da Universidade Central. Esse jovem passou a associar as próprias demandas, como o aumento do orçamento universitário à demanda contra a inflação e o aumento dos preços dos combustíveis (que encarece o custo da cesta de compras da família).

Enquanto essa repressão acontecia na noite de terça-feira, Leónidas Iza deu uma entrevista coletiva onde afirmou que eles estavam abertos ao diálogo, mas que o diálogo não poderia acontecer sem que o governo não atendesse às demandas que eles estavam fazendo. Infelizmente, ele não ligou para apoiar os jovens estudantes universitários que estavam sendo perseguidos com balas de borracha e muito gás.

Chamados ao diálogo reprimindo, sem recuar no ajuste, nem atendendo às demandas populares?

Esta manhã o governo reprimiu novamente. Já são dois manifestantes mortos pela repressão. O presidente Lasso, ao qual se juntou a Igreja Católica e até mesmo o secretário da Organização dos Estados Americanos (OEA), pedindo "diálogo", faz esse apelo cínico sem ainda atender às dez demandas exigidas pela CONAIE, entre as quais: o congelamento dos preços dos combustíveis, moratória e renegociação de dívidas bancárias, preços justos dos produtos agrícolas para milhões de pequenos e médios agricultores.

Um parágrafo à parte merece o secretário da OEA, Luis Almagro, que acusou a CONAIE de ter "discursos golpistas", quando ele, por meio desta organização, foi um dos primeiros a apoiar o golpe de Estado na Bolívia, pelo qual algumas semanas atrás, a golpista Jeanine Añez foi condenada a 10 anos de prisão, embora os crimes cometidos pelo exército em Sacaba e Senkata permaneçam impunes.

Embora na tarde de terça-feira o próprio Leônidas Iza tenha declarado: "O Governo nos enviou um documento com supostas respostas às nossas demandas, com generalidades (...), mas estamos dispostos a dar uma resposta que nos permita abrir a discussão sobre os mecanismos de cumprimento dos pontos que demandaram essa mobilização”. Dessa forma, ele abriu sua possível participação em uma possível conversa se o estado de exceção fosse revogado e o parque El Arbolito (uma área que foi o epicentro da conferência de 2019) fosse desmilitarizado.

Mas o governo intensificou a repressão e não deu sinais de recuo, nem mesmo na medida mais sentida pelo povo trabalhador equatoriano como um todo: o aumento dos preços dos combustíveis. Isso fez com que o dirigente indígena mantivesse as manifestações em Quito dizendo: "(...) nós viemos pelos dez pontos e vamos voltar com esses dez pontos (...)". Ao mesmo tempo em que convida várias organizações sociais a “instalar a fiscalização e ser garantidoras de um novo processo com resultados”.

Somente quando milhares e milhares foram vistos nas ruas de Quito, com as bases da CONAIE dispostas a permanecer até alcançar seu objetivo, ainda resistindo à repressão, enquanto várias províncias também permanecem mobilizadas apesar do estado de emergência imposto pelo governo de Guillermo Lasso em 6 deles, o governo neoliberal se dignou a responder, através de um tweet do Ministro de Governo -Francisco Jiménez-, que disse que estavam revisando a carta enviada pela CONAIE "para iniciar um processo de diálogo efetivo".

Mas enquanto o governo falava nas redes sociais, a Polícia voltou a reprimir os manifestantes na Avenida Pátria, em Quito.

A unidade dos trabalhadores, pobres, indígenas e jovens é fundamental para enfrentar o acordo do governo com o FMI, que só trouxe mais dificuldades para as maiorias populares. Nestes dias, o que ficou claro é que há forças para derrotar o plano de ajuste de Lasso e dos empresários. Essa unidade e organização independente e mobilização são a chave para avançar nesse sentido.

 
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