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Inflação
Começou a maior greve ferroviária em 30 anos no Reino Unido
Redação

Mais de 40 mil trabalhadores ferroviários entraram em greve no Reino Unido, a maior em 30 anos, mobilizados contra cortes de emprego e congelamento dos salários. Boris Johnson lançou uma política hostil aos ferroviários, mas não consegue quebrar a greve que conta com a solidariedade e apoio de vários setores, também afetados pela inflação.

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Foto: REUTERS - JOHN SIBLEY

Em reinvindicação por salários e emprego, mais de 40 mil trabalhadores ferroviários britânicos filiados ao Sindicato Nacional dos Trabalhadores Ferroviários, Marítimos e de Transportes (RMT) iniciaram uma greve histórica, que não acontecia há cerca de 30 anos no Reino Unido. Trabalhadores fizeram piquetes já pela manhã e paralisaram redes de trens e algumas várias estações de metrô.

Greve acontece em meio a uma deterioração da economia britânica combinado a um cenário internacional potencializado pela guerra na Ucrânia, gerando um impacto inflacionário. A inflação atual no país está em 9,2%, e pode chegar a 11% neste outono, quando haverá outro aumento de energia. Já houve um aumento de 50% em abril e haverá outro aumento, também de 50% em outubro, quando o frio começar a sentir.

O ministro britânico dos Transportes, Grant Shapps, recusou-se na terça-feira a se reunir com os sindicatos do setor ferroviário para resolver a disputa sobre os salários em meio ao aumento da inflação.

O governo de Boris Johnson revidou à paralisação, buscando interromper a greve permitindo que as empresas contratassem funcionários terceirizados, uma medida que os sindicatos denunciaram como impraticável, insegura e potencialmente violadora do direito internacional. No entanto, Johnson até agora não teve sucesso e a greve está se mantendo firme.

O Governo também anunciou que vai encontrar uma forma de determinar o serviço como essencial, para obrigar as operadoras a oferecerem serviços mínimos durante as greves, o que não acontece agora. Essa tentativa de enfraquecer a greve busca desesperadamente frear um processo de lutas que vem ocorrendo por aumentos salariais devido à perda de poder aquisitivo e que continuará no próximo período.

Esse processo pode marcar o inicio de um descontentamento ainda maior, unindo outras categorias como professores, profissionais da saúde, trabalhadores da coleta lixo, etc. É a expressão da enorme crise, puxado principalmente pelo crescimento dos preços de alimentos e combustíveis.

A histórica greve ferroviária de hoje convergiu com a de cerca de 10.000 trabalhadores do metrô de Londres, que também exigem pensões e perda de empregos.

Somam-se a isso os funcionários públicos. O governo está oferecendo apenas um aumento salarial de 3% para este setor, onde os salários estão congelados desde 2020, deixando-os muito atrás do custo de vida.

Nesse quadro, milhares de trabalhadores agrupados na federação sindical TUC saíram às ruas em várias regiões da Inglaterra e País de Gales neste fim de semana. O protesto passou em frente à Downing Street, residência oficial do chefe do Executivo, e terminou em frente ao Palácio de Westminster, sede do Parlamento.

Por sua vez, o sindicato dos professores, União Nacional da Educação (NEU), declarou que se até quarta-feira não recebessem uma oferta salarial próxima da inflação, colocariam a greve em votação entre seus 450.000 membros, o que seria no outono, entre setembro e outubro.

Enquanto isso, os trabalhadores do SNS (sistema nacional de saúde) terão um acordo salarial abaixo da inflação, para o pessoal de enfermagem isso significaria um corte de 10% em termos reais nos seus rendimentos, o que já causava desconforto generalizado.

Os trabalhadores do setor público não carecem de motivos para entrar em greve, a desvalorização dos salários afeta milhões de trabalhadores que atuaram na linha de frente da pandemia. Este setor enfrenta taxas de crescimento salarial muito mais lentas do que o país como um todo, pois os números oficiais indicam que os salários do setor privado estão aumentando 8,7% ao ano, em comparação com apenas 1,6% no setor privado.

Os sindicatos estimam que os trabalhadores britânicos perderam cerca de um terço de seu poder aquisitivo em relação a 2008 devido à inflação e à falta de atualização dos salários, e garantem que é a maior queda dos “salários reais” desde 1830.

Como apontamos em artigo anterior de nossa rede internacional, “A dinâmica dessa situação e a disposição dos trabalhadores em lutar por seus direitos nos lembra o que ficou conhecido como o ’inverno do descontentamento’. 1978-1979 no Reino Unido, em resposta à tentativa do governo trabalhista na época de impor um teto salarial de 5%, em um momento de alta inflação".

 
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