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Desaparecidos na Amazônia
Indigenista já planejou ação contra garimpo ilegal e inglês fotografou homens armados há 5 dias
Guilherme Garcia

Enquanto Bruno organizou operação que destruiu balsas do garimpo ilegal anos atrás, Dom foi visto fotografando homens armados invadindo um território indígena na região há apenas 2 dias antes do desaparecimento. Ou seja, muito provavelmente há caroço nesse angu e madereiros e garimpeiros, base do Bolsonaro, estão envolvidos.

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Já são três dias desde o desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips na região do Vale do Javari (AM). Até o momento, as buscas não têm tido sucesso em encontrar os dois desaparecidos em uma região que é marcada pelo garimpo ilegal que explora a região e massacra os povos indigenas. Nesta última terça, o presidente Bolsonaro fez uma declaração absurda: “Duas pessoas apenas, em um barco, em uma região daquela, né, completamente selvagem, é uma aventura que não é recomendável que se faça. Tudo pode acontecer. Pode haver um acidente, pode ser que eles tenham sido executados”. Na prática, Bolsonaro culpa os dois pelo desaparecimento.

O que sabemos até o momento é que ambos estavam na mira dos garimpeiros, madeireiros e donos do agronegócio da região, justamente por estarem denunciando as atividades ilegais contra os povos indígenas e o meio ambiente. Enquanto Bruno organizou operação que destruiu balsas de garimpeiros anos atrás, Dom foi visto fotografando homens armados invadindo um território indígena na região há apenas 2 dias. Ou seja, muito provavelmente há caroço nesse angu e Bolsonaro já está justificando a barbárie retirando a responsabilidade de eventuais criminosos.

Bruno da Cunha Araújo é um agente em indigenismo e servidor da Funai. Ele é odiado pelos os garimpeiros por ter participado da elaboração e planejamento de uma operação contra o garimpo na Amazônia. Em setembro de 2019, como coordenador-geral de índios isolados e recém-contratados da Funai, Bruno ajudou a elaborar um plano da Polícia Federal para destruir balsas dos garimpeiros no Vale do Javari. A Operação Kourubo destruiu 60 balsas flagradas na prática de garimpo ilegal. Em seguida, Bruno saiu da coordenadoria-geral, mas começou a receber ameaças anônimas constantes.

Outra questão que ocorreu dois dias antes do desaparecimento foi na divisa de um território indigena. Bruno e o repórter Dom Phillips foram visitar a equipe da Univaja na região, quando um grupo de invasores estavam lá. O grupo ficou exibindo suas armas no intuito de amedrontar a equipe. Segundo o coordenador-geral da Univaja, Paulo Barbosa da Silva, o repórter britânico tirou fotos dos homens armados: “O jornalista tirou a foto, e os invasores voltaram para a comunidade deles, que fica na área do Pelado, que é um dos suspeitos”. Relatou o coordenador.

O “Pelado”, no qual é referido, se trata de Amarildo da Costa de Oliveira, de 41 anos. Um dos suspeitos de envolvimento no desaparecimento que foi preso na tarde de hoje, após ter sido apontado por testemunhas como o dono de uma lancha verde com a logomarca da Nike. A embarcação foi vista por essas testemunhas navegando logo atrás do barco que transportava o indigenista e o jornalista.

Toda essa situação deixa bastante mostra como ambos os desaparecidos estavam mexendo com interesses desses setores reacionários, que como já sabemos, é 100% apoiado por Bolsonaro que faz de tudo para deixar o caminho livre para essas práticas criminosas na Amazônia, desde o garimpo ilegal, até os capangas de latifundiarios que matam indígenas. Esse apoio e “passa pano” para essas atividades fica bem explícita na sua declaração absurda, e pelo próprio fato do governo ter levado mais de 24h para iniciar as buscas, e só ter começado depois de muita pressão nacional e internacional. Assim como os militares que compõem o seu governo e também term fortes relações e interesses na região Amazônica, querendo ter o controle para a exploração junto com latifundiários e entre outros.

Leia também: "Onde estão Bruno e Dom? Exigimos aparecimento com vida dos dois!", diz Maíra Machado

É urgente e necessário ampliar a campanha democrática e internacional pelo aparecimento da vida do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips. Bolsonaro e seu governo, assim como as demais instituições desse regime, sustentam a destruição da Amazônia e são cúmplices do assassinato de povos indígenas e daquelas que os apoiam. Por tudo isso precisamos lutar por uma investigação independente de todos os crimes contra indígenas e os lutadores, ao lado dos representantes dos povos originários, dos direitos humanos, sindicatos e movimentos sociais, e que o estado seja responsabilizado.

 
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