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Convenção do MRT debate os desafios dos revolucionários frente às eleições de 2022
MRT - Movimento Revolucionário de Trabalhadores

A partir de uma avaliação sobre a situação internacional e nacional, a Convenção política-eleitoral do MRT debateu a estratégia e o programa para combater Bolsonaro, a extrema direita e os militares, o que só é possível pelo caminho da mobilização e organização independente da nossa classe, e não com a conciliação de classe defendida pelo PT com suas alianças com Alckmin, a direita e os patrões, que só os fortalece.

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Votamos campanhas políticas, assim como fortalecer o Esquerda Diário e as iniciativas do MRT frente à crise e reorganização da esquerda brasileira, e também quais serão as candidaturas do MRT na próxima eleição, que se lançarão pelo Polo Socialista Revolucionário com uma política de independência de classe.

A Convenção política-eleitoral do MRT se realizou no domingo, dia 29 de maio. Foi coordenada por Guilherme Costa, professor em Porto Alegre e editor do Esquerda Diário que apresentou 67 delegados eleitos nos núcleos, representando a militância de 9 estados e do DF, expressando a nacionalização em que o MRT avançou no último período. Dentre os delegados, 50% do movimento operário, 47% mulheres e 20% negros. O informe de abertura foi feito por Marcelo Tupinambá e Diana Assunção e houve 29 intervenções dos delegados, expressando suas opiniões sobre os diversos elementos em debate e uma ampla discussão que se deu nos núcleos, preparatória à Convenção. Votando uma série de resoluções para fortalecer a orientação do MRT no ano de 2022 em vistas das perspectivas que se abrirão no próximo período.

Guilherme Costa, Diana Assunção e Marcelo Tupinambá

O cenário estratégico do Brasil no marco da situação internacional

Marcelo Tupinambá partiu de definições sobre a situação internacional para refletir sobre as tendências da situação nacional, apoiado nas elaborações que viemos fazendo sobre a economia, geopolítica e tendências da luta de classes internacional e nacional, que aqui sintetizamos brevemente.

Definimos que estamos em um momento de reatualização da época imperialista de crises, guerras e revoluções, onde a guerra da Ucrânia é a mais nova expressão disso, com impactos importantes, que se expressam com força no Brasil, como na inflação dos alimentos e combustíveis. As intenções de voto em Lula expressam o que se deu em vários países da América Latina, do fortalecimento de alternativas com elementos nacionalistas e reformistas, por um lado, e a intenção de voto em Bolsonaro expressa a manutenção de uma força social da extrema direita, como na retomada de força relativa do trumpismo nos EUA que tem no Brasil com Bolsonaro um de seus maiores representantes internacionalmente.

Analisamos que no Brasil não há agora correlação de forças para um golpe militar (ver aqui essa reflexão desenvolvida), ainda que possam haver ações de grupos reacionários e ações bonapartistas como se deram nas eleições dos EUA.

Entretanto toda a retórica golpista que incentiva ataques bolsonaristas de todo tipo reforça a necessidade de um combate frontal contra o bolsonarismo e essas forças reacionárias, já que suas ameaças golpistas expressam essa força social, assim como o importante peso dos militares no regime político brasileiro, e exigem nosso combate em primeiro plano, de uma maneira independente do bonapartismo do judiciário que também é responsável de que o país tenha chegado nessa situação.

Votamos realizar uma forte campanha nacional contra a violência policial, por justiça para Genivaldo Santos, e para as vítimas da chacina na Vila Cruzeiro, que é mais uma das 34 chacinas levadas à frente pelo reacionário governo de Cláudio Castro, denunciando o papel do Estado e o caráter político da operação em meio à conjuntura eleitoral em que o Comandante da PM responsabilizou o STF, como parte das disputas que atravessam o regime político. Isso porque é necessário uma resposta a essa barbárie, que expressa também do que é capaz essa extrema direita.

A Convenção avaliou que o cenário estratégico que vem se configurando no Brasil é uma transição a um governo Lula, ainda que esta possa ser bastante turbulenta. Mas remarcamos como este cenário mais provável não pode ser considerado como certo porque o Brasil vem sendo palco de giros bruscos que podem modificar essa tendência.

Do ponto de vista da luta de classes, avaliamos que apesar de um incremento significativo das greves e conflitos no movimento operário no último período, nas quais em várias delas o MRT atuou ativamente como garis do Rio, CSN, educação em MG, metalúrgicos de SJC, a mobilização de metroviários de SP, são também fruto do impacto do aumento dos preços e da carestia de vida, e essa mobilização crescente tende a seguir após as eleições e mais estrategicamente, ainda que não é certo se na conjuntura eleitoral se manterá a tendência de crescimento dos conflitos.

Combater a extrema direita é impossível através da conciliação petista

Debatemos como todo esse combate contra a extrema direita, o bolsonarismo e os militares, é impossível através da política de conciliação petista, que agora novamente quer concentrar na eleição de Lula-Alckmin e uma série de golpistas a expectativa para dar uma resposta aos ataques e o reacionarismo.

Sabemos que a ampla maioria dos trabalhadores e setores progressistas estão aderindo à candidatura de Lula-Alckmin como se essa fosse a única via possível para lutar contra o bolsonarismo. Debatemos a necessidade de fazer um diálogo paciente com estes setores, sabendo diferenciar os projetos de país de Bolsonaro e Lula, ainda que sabendo remarcar também os pontos de contato. Que é importante que a esquerda revolucionária dialogue com essa base, independente da opção que vão ter de voto no PT majoritariamente, batalhando por uma perspectiva de responder no terreno da luta de classes, exigindo para isso que as centrais sindicais rompam seu pacto de paz com o governo, e não apostem novamente na conciliação.

Isso porque a experiência dos últimos anos deixou as lições que devem servir para superar a conciliação PTista: os setores fundamentais que hoje estão com o governo Bolsonaro, como o agronegócio, a bancada evangélica, o centrão, os militares, todos eles se fortaleceram durante os governos do PT, graças à localização que o PT lhes deu para fazer esse mesmo tipo de aliança. Hoje o PT não está revendo, e sim aprofundando essa mesma política, chegando a ter Alckmin como vice. E isso em uma situação diferente dos anos 2000, com uma forte crise internacional, uma extrema-direita fortalecida, e enorme peso dos militares e do judiciário no regime. A política de conciliação, que só fortaleceu a direita, agora não terá outro resultado, e é impossível combater verdadeiramente o bolsonarismo por esse caminho. Para isso, precisamos é da organização da nossa classe com independência política.

Avaliamos que o conjunto dos setores que buscam se apresentar como alternativa à esquerda do PT neste momento estão isolados politicamente, e que é importante seguir a nossa luta por reagrupar setores de vanguarda na luta de classes e por um polo de independência de classe, abrindo o debate de estratégias e programa sobre como encarar a crise da esquerda e o processo de reorganização.

Votamos seguir a batalha por um programa para que os capitalistas paguem pela crise, colocando em primeiro plano as demandas econômicas e políticas mais sentidas das massas, combinando com a defesa de uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana imposta pela mobilização.

Como campanha emergencial, também votamos uma forte campanha de solidariedade à população de Recife e região, que estão vivendo a tragédia capitalista dos alagamentos, denunciando a responsabilidade do Estado, batalhando por ampliar a solidariedade operária e popular.

As iniciativas do MRT para que a crise da esquerda possa dar lugar a uma reorganização revolucionária

Diana Assunção desenvolveu o informe dando conta de um balanço e perspectivas da nossa atuação como MRT no último período e propondo uma lógica de intervenção e resoluções para o próximo período.

Debatemos que apesar de seguirem fortes traços reacionários da situação e dos elementos transitórios pela esquerda estarem, por ora, canalizados fundamentalmente pela via eleitoral nas intenções de voto petistas, com a crise do PSOL expressando uma diluição de setores da esquerda com Alckmin e Marina Silva, é importante potencializar o conjunto de iniciativas que viemos tendo para que este processo de crise gere um reagrupamento e reorganização dos socialistas e revolucionários pela esquerda, a partir de experiências e tática em comum, mas também dos debates necessários para tirar lições do que levou a essa crise do PSOL.

Parte dessa iniciativa é a construção do Polo Socialista Revolucionário, onde vemos a importância de seguir debatendo a necessidade de que sejam definidos eixos hierárquicos para a agitação eleitoral das candidaturas majoritárias que se apresentam em nome do Polo, de que as chapas majoritárias expressem a unidade entre as diferentes organizações e ativistas que constróem o Polo, concretizando seu caráter de uma frente efetivamente e potencializando sua construção, e de que seja definido um método para que cada organização possa expressar suas próprias posições nos temas em que há divergências, mas em nome próprio e não do Polo, tudo a partir do conteúdo e dos termos expressos na Carta do MRT à coordenação nacional do PSR, que publicamos no Esquerda Diário.

Também discutimos a importância de seguir fortalecendo o Esquerda Diário e o Ideias de Esquerda, e nossa iniciativa mais nova que foi a seção e programa Esquerda em Debate, como ferramenta para expressar os debates abertos na esquerda, onde Diana Assunção já entrevistou Plinio de Arruda Sampaio Jr, Vladimir Safatle, Zé Maria, Diego Vitello (CST), Marinalva Oliveira e Dirlene Marques.

O papel das pré-candidaturas do MRT

A Convenção resolveu que terá como candidaturas nas eleições Marcello Pablito, trabalhador da USP e da Secretaria de negros e negras do Sintusp, Maira Machado, professora de São Paulo e ex-diretora da APEOESP, Carolina Cacau, professora do Rio de Janeiro, Flavia Valle, professora em Minas Gerais e Valéria Muller, trabalhadora da educação no Rio Grande do Sul.

O Esquerda Diário conversou com Letícia Parks e Diana Assunção sobre as resoluções da Convenção:

Letícia Parks comentou que: “Queremos dar uma contribuição na esquerda nacional com as candidaturas do MRT. Nós estivemos na linha de frente da luta contra o golpe institucional, sempre buscando dar essa batalha de forma independente do PT e ligada a uma luta pela independência de classe e pela auto-organização. Isso é parte do que temos a contribuir com nossas candidaturas pelo Polo Socialista Revolucionário, pois dialogamos com setores diferentes daqueles com que dialoga o PSTU e isso fortaleceria o Polo. É o que se expressou na força de termos mais de 1500 assinaturas no Manifesto em defesa de uma chapa presidencial que seja Vera Lúcia do PSTU e o Marcello Pablito como vice, assim como a proposta de Maira Machado para vice-governadora em São Paulo. São debates que seguimos fazendo no Polo para que nas candidaturas majoritárias também se expressem as demais correntes do Polo que tem representação nacionalmente.”

Diana Assunção destacou que: “Vamos construir fortes lançamentos das candidaturas nos estados assim que se dê as definições sobre os cargos majoritários dentro do Polo. Nestes lançamentos queremos reunir os amplos setores que vem apoiando as candidaturas do MRT nos últimos anos, como foi na última eleição a Bancada Revolucionária em São Paulo, que teve 5 mil votos, que eu, Letícia e Pablito fizemos parte. Estaremos todos juntos numa grande batalha para nessa eleição avançar com as posições de independência de classe e revolucionárias em setores da vanguarda, assim como contar com a presença de aliados da intelectualidade e da esquerda. Queremos levantar um programa para que os capitalistas paguem pela crise, assim como faz a Frente de Esquerda dos Trabalhadores Unidade na Argentina que com deputados como Nicolas Del Caño, Myrian Bregman e Alejandro Vilca do PTS, nossa organização irmã, constroem uma força orgânica no movimento operário e na juventude para fazer a diferença na luta de classes. Encaremos essa intervenção eleitoral como preparatória dos embates que tendem a surgir diante de um eventual novo governo Lula-Alckmin e a persistência de uma força reacionária da extrema-direita mesmo após as eleições”.

 
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