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NOVO ENSINO MÉDIO
Estudantes do Paraná fazem protestos e recusam curso técnico à distância terceirizado
Pedro Rebucci de Melo
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O governo de Ratinho Jr. (PSD) implementou a reforma do Ensino Médio no início desse ano e sua publicidade gerou uma grande expectativa nos alunos secundaristas ao prometer a inclusão de cursos técnicos com alta procura pelos jovens, como Administração, Desenvolvimento em Sistemas e Agronegócio.

Mas a realidade ficou muito aquém da propaganda e os estudantes se depararam com um ensino técnico totalmente precarizado, online e terceirizado para a UNICESUMAR, uma grande universidade privada especializada em difundir a precarização da educação através de cursos EAD (Ensino À Distância).

Essa farsa do ensino técnico consiste em salas de 40, 45 alunos assistindo mais de 5 horas de aulas diárias inteiramente online, aulas que podem ser transmitidas para até 20 salas em diferentes escolas, levando um mesmo professor a ser responsável por mais de 800 alunos.

Essas aulas são ministradas para os alunos por meio de aparelhos de televisão que ficam na frente da sala, o que leva muitos alunos a não conseguir escutar ou ver a aula adequadamente. Os alunos também não tem contato direto com o professor responsável pelas aulas e o único professor presente na sala é um professor-monitor que não tem relação nenhuma com a disciplina ministrada nem formação pedagógica e está ali apenas para operar os aparelhos eletrônicos da sala e monitorar os alunos.

Essa situação gerou grande angústia aos estudantes secundaristas, angústia que se soma ao imenso desafio de retornar às aulas e retomar o ritmo de estudos após dois anos em casa, com ensino remoto, por causa da pandemia de Covid-19. Mais do que apenas dois anos de conteúdo escolar, esses jovens perderam seu principal espaço de socialização e experiência em um período crucial de seu desenvolvimento, que é a infância e a adolescência, e agora precisam lidar com diversas questões e deficits acumulados nesses dois anos de confinamento.

Como se esse desafio não fosse grande o bastante, os jovens se deparam com a caótica implementação do Novo Ensino Médio nas escolas, com mudanças na grade curricular que não foram debatidas com a comunidade e que muitas vezes sequer foram comunicadas aos alunos e familiares, como no caso da implementação desse ensino técnico remoto no Paraná, onde vários alunos relatam se matricularam sem saber de que se tratava de um curso técnico à distância e que não teriam se matriculado se soubesse que o curso era dessa forma.

Entretanto, os estudantes secundaristas vem dando diversas mostras de que não estão dispostos a aceitar mais esse ataque do governo estadual e estão realizando diversos protestos e mobilizações para denunciar a baixíssima qualidade do curso técnico remoto, curso pelo qual Ratinho Jr. pagou a bagatela de R$38.4 milhões para a UNICESUMAR.

O jornal Folha de São Paulo identificou pelo menos 26 protestos em escolas espalhadas pelo estado do Paraná, onde os alunos recusaram-se a assistir as aulas remotas, ficando de costas para a televisão ou abandonando as salas de aula. Eles também vem realizando protestos e manifestações nas escolas levando cartazes com mensagens como “televisão eu assisto em casa” e “TV eu tenho em casa, queremos professor”. Em algumas escolas, os secundaristas estão desde fevereiro sem acompanhar as aulas.

A mobilização dos alunos tem o apoio dos pais e da comunidade escolar, que também foi pega de surpresa pela mudança e totalmente excluída dos novos cursos técnicos, inclusive deixando de fora professores que já ministravam disciplinas em outros cursos técnicos presenciais já existentes em algumas escolas do Paraná.

A mobilização dos estudantes paranaenses mostra como o modelo utilizado para a expansão do ensino técnico no Paraná é uma farsa e coloca em cheque o modelo de reforma adotado pelo Novo Ensino Médio, um modelo voltado apenas para os interesses do mercado financeiro e dos grandes monopólios da educação, aumentando a precarização das escolas públicas e apostando em uma formação rasa e instrumental, que longe de preparar os jovens para um sucesso profissional, já os treina para um mundo trabalho precarizado, uberização e baixos salários.

 
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