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Oriente Médio
Israel bombardeia Gaza novamente, continuando ataques a palestinos
Mirta Pacheco

A mesquita de Al Aqsa foi palco da repressão das forças israelenses contra os palestinos. Hoje os colonos, em franca provocação, marcharam em direção à esplanada do templo, enquanto os bombardeios recomeçavam em Gaza. A liderança da Autoridade Palestina e da Jordânia teme possíveis levantamentos da população palestina constantemente sitiada pelo terrorista Estado de Israel.

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Na sexta-feira passada, a polícia israelense, apoiada por elementos do exército, invadiu a mesquita localizada em Jerusalém Oriental e deixou um saldo de aproximadamente 152 pessoas feridas. No mês do Ramadã, o Estado de Israel, por meio da coalizão governamental liderada por Naftalí Benett, decidiu intensificar a ofensiva contra palestinas e palestinos.

Na noite de ontem, horário da Palestina, o exército sionista intensificou sua ofensiva, bombardeando a Faixa de Gaza, região que vinha tendo "uma certa trégua" há cerca de quatro meses. Em janeiro passado, Israel também lançou bombas sobre a cidade de Gaza. Agora a desculpa foi a eliminação de um depósito de armas que o Hammas teria nessa cidade palestina.

Já na sexta-feira, 8 de abril, Bennett deu "total liberdade de ação" às forças repressivas israelenses, após o ataque a um bar em Tel A Viv por um jovem palestino. Isso começa a preocupar os líderes árabes da região, devido, por um lado, ao fato de que especialmente a Jordânia tem campos de refugiados de centenas de milhares de palestinos, além da população árabe que já saiu às ruas em massa ano passado para se manifestar contra as ações repressivas de Israel.

O ódio gerado na maioria dos povos árabes pela colonização e crime sistemático de Israel contra os palestinos, agora se combina com o desconforto pelo aumento do custo de vida das maiorias populares da região, devido às consequências das sanções imperialistas impostas à Rússia por sua guerra na Ucrânia. Essa combinação é o que as burguesias árabes temem. O rei Abdullah II da Jordânia não é exceção.
As redes sociais começam a se encher de mensagens contra o rei, seundo informam jornais jordanos e o israelense Haaretz: “O traidor jordano, um dos grandes normalizadores das relações com Israel, é a principal razão da derrota de 1967 e da presença da ocupação sionista na Palestina até o dia de hoje”, dizia uma delas. Lembremos que a partir da guerra de 1967, além de ficar com a península do Sinai, a Faixa de Gaza, os altos do Golã e a Cisjordânia, Israel também ocupa Jerusalém Leste. Mais tarde, como parte do acordo de paz com o Egito, devolveu a esse país a península do Sinai e logo teve que devolver uma parte dos Altos do Golã à Síria. Grande parte desse território permaneceu em disputa, uma força especial das Nações Unidas controlava mais da metade de sua totalidade, e foi só em 2018 que a Síria conseguiu assumir o controle total do Golã. Mas as mesquitas, cuja esplanada é conhecida pelos judeus como Monte do Templo, são controladas pela Jordânia – através do Waqf: a autoridade muçulmana que regula os espaços sagrados do Islã.

O apelido de "traidor da Jordânia" se explica porque Abdullah mantém o tratado de paz assinado em 1994 com Israel. A normalização das relações com o Estado de Israel foi vivenciada como uma traição à luta de libertação do povo palestino. Essa política de acordos entre os países árabes e Israel teve continuidade na última etapa do governo Donald Trump, com os chamados "acordos de Abraão", política que Biden continuou a promover. Os Estados Unidos, como grande parceiro de Israel, asseguravam às burguesias árabes e israelenses a realização de bons negócios, mas sobretudo tentavam assegurar-se, tanto quanto possível, da eliminação dos atritos na região.

Seu inimigo estratégico, a China, e especialmente depois do retumbante fracasso do Afeganistão, obrigou-o a virar o olhar para o Pacífico. Claro, agora a guerra na Ucrânia significa que sua atenção também está voltada para a Europa Oriental e seus "aliados" - com seus próprios interesses - dos outros imperialismos europeus.

Antes do mês do Ramadã, segundo o próprio Haaretz, fontes jordanianas afirmaram que Abdullah II tinha a impressão de que Israel se absteria de enviar forças na área da mesquita e que a Jordânia e a Autoridade Palestina fariam todo o possível para evitar confrontos. "A entrada das forças israelenses no Monte do Templo encurralou o rei", disse a fonte. "As críticas em casa esquentaram e a sensação é de que Israel não cumpriu seu compromisso".

A preocupação central da Jordânia agora é que Israel interrompa seus ataques a Jerusalém Oriental, em particular à mesquita e sua esplanada, para evitar que o temperamento do povo palestino fique ainda mais acalorado do que já está e uma rebelião geral estoure. Negociação que está sendo realizada em conjunto com a Autoridade Palestina e com representantes do governo israelense. Já se sabe como a própria Polícia Palestina é muitas vezes encarregada de reprimir manifestações de seu próprio povo, para que não enfrentem patrulhas do exército sionista. A longa lista de negociações sem nenhum tipo de benefício para as reivindicações palestinas, e esse papel repressivo da Polícia Árabe, é o que aumentava a indignação contra Mahmoud Abbas, como chefe da Cisjordânia. Um sentimento generalizado, especialmente entre os jovens palestinos.

A disputa pelos lugares sagrados palestinos, mais uma vez, tornou-se central, também devido às provocações dos colonos, ultranacionalistas que defendem uma "Grande Israel" bíblica. Nas primeiras horas da manhã, marcharam novamente em direção à esplanada protegida pela polícia israelense, a mesma que no dia anterior jogou gás e balas de borracha em Al Aqsa, deixando mais de cem feridos, e que voltou a bombardear a mais que sofrida Gaza, e que vem assassinando jovens diariamente nos territórios ocupados, mas também nas áreas "mistas" da Cisjordânia onde a Autoridade Palestina tem controle administrativo.

Esses nacionalistas ultraortodoxos procuram mudar o tênue status quo onde todos podem ir ao local sagrado, mas somente os muçulmanos podem rezar lá. Conseguir uma modificação desse acordo significaria reafirmar a suposta soberania de Israel. Mas também significaria o perigo de uma certeira resposta palestina.

Ambos os governos da Jordânia e do Egito tiveram que sair para denunciar os ataques israelenses, incluindo o primeiro-ministro jordaniano Bishr al-Khasawneh, que recebeu instruções do rei para realizar esforços internacionais para deter a ofensiva israelense, com o objetivo de "deter os ataques israelenses dentro e ao redor da mesquita, para acalmar os ânimos." Ele até pediu ao Conselho de Segurança da ONU para intervir.

As "Nações Unidas" mostraram seu cinismo, as mesmas que dias antes votaram pela suspensão da Rússia pelos crimes na Ucrânia (que ninguém pode negar), enquanto um dos países que levantou a mão para votar a favor foi Israel, a pedido de seu protetor Estados Unidos.

É fundamental retomar mobilizações como as que já aconteceram para que Israel pare essa onda de violência criminosa contra a maioria popular palestina. No ano passado, quando Israel iniciou um bombardeio contra Gaza em maio e forças repressivas, juntamente com colonos, atacaram palestinos na Cisjordânia, mas também dentro de Israel, mobilizações contra o Estado de Israel começaram a surgir no mundo inteiro. Isso se combinou com uma greve geral histórica do povo palestino, unindo nessa ação os territórios divididos pelo apartheid sionista.

As mobilizações e protestos contra as ações do colonialismo israelense, levando em consideração e denunciando o apoio dos diferentes imperialismos, podem representar um grande ponto de apoio ao oprimido povo palestino.

 
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