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Debates na esquerda
Resistência/PSOL: a ausência na greve dos garis é continuidade do seu apoio a Eduardo Paes?
Simone Ishibashi
Rio de Janeiro

Diversas correntes não apareceram um dia sequer na greve dos garis e nem mesmo em seus sites promovem qualquer tipo de campanha de solidariedade. Algumas dessas correntes ausentes da luta de classes carioca nas últimas eleições apoiaram Eduardo Paes, sob o argumento de “mal menor”. Aqui queremos debater com essa postura da Resistência/PSOL.

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A atual greve dos garis do Rio de Janeiro entrou no seu décimo primeiro dia, e tem enfrentado a intransigência e perseguição de Eduardo Paes. O atual prefeito negou-se a atender as demandas dos trabalhadores, que têm visto seu salário ser absolutamente corroído pela inflação. Até o momento não restabeleceu negociações, mostrando que quando se trata de atacar os trabalhadores não economiza esforços. As condições de trabalho dos garis são tão precárias e duras, que até os trabalhadores de empresas terceirizadas convocados às pressas para colocar em marcha o plano de contingência denunciaram que a “Comlurb é desumana”. E como se não bastasse, Paes ainda tem ameaçado e exposto os ativistas das categorias nas redes sociais e na imprensa.

Em meio ao caos trazido pelas fortes chuvas, o prefeito do Rio de Janeiro ao invés de se preocupar com os sofrimentos da população que perdia suas casas em alagamentos, dedicou parte do seu tempo em expor perfis pessoais de garis em greve em suas redes sociais, e escrever posts contra esses setores, na expectativa de gerar rechaço na população à luta dos trabalhadores. Felizmente parte da população não caiu em sua ladainha, e criticou duramente Paes por expor os trabalhadores, e pelas constantes maracutaias e precarização da vida que sua política promove. Sente-se em cada manifestação dos garis como há apoio popular à categoria e a sua luta. Isso ocorre porque Paes é visto como inimigo e intransigente não só por garis, mas por setores importantes de outras categorias de trabalhadores que tem feito sua experiência com esse governo.

O mesmo não pode ser dito de correntes que se colocam como parte da esquerda. Diversas correntes não apareceram um dia sequer na greve dos garis e nem mesmo em seus sites promovem qualquer tipo de campanha de solidariedade. Algumas dessas correntes ausentes da luta de classes carioca nas últimas eleições apoiaram Eduardo Paes, sob o argumento de “mal menor”. O Resistência, corrente interna do PSOL que ultimamente se transformou em uma espécie de sucursal do PT, foi, quiçá, o exemplo mais ilustre e chocante dessa posição e de ausência de apoio frente à greve (não há uma matéria no EOL a respeito, por exemplo). Talvez essa ausência presente resida na justificativa passada para votar em Paes quando afirmavam que se justificaria porque no “Rio de Janeiro, a situação fica mais complicada, pois o oponente de Crivella é Eduardo Paes, da direita neoliberal. Mas mesmo no Rio o voto deve ser hierarquizado pela luta contra o bolsonarismo. O principal, no momento, é impor uma derrota a Crivella”. Seria Paes um mal menor até agora, estaria a Resistência em silêncio seguindo a política de Lula e Freixo de buscar o político do PSD como aliado?

Levando a sua “estratégia do mal menor” ao extremo, a Resistência (PSOL) passou até a defender a direita neoliberal “normal” contra a extrema direita. Ao apoiar Paes minou qualquer possibilidade de colaborar para uma política minimamente independente, e orientada para responder aos interesses mais sentidos pelos trabalhadores e o povo carioca. Pelo contrário, deu um passo largo em direção ao abismo. Sob o argumento risível de que frente às eleições a tarefa da esquerda significaria “acumular forças e ganhar autoridade política” apoiando Paes, o Resistência colaborou para dar forças e autoridade para o...DEM. Com isso não apenas deixam de travar qualquer “luta contra o bolsonarismo”, como ainda avançam para a sua própria liquidação. A força e autoridade de Paes conquistadas perante o progressismo, com apoio ativo de Resistência e outros, cobra o preço hoje no lombo dos garis e da classe trabalhadora carioca. A suposta “oposição democrática” ao bolsonarismo, não tem nada de democrática com os trabalhadores.

Nas eleições, o Resistência ocultou o fato de que Eduardo Paes foi elogiado por Bolsonaro como “bom administrador”, o que foi comemorado por Paes que flerta politicamente com quem precisar. Em 2018 Paes também fazia santinhos junto com imagem de Bolsonaro. No seu currículo Paes ainda conta com a repressão à junho de 2013, à greve de garis de 2014, greve de professores, implantação das infames UPPs, dentre serviços prestados à direita contra os trabalhadores. E lembremos que até elogio para as milícias fazem parte das declarações históricas de Paes.

Seguramente a posição dos garis em greve em relação a Paes é oposta à do Resistência. Estão sentindo com a fome, degradação de condições de trabalho, perseguição e intransigência de Paes que aí não há nada de melhor, e que a política que este leva contra os trabalhadores nada deve à Crivella.

Como diz Gramsci a fórmula do mal menor serve para abrir o caminho para capitulação por etapas. Que no caso do Resistência tem se acelerado cada vez mais. Essa política no Rio de Janeiro é parte de sua política nacional de apoiar a chapa Lula-Alckmin, se diluir no petismo e aceitar a Federação com a REDE, que muda o caráter do PSOL ao aliar-se com um partido burguês, que Valério Arcary tenta defender "teoricamente" e que aqui polemizamos. Essa corrente tem mais “resistência” em apoiar a luta dos garis do que em buscar aliados como Paes, Alckmin e a REDE.

 
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