www.esquerdadiario.com.br / Veja online / Newsletter
Esquerda Diário
Esquerda Diário
http://issuu.com/vanessa.vlmre/docs/edimpresso_4a500e2d212a56
Twitter Faceboock
Aumento das passagens
Para barrar o aumento, lutar pela estatização do transporte sob controle dos trabalhadores
Tatiane Lopes

Todo início de ano é a mesma ladainha, empresas e governos anunciam aumentos abusivos nas tarifas de transporte por todo o país. Enquanto a inflação e o subemprego corroem o poder de compra da população trabalhadora, a escolha entre comer ou circular pela cidade se torna imperativa.

Ver online

Rio de Janeiro, Campinas, Pernambuco, Moji das Cruzes, são apenas algumas cidades entre tantas que, nesse mês de janeiro, tiveram aumento anunciado nas tarifas de transporte. No RJ, onde o trem é praticamente o único meio de transporte para os trabalhadores e jovens que vem de diferentes pontos da região metropolitana para a capital, o aumento anunciado é de 40%, um verdadeiro escândalo.

Não é preciso discorrer sobre a péssima qualidade do transporte coletivo na maior parte das cidades brasileiras, ou lembrar os preços abusivos cobrados para nos locomovermos como sardinhas enlatadas, nem ainda as péssimas condições de trabalho dos motoristas, cobradores, maquinistas e todos os essenciais trabalhadores que fazem a roda girar nos grandes meios de transporte coletivo. Com a pandemia, o que sempre foi ruim, ficou ainda pior, sob o pretexto de diminuição da demanda, centenas de linhas de ônibus desapareceram, horários de metrô e trem foram reduzidos, no verão escaldante, sem ar condicionado nos ônibus, por conta dos protocolos de segurança sanitária, a população se espreme para conseguir voltar pra casa depois de um dia de trabalho. Retratos diários da hipocrisia de governos e patrões que nunca se importaram com a saúde da população, mas quando manobrar protocolos se torna lucrativo, não pensam duas vezes.

A revolta contra esse tipo de aumento é constante, seja no dia a dia da superlotação que escancara a precariedade de um serviço tão essencial, quanto nas manifestações que surgem com o protagonismo da juventude ao longo dos anos. Que a luta por um transporte de fato público, que ofereça qualidade para quem usa e quem trabalha é necessária, pouca gente discorda, mas como alcançar uma conquista sólida?

Garantir um transporte racional, que atenda de fato as necessidades da população e a dignidade dos trabalhadores é uma tarefa que nenhum patrão que lucra com esse, que deveria ser um direito, pode garantir. São os usuários que estão nos bairros mais distantes ou populosos, a juventude que estuda, mas também tem direito ao lazer da cidade, junto aos trabalhadores do transporte que cotidianamente garantem o serviço, os que verdadeiramente podem planejar e executar um transporte de qualidade. Por isso é preciso enfrentar os lucros dos patrões que foram se tornando verdadeiras máfias e lutar pela estatização dos transportes públicos sob controle dos trabalhadores e usuários, sem nenhuma indenização.

É possível dizer que a demanda pelo transporte é uma das que mais mobilizou a população das grandes cidades nos últimos anos? Lembremos que em junho de 2013 milhões de pessoas despertaram para a luta na rua sob essa bandeira, retomando a ideia da mobilização de massas no país depois de trinta anos sem luta de classes. A luta dos milhões daquele junho de 2013 barrou o então aumento de 0,20 centavos, uma vitória da mobilização que poderia ter avançado por muito mais. Naquele momento o potencial da mobilização era tamanho que a população que lutou merecia que ganhasse peso de massas a única demanda que poderia dar uma resposta de fundo para esse problema: a estatização dos transportes públicos sob controle dos trabalhadores e usuários.

Quase uma década depois, ano após ano, luta após luta e aumento após aumento, muitos ainda podem dizer que essa é uma demanda utópica, mas é bom lembrar que antes daquele junho, muitos ou a maioria, consideravam também impossível a redução das passagens. O resultado da ação direta de milhões nas ruas pode transformar utopias em realidades, para isso é preciso combinar a força da luta com o programa correto, que vá na raiz do problema e faça valer o esforço da nossa luta.

 
Izquierda Diario
Redes sociais
/ esquerdadiario
@EsquerdaDiario
[email protected]
www.esquerdadiario.com.br / Avisos e notícias em seu e-mail clique aqui